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Exemplo

09 DE JANEIRO DE 2015

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Após cinco anos do terremoto no Haiti, conheça histórias de voluntários

ONG santista Vidas Recicladas monta creche e distribui alimentos; meta é ampliar atendimentos

Por: Da Redação

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Fazer a diferença e provocar a mudança. Estas duas bandeiras norteiam a ONG santista Vidas Recicladas, que há 10 anos atua na cidade. Só que uma das principais missões da Organização não acontece em solo santista e, sim, no Haiti. É no país, que luta para se recuperar após um grande terremoto, que voluntários semeiam esperança e a oportunidade de mudar de vida. Nesta segunda-feira, 12 de janeiro, completa-se cinco anos do sismo de 7.0 na escala Richter.

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É em meio a um cenário de caos que, desde o início do ano passado, a Vidas Recicladas mantém uma creche atendendo 40 crianças, além de um trabalho de distribuição de alimentos e prestação de outros serviços. Grupos de voluntários daqui se revezam e vão, a cada dois ou três meses, para o País e permanecem por 15, 20 dias. Uma das voluntárias está no País desde o meio do ano passado e voltará em julho. E o casal Rafael Neposiano e Julyana Monteiro decidiu deixar de vez Santos para se dedicar ao trabalho no país caribenho (ver relato ao lado). Foram com os dois filhos pequenos.

Marcos em Cité Soleil distribuição de agua

Marcos Libório, presidente da ONG Vidas Recicladas, recebe o carinho de criança haitiana em acampamento: “Sinto o abraço delas”. Foto: Arquivo Pessoal

Trabalho de mudança

Marcos Libório, presidente da Ong Vidas Recicladas – que é ligada a Igreja Bola de Neve – é o coordenador do trabalho realizado naquele País. Foi para lá duas vezes em 2013 e seis vezes ano passado. Concilia o trabalho (é gerente comercial, em Santos) com a missão: “Meus pensamentos estão lá, sinto os abraços das crianças aqui”, comenta.

Em setembro de 2013, um grupo de voluntários foi convidado a ir ao País ajudar. A intenção, segundo ele, não era ficar no País. “Mas deixei tudo lá. Como você sai de lá com duas malas de roupa e a galera lá não tem nada? Deixei minha roupa toda lá, só voltei com o que estava vestindo”. Uma das imagens que mais mexeu com o presidente da Ong foi a de crianças de 6 e 7 anos andando nus nos acampamentos de refugiados. “Perguntei o motivo e me explicaram que eles haviam perdido a família, não tinham ninguém e ficavam de barraca em barraca. São crianças desamparadas”, conta. Foi aí que surgiu a ideia de criar um trabalho duradouro no Haiti.

Rafael Julyana e algumas crianças

Creche da ONG atende 40 crianças haitianas: trabalho para mudar perspectivas de futuro dos jovens. Foto: Arquivo Pessoal

Ele explica que na creche que a ONG criou, em Porto Príncipe, trabalham os três voluntários santistas radicados naquele país ao lado de seis haitianos. “Treinamos os adultos ajudando as crianças”, explica.”Fazemos dinâmicas com as crianças e brincamos que um é engenheiro outro médico ou professor. Para que eles comecem a acreditar que eles podem ser. O que falta no olhar delas é esperança”. Hoje, são mais de 88 colaboradores que, do Brasil, contribuem com a missão, Dois consultórios dentários foram montados para atender os haitianos. “Queremos dar esperança, mudar a realidade no Haiti de forma permanente”. O objetivo é ousado: ampliar as vagas da creche para 100 vagas e avançar para outras regiões, além de uma escola para mil crianças. Para Libório, é preciso mudar o caminho dos haitianos.”Eles tem que fazer a diferença dentro deles”.

atendimento odontologico

Dentistas voluntários saem da Baixada para passar até duas semanas prestando atendimento gratuito à população. Foto: Arquivo Pessoal

Amar o próximo

Rafael Julyana e filhos Foto com Permissão do Governo Haitiano para permanecer no Haiti por 10 anos. Foto: Arquivo Pessoal

“Eu era professor de Educação Física em Santos e decidi abrir mão da vida no Brasil para levar esperança às crianças carentes no Haiti, por meio do tênis de mesa. Sou mesatenista há 15 anos, eleito pela Confederação da modalidade o melhor atleta em 2011 (…). Era a oportunidade de desenvolver o trabalho com eles, aprender as línguas – eles falam cinco idiomas – e inserir o esporte. Estive a primeira vez no Haiti em setembro de 2013. Logo que cheguei ao país, me deparei com cenas bem fortes como pessoas tomando banho nas ruas, uma quantidade enorme de lixo, um cenário de pobreza e miséria. Mas conseguia enxergar nas pessoas grandes talentos e potenciais como se fossem diamantes a serem lapidados. Logo que voltamos para o Brasil, recebi o convite da ONG para começarmos um trabalho. Logo de imediato aceitei, pois em minha ida senti que, por meio da minha formação, poderia começar a trabalhar com esses diamantes. Na verdade, meu coração já estava aqui (Haiti), e isso me motivou a aceitar o desafio de vir trabalhar no país. Ao chegar, tive a impressão de encontrar um povo desanimado e desacreditado, por não encontrar respostas de como poderiam sair dessa situação. O tempo foi passando e começamos a viver situações, aventuras, aprendizados e também muitas histórias. Crianças que não tinham esperança começaram a sonhar com um futuro diferente, começamos a ver o despertar por um ‘Novo Haiti’. Me marcou muito um dia que encontrei na rua perto do Cite Solei (acampamento de refugiados do terremoto) uma moça lavando roupa na água de uma vala. Hoje posso ver crianças sonhando em ser médicas, advogadas (…). O que temos sentido pode se resumir em uma palavra: Esperança. Com certeza, se tem uma coisa que vou carregar daqui é amar ao próximo como a mim mesmo”.

Relato de Rafael Neposiano Monteiro, santista, casado e pai de dois filhos, professor de Educação Física. Mudou-se para o Haiti com a família para auxiliar na reconstrução do País e, agora, cogita defender a nação em competições de tênis de mesa.

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