Temperaturas crescem a cada década. Situação só tende a piorar | Boqnews
Foto: Nando Santos

Verão

13 DE JANEIRO DE 2019

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Temperaturas crescem a cada década. Situação só tende a piorar

A temperatura média em Santos registrou aumento contínuo nos últimos cinco anos e preocupa especialistas na área climática

Por: Da Redação

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A média da temperatura em Santos aumentou nos últimos cinco anos.

É o que aponta o climatologista Rodolfo Bonafim.

De acordo com ele, após a pesquisa da Ong Amigos da Água, o Município ultrapassou, neste período, a média global de 26,1° nos últimos 30 anos.

Em 2013, a Cidade alcançou a marca de 26,3°, considerada por Bonafim como dentro da média mundial.

No entanto, no ano seguinte, a região registrou um aumento de 1,1 décimos na temperatura média, atingindo 27,2°.

Vale lembrar que, à época, a cidade de São Paulo passou pela maior crise hídrica da história. Na ocasião, Santos ficou sem chuvas por 40 dias, contribuindo para a alta.

Em 2015, a média chegou a 26,8°. Entre 2016 e 2017, o clima se manteve acima da média global, chegando a marcar 26,4° e 26,6°, respectivamente.

Bonafim destaca que em 2018 a temperatura média na Cidade ficou abaixo dos padrões, chegando a 25,4°, ou seja, 0,7 décimos abaixo da média global.

Foi considerado um verão ameno fora dos padrões registrados nos últimos anos. Mas foi uma exceção.

As primeiras semanas deste verão revelam uma nova tendência de calor.

 

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Santos registra aumento de temperatura ao longo dos anos. Foto: Nando Santos

Preocupação

A chegada da estação é comemorada por uns e rejeitada por outros.

No entanto, um campo específico da sobrevivência humana é impactado pelas altas temperaturas: a agricultura.

Segundo Bonafim, as mudanças de temperatura prejudicam os cultivadores, seja quando o clima esta mais frio ou quente.

“Com um mundo mais aquecido, podemos ter um prejuízo muito grande na agricultura e isso pode afetar a alimentação das pessoas”.

Outro ponto levantado é a quantidade de insetos que aparecem durante a estação.

Segundo ele, a proliferação, com temperaturas médias globais mais altas, podem trazer impactos ecológicos graves.

Isso porque a alta afeta a presença de predadores na cadeia alimentar em número insuficiente para controlar a quantidade de insetos.

Assim, trazendo risco de explosão de casos de dengue, zika e outras doenças.

Após pouco mais de 20 dias do verão 2018/19, o especialista diz que não é possível afirmar ainda que ele será o mais quente dos últimos anos.

No entanto, Bonafim acrescenta que devido ao fenômeno El Niño – com o aquecimento das águas do Oceano Pacífico -, as temperaturas tendem a ficar mais elevadas.

Ao longo das décadas

Apesar de não dispor de dados de monitoramento em cidades da Baixada Santista, é possível acompanhar o aumento médio das temperaturas no verão ao longo das últimas décadas.

Com a base mais próxima localizada no Mirante de Santana, na Capital, percebem-se as mudanças térmicas registradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desde a década de 60. As tendências se assemelham na Baixada Santista.

Entre o verão de 1961/62, a temperatura máxima apontou máxima de 27,9° e mínima de 16,9°.

A partir dos anos 90, a variação térmica começou a subir. Nos verões de 1991/92, a média máxima chegou a 28,5ºC e 28º C em 2001/02.

Já as mínimas variaram dos 18,8° e 18,2°, respectivamente.

Outro motivo que chama a atenção é o crescente aumento médio das temperaturas. Ao longo da atual década, as médias variaram entre 29° e 30°.

Vale ressaltar que, como em Santos, com o período de início da crise hídrica, a Cidade apresentou números mais elevados, chegando a picos de 31,9°C entre o verão 2013/14.

A única exceção ocorreu no ano passado, com termômetros médios chegando a 28ºC durante a estação.

 

 

Arte: Mala

 

Sensação térmica

As temperaturas na região durante os primeiros dias de janeiro marcaram altos índices de sensação térmica (temperatura aparente sentida pelas pessoas).

