Se o ritmo da obra da UPA da Zona Leste estava lento em maio, quando a reportagem do Boqnews.com denunciou a morosidade dos trabalhos no local (veja o texto), agora os sinais de paralisação total são indiscutíveis e evidentes.
Em dezembro do ano passado, a Prefeitura havia divulgado que 40% dos trabalhos já estavam executados no local e a entrega do imóvel ocorreria em 2018 (vide o link), fato que não ocorrerá.
Afinal, se antes haviam poucos funcionários, agora o espaço de entrada de acesso à construção é tomado por ferros, madeiras e entulhos que fazem a festa de ratos, baratas e mosquitos, conforme relatam os vizinhos ao local.
No interior do imóvel inacabado, poças de água se espalham, colocando em alerta sobre eventuais riscos, como o mosquito da dengue, por exemplo.
O mato cresce em alguns pontos reforçando os sinais de abandono.
Ratos, baratas e mosquitos
A Reportagem do Boqnews esteve no local na manhã desta quarta (15) e não encontrou qualquer sinal de movimentação no empreendimento.
“Ratos, mosquitos e até caramujos são frequentes por aqui”, reclama o aposentado José Marques Cortiço.
Não bastasse, quando chove a entrada da escola estadual Suetônio Bittencourt, ao lado da futura UPA, fica alagada, dificultando o acesso ao local pelos alunos.
Os buracos na calçada também preocupam a autônoma Ana Alves. “É sempre um risco cair por aqui”, reclama.
Como a demolição do antigo PS da Zona Leste começou em outubro de 2016, algumas adaptações tiveram que ser feitas.
Por exemplo, a mudança do local de uma banca de jornal, além da retirada do abrigo de ônibus, inclusive os bancos onde os usuários costumavam sentar.
Passados quase dois anos, a alternativa é esperar os coletivos que trafegam pela Avenida Afonso Pena debaixo de chuva.
Ou se abrigar embaixo do toldo da banca.
“Quando chove, as pessoas se abrigam aqui”, diz o jornaleiro Lucas Vazquez.
Ele colocou uma cadeira para que idosos pudessem aguardar sentados a passagem dos ônibus.
Imóvel
Ele reclama também o deslocamento para a unidade provisória da UPA, na Avenida Afonso Pena, 386, instalada em um imóvel alugado por R$ 25 mil mensais.
O contrato, aliás, vence em fevereiro próximo.
Ao todo, o valor da locação nos 48 meses de locação chegará a R$ 1,2 milhões, sem contar com as despesas de quase R$ 300 mil para adaptação do imóvel.
Como a obra está atrasada, uma renovação contratual será inevitável com o proprietário do imóvel.
Aliás, o mesmo conta com outros contratos de locação firmados com a Prefeitura, conforme o Portal de Transparência municipal.
Valores
A obra tinha custo original estimado de R$ 5,595 milhões, sendo R$ 4 milhões do Ministério da Saúde. O restante será concluído com recursos municipais.
O valor, porém, já sofreu acréscimo de 21,4%.
O novo valor previsto é de R$ 6.793.939,97.
O montante do Ministério da Saúde foi mantido.
A contratação foi formalizada em dezembro de 2014, conforme o portal federal.
Deste montante (R$ 4 milhões), R$ 3,6 milhões já foram repassados aos cofres municipais, em duas parcelas (R$ 400 mil e R$ 3,2 milhões).
A empresa vencedora da licitação, Lemam Construções e Comércio, por sua vez, já recebeu R$ 1,907 milhões.
O montante equivale a 34% do valor orçado originalmente, segundo dados obtidos no Portal de Transparência da Prefeitura.
No entanto, se levar em consideração o novo valor divulgado, o percentual é de 28%.
Os pagamentos foram efetuados em 27 de setembro de 2016 (R$ 317.032,73) e em 2 de janeiro de 2017 (R$ 1.590.733,63).
Assim, a Lemam executou diversas obras na Cidade nos últimos anos.
Venceu licitações para as construções das unidades básicas de Saúde da Aparecida/Espaço do Idoso, São Bento e Caruara.
E ainda: o Centro Cultural da Vila Progresso.
No entanto, a principal foi a reforma da maternidade e hospital dos Estivadores.
Desde 2014, a empresa já recebeu da Prefeitura R$ 56,6 milhões pelo pagamento das obras realizadas (valores liquidados), conforme o Portal de Transparência da Prefeitura de Santos.
Outro lado
A Reportagem entrou em contato com a empresa Lemam.
Foi passado o contato do responsável pela obra na UPA da Zona Leste.
Não houve o retorno até o fechamento deste texto.
Prefeitura
Em nota, a Prefeitura deu a seguinte justificativa.
“A UPA da Zona Leste segue em construção na Praça Visconde de Ouro Preto s/nº (terreno antigo PS) e tem 57% do cronograma executado.
A superestrutura está quase pronta e foi executada a fundação de um dos anexos.
A obra é um investimento de R$ 6.793.939,97, sendo R$ 4 milhões de recursos federais.
O edifício foi projetado com 3 mil m² de área construída, incluindo salas de raio-X e emergência, com área para desembarque de ambulância, coletivas de observação masculina e feminina, e ainda um laboratório de análises e farmácia.
Contará com dois elevadores, SAMU e posto policial.
Vai oferecer cerca de 30 leitos, salas com área de espera para coleta, curativos, sutura, inalação, gesso.
E ainda: eletrocardiograma, ortopedia, laboratório, hidratação e distribuição de medicamentos e brinquedoteca.
A sala de espera terá capacidade para 54 lugares e, dos cinco consultórios previstos no projeto, três serão destinados a clínica geral, pediatria e ortopedia”.
Sobre a calçada
“A recuperação dos passeios da futura UPA Zona Leste precisa ser feita de acordo com o andamento dos serviços, porque os caminhões que entram no canteiro de obras para descarregar mercadorias ou os que precisam utilizar patolas (apoios fincados no chão) para movimentar guindastes e dar apoio a barras lançadoras de concreto, danificam a calçada.
Além disso, em alguns locais serão implantadas rampas para veículos e de acessibilidade”.