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Ensino Superior

09 DE OUTUBRO DE 2015

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Público ou particular? Conheça jovens que optaram por diferentes caminhos

Muitos fatores precisam ser levados em conta na hora da escolha, como o custo de cada opção

Por: Da Redação

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A escolha da profissão é algo que sempre gera dúvidas e questionamentos. Existem aqueles que desde crianças já sabem o que querem e não mudam. Já têm até um plano traçado. Por outro lado, há os que até no momento do vestibular não sabem ao certo o que fazer. Definido o curso, surgem outras questões: por qual universidade optar? Será pública ou particular? E algo que também deve ser levado em consideração, qual o custo desta escolha?

Conheça abaixo relato de jovens que fizeram as mais diferentes escolhas: saiu de Santos para cursar uma universidade pública, mas voltou e está cursando uma particular; ou que fez o contrário, começou na particular na Cidade, prestou vestibular de novo e neste ano se forma na pública; ou até quem já se formou em uma universidade particular e decidiu voltar para os bancos universitários pela segunda vez só que em uma instituição pública.

Muitos fatores são levados em conta nesta hora. Se por um lado as universidades públicas ainda possuem peso no diploma, por outro as particulares já apresentam um quadro de mestres e infraestrutura diferenciada, além de não passarem por problemas como greves. Para muitos, a mensalidade também pesa e a opção é tentar uma vaga nas universidades públicas. O custo, porém, de se morar fora – muitas vezes – acaba sendo parecido com a temida mensalidade. Contas como aluguel, luz, gás, alimentação fazem com que o estudo em uma universidade pública se torne algo que também pesa no orçamento familiar.
Para o especialista financeiro do Sebrae, Rodrigo Daniel Oliveira, o ideal é planejar com antecedência. “Fazer uma poupança com R$300 a R$400 por mês já faz uma diferença. Quem faz isso já está na frente e tem um respiro maior para eventuais contratempos”, comenta.

Para ele, principalmente para quem vai estudar fora da Cidade em uma instituição pública não existem custos. “É importante que os jovens e os pais façam um planejamento detalhado para que o sonho não se transforme em frustração e que seja necessário abandonar o curso. Se for em outra cidade até a quantidade de vezes que o filho vem visitar a família precisa estar na planilha”, explica.

O especialista ressalta que o jovem pode ter um papel fundamental para custear os estudos se tornando empreendedor. “Muitos começam a vender produtos como bolo na própria universidade, ajudando no orçamento. Outros optam por dar aulas particulares para estudantes dos ensinos Fundamental ou Médio. Existem diversas maneiras de contribuir para a realização do próprio sonho sem deixar a responsabilidade apenas na mão dos pais”, conta. Procurar por programas de bolsas e créditos também é uma opção. “Vale lembrar que se utilizar o crédito educacional é preciso se planejar, pois um dia a conta terá que ser paga”, relembra.
raissaDa pública para particular – Raissa Nascimento
Em São Carlos, na universidade pública, tive experiências de como me cuidar sozinha. Mesmo que eu ainda fosse sustentada pelos meus pais, aprendi a cuidar do dinheiro que eles me enviavam, cuidar da casa, tudo sem a presença de alguém me vigiando. Eu cursava Física Computacional e agora curso Engenharia Química, na Unisanta. Saí da Física, pois eu não me via trabalhando nessa área e o curso não era o que eu esperava.

A USP dá aos alunos a liberdade de montar a própria grade horária. Algo que eu acho um ponto negativo na Unisanta, pois não dá esta possibilidade. Já na Unisanta, o laboratório de operações unitárias é bem equipado e já o utilizamos desde o primeiro dia de aula enquanto na USP é mais teoria. Os professores de hoje são bem mais didáticos do que os da USP.

Já o custo de vida em São Carlos é muito mais barato do que aqui em Santos. Meus pais disseram que viver lá era mais barato do que agora na faculdade particular mesmo na mesma Cidade. Faço monitoria no laboratório de informática para receber desconto na mensalidade

 

amandaParticular e Pública – Amanda Andrade
Faculdades particulares e públicas são muito diferentes. Por um lado, numa faculdade particular, o estudante não corre o risco de passar por greves, por exemplo – o que é comum em públicas, sobretudo em cursos de humanas, como é o meu caso. A gente tem a impressão de que tudo funciona melhor e mais rápido, menos burocrático. Se você estiver numa boa faculdade, o nível de ensino é bem parecido, no geral.

Mas a pública sempre vai carregar consigo o nome – ter USP, Unicamp ou Unesp no currículo ainda é um diferencial. Há também a vantagem de que os professores da pública muitas vezes são os maiores especialistas na área que você quer estudar. E é de graça, né? Isso faz diferença, porque assim você não tem o medo de atrasar uma mensalidade ou não ter mais recursos para pagar.