O que levou a isso? Bonafim explica que existia uma massa de ar quente sobre a Cidade/região, porém, com a aproximação de uma frente fria, mesmo que fraca, fizeram com que o vento noroeste fosse atraído para a Baixada,

Fazendo, assim, com que os ventos quentes, já presentes na Cidade, provocassem uma sensação ainda maior de calor.

Portanto, como o vento corre da alta para a baixa pressão, ele veio com força maior para a Baixada, aumentando a temperatura, que já era elevada.

Afinal, a cada 100 metros da queda do vento, a sensação térmica aumenta 1º C.

“Na semana passada, a temperatura chegou a 32° graus no planalto. Considerando uma base de 800 metros da Serra, a sensação térmica chegou a 40° no litoral. Esse fenômeno se chama compressão adiabática”, afirma.

Ele compara essa compressão ao enchimento dos pneus de uma bicicleta.

Segundo ele, a grosso modo, ao encher os pneus, o ar fica mais comprimido em seu interior.

Portanto, ficando mais seco com o aumento da temperatura.

Ele relata que o mesmo acontece com os ventos vindo do noroeste.

Portanto, ele explica que devido a esse fenômeno, a umidade relativa do ar foi de 33% no período em que a cidade marcou 40°C na semana passada.

“Por isso muita gente ficou incomodada por causa do ar seco. No entanto, se estivesse um pouco mais úmido, a sensação térmica seria ainda maior”, explica.

Ou seja, quanto mais o ar fica úmido mais a sensação de calor aumenta.

Na última segunda (7), os termômetros atingiram 38°C em Santos.

Mas a sensação térmica chegou a 47°C.

Bonafim afirma que esses números elevados não são atípicos, porque o verão na região é quente.

Entretanto, ele salienta que as temperaturas estão maiores devido ao fenômeno El Niño, de aquecimento das águas do Oceano Pacífico.

Urbanização

A sensação térmica elevada também pode ser explicada pela concentração de imóveis. Conforme o arquiteto Rafael Ambrosio, a urbanização influencia na sensação térmica.

De acordo com ele, que é suplente de vereador (PT), a verticalização dos bairros da orla atrapalham a entrada dos ventos no centro da ilha, que poderiam auxiliar para amenizar a sensação de calor, em razão dos prédios servirem como ‘barreiras’ que bloqueiam os ventos, principalmente no nível das calçadas.

No entanto, ele garante que “não existe estudo que indique com precisão o quanto isso influencia”, salienta.

Outro ponto que Ambrosio enfatiza para o crescimento da sensação térmica é a falta de planejamento nas questões de arborização.

De acordo com ele, existem deficiências.

“Os bairros com menos arborização, como os das zonas Noroeste e Central, sofrem mais. Mas mesmo nos bairros da orla a falta de arborização aumenta a sensação de calor”, complementa, enfatizando que os bairros da Zona Intermediária também não contam com árvores suficientes.

Contrário à aprovação da nova Lei de Uso e Ocupação do Solo, aprovada em outubro pela Câmara, Ambrosio informa que com os atuais índices urbanísticos tendem a permitir que novos edifícios tenham maior volume construtivo.

A tendência, segundo ele, é que, com mais pavimentos destinados às garagem de veículos, pavimentos cujos recuos necessários serão menores, haverá ainda mais prejuízo na circulação dos ventos no interior das quadras, especialmente no nível do pedestre. E assim, a sensação de calor tende a ser ainda maior.

 

 

Alto número de imóveis podem auxiliar no aumento gradativo da temperatura. Foto: Divulgação

 

Imprensa

“Chegou a hora de agir e o jornalismo deve ser capaz de fazer com que as ações sejam necessárias nessa velocidade”, afirmaram 27 veículos de comunicação latino-americanos em um editorial conjunto.

O motivo? A importância das mudanças climáticas ao redor do planeta e a destruição do meio ambiente.

O editorial mostra a importância sobre preservar o meio ambiente e cuidá-lo para as futuras gerações.

Segundo consta no editorial do site investigativo peruano, Ojo Publico, o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) (sigla em inglês), publicado em outubro do ano passado, mostrou que, se não acontecer mudanças no estilo de vida dos seres humanos, o desastre climatológico será iminente.

“Temos menos de 10 anos para parar a intensidade da corrente com a qual emitimos gases para a atmosfera”, relata o instituto.

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