Em resumo, essa escolha depende muito do que você pode e pretende fazer. Minha primeira faculdade foi particular porque eu não tinha condições de ir pra outra cidade, já que eu era nova, não tinha emprego e não me sentia segura. Então, nesse caso, acho que melhor fazer uma particular do que ficar parado. Mas se você tem uma estrutura, tem como bancar uma vida em outra cidade, aconselho muito fazer a pública, porque realmente vale a pena.

Na verdade, eu fui pra São Paulo para trabalhar. Conhecia algumas pessoas que faziam USP e cheguei a ver algumas aulas. Quando decidi que precisava mudar um pouco de área de trabalho, a Letras foi a escolha mais óbvia, já que eu gosto de trabalhar com as palavras. Um grande ponto a favor é a liberdade que se tem na USP – você pode escolher como montar sua grade, os horários que quer estudar, é tudo muito flexível. Isso não acontece muito em faculdades particulares.

No começo, foi muito difícil. Eu ganhava pouco e decidi não usar fretado todo dia, porque os custos ficariam muito altos. Assim, tive que ir morar em república mesmo, dividindo quarto com um amigo. Pagava R$250 por mês. Quando esse meu amigo voltou pra Santos, eu tive que arcar sozinha com os custos do quarto, o que dava R$500 por mês. Somando aos gastos com comida, os ônibus semanais pra Santos e outras despesas que sempre aparecem, gastava mais de R$1.000.

Hoje em dia tenho ido um pouco menos pra Santos, cerca de duas vezes por mês, e estou dividindo apartamento. Meus gastos até aumentaram um pouco, mas o salário também, então não fica tão difícil de administrar. E a gente aprende com o tempo como gastar melhor o dinheiro, como economizar. Eu imagino que meus gastos totais sejam parecidos com os de uma boa faculdade particular, então nesse sentido talvez os valores empatem. Dependendo do curso, estudar numa universidade grande custa mais de R$2.000 – com esse dinheiro, você consegue viver em São Paulo. Então, tem que fazer pesquisa mesmo, porque, se seu curso é muito caro, talvez seja melhor tentar uma pública.

E a gente tem que lembrar que morar sozinho, em outra cidade, ter que aprender a “se virar” no mundo é um aprendizado que você leva pra vida. E estudar nas melhores universidades do país vale muito a pena, tanto pra sua formação quanto pro seu currículo, mesmo com todos os problemas e burocracias.

 

simoesParticular para Pública – Marcela Simões
Eu comecei a pensar em estudar em uma universidade federal na época do ensino médio, muito por recomendação dos professores do IFSP-Campus Cubatão, também tinha esse incentivo dentro de casa. Minha mãe formou-se na Unisanta, mas dizia que gostaria de ter tido a oportunidade de tentar prestar vestibular em São Paulo, pois acreditava que mais do que um ensino de qualidade, a experiência de ser independente geraria bons frutos para o futuro.

No ano de 2009, muito motivada pelos meus professores e por minha família, prestei o vestibular da FUVEST, bem como o da UEL e não passei por muito pouco. Confesso que fiquei decepcionada, mas optei por iniciar os estudos na Unisanta. A Universidade tinha boas recomendações e havia logrado êxito na aprovação. Acredito que quando a gente sonha muito com alguma coisa, a gente nunca se sente satisfeito, de fato, com a segunda opção. E essa insatisfação não me permitiu deixar o sonho de estudar em Universidade Federal em segundo plano e seguir na Unisanta.
Embora matriculada e cursando o primeiro ano do curso de Direito, optei por continuar estudando para o vestibular a fim de alcançar a aprovação em uma Universidade Federal. Não foi fácil, mas tive muito apoio de amigos e familiares, o que resultou em uma nota boa o suficiente para garantir minha vaga na Universidade Federal de Pelotas.
Sobre os custos, não posso dizer que embora gratuito, o ensino em uma Universidade Federal não tenha um preço, que nem sempre é baixo. Tive sorte no sentido que minha família havia economizado ao longo do meu ensino médio para custear minhas despesas na Universidade. Ademais, consegui auxílio na própria universidade que me proporcionou ser bolsista no restaurante universitário. Cumpre ressaltar aqui que embora as universidades disponham de assistência estudantil e ela seja um direito do estudante, muitas são as universidades que não dão conta da demanda, o que faz com que muitas pessoas só tenham como alternativa retornar para suas cidades de origem.
Logo nos primeiros meses, fui contemplada com uma bolsa de extensão que me ajudou muito, mas sempre dependia dessa “reserva inicial”, minha mãe fazia questão de me ajudar e posso dizer que nunca me faltou nada, embora nada tenha sido alcançado com facilidade. 
A universidade que eu cursava não era barata e eu também tinha que arcar com custos de transporte e material didático. Aqui na UFPel, eu apenas troquei a matrícula pelo aluguel. O custo médio de morar em Pelotas e prover de serviços básicos como internet, livros, luz e água fica em torno de 850,00 reais. Hoje eu sou concursada na Prefeitura de Pelotas e com o meu salário dá para arcar com custos, não digo que sobra, mas em alguns meses é permitido algumas regalias.

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