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Opiniões

18 DE ABRIL DE 2017

Começando a temporada

Por: Da Redação

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Para quem está habituado com seriados, já se acostumou com aguardar uma semana ou mais para assistir à continuação de seus episódios favoritos (a não ser que tenha o Netflix, onde isso não é um problema). Apesar de ser um tanto frustrante, isto consegue segurar uma audiência e até dar tempo de outras pessoas correrem atrás do tempo perdido e acompanharem como os demais. Quem está habituado com games, percebeu que isso se tornou uma prática também entre eles e está se expandindo cada vez mais: os jogos episódicos.

Se você nunca viu ou ouviu falar, não há problema algum. Os jogos episódicos se tornaram uma prática comum nos últimos anos para conquistar um público aos poucos e com enredos mais elaborados do que games comuns. Primeiro de tudo, estes se focam muito mais em enredos e decisões do que na sua jogabilidade. Como se fossem “histórias interativas”. Se você já leu gibis do Mickey e sua turma, deve se recordar que existiam volumes com o famoso “Se você acha que o Donald devia falar com o Pateta, vá para a página 53 / Se você acha que o Donald devia ir para casa, vá para a página 67…”. Você toma decisões pelos seus personagens e o roteiro vai tomar uma forma dependendo disso.

IMAGEM 1O formato de “Vá para página” ficou muito famoso no Brasil com as revistas Disney 

A premissa começou com os jogos point & click, como Heavy Rain, e foi popularizada pela Telltale Games. A empresa trouxe vários games dos quais materiais careciam de um aprofundamento ou destaque em forma de enredo nos consoles. A cada mês é lançado um episódio de determinado jogo, qual você pode baixar e jogar por cerca de duas horas, adequando o enredo às suas escolhas.

Os primeiros trabalhos da empresa foram com The Walking Dead e De Volta para o Futuro, quais entregaram um roteiro baseado nas obras originais e que foram premiados de forma magistral. O próprio The Walking Dead da Telltale Games já está em sua terceira temporada, acompanhando a história paralela à série de televisão, com personagens que se interligam e até aparecem (como o Glenn e o Hershell nos primeiros volumes). Este ano foi lançado The Walking Dead: A New Frontier, que segue a saga da protagonista Clementine tentando sobreviver ao apocalipse zumbi enquanto o tempo parece piorar ainda mais as coisas para ela e quem está em volta.

IMAGEM 2The Walking Dead já está em sua terceira temporada dos games, contando a saga de Clementine em “A New Frontier”.

Passando pelos dois, também temos adaptações de Game of Thrones, Tales of Borderlands (spin-off da franquia de games da empresa 2k), The Wolf Among Us (baseado nas HQs Fábulas, da DC Comics), Minecraft e até mesmo seguindo a história de Batman, focando no empresário e filantropo Bruce Wayne e em como suas decisões em vida civil afetam sua identidade secreta como homem-morcego e o mais recente, lançado hoje, Guardiões da Galáxia, primeira parceria da Marvel como conhecemos hoje com o mundo dos jogos eletrônicos.

IMAGEM 3Os heróis mais insanos da galáxia chegam aos videogames hoje (18) na primeira parceria entre a Marvel e a Telltale Games

E não é apenas a Telltale que investiu neste mercado, que está expandindo para games diversos e conceituados. É o caso de Hitman, da Square-Enix, que já conta com seis episódios e narra os contratos que o Agente 47 cumpre de assassinar indivíduos perigosos para sua agência. Outro game que a Square-Enix investiu neste formato foi Life is Strange, contando através de episódios a vida de Max Caulfield e seus poderes de voltar no tempo, assim como o vindouro e esperado Final Fantasy VII (remake) que transforma o jogo do PlayStation original em uma aventura digna da nova geração e distribuída em capítulos como os 3 CDs do game antigo.

Estes são apenas alguns dos mais famosos exemplos que receberam este formato nos últimos anos. Em termos de jogo, são ditos como polêmicos e muitos jogadores mal se interessam pelo formato. As acusações que se vê em toda internet e que se escuta é que os consumidores deste produto não sabem exatamente o que compram por completo (há um temor da história seguir por caminhos que não condizem com a magnitude do início) ou de seus gráficos, mais simples, que não beiram ao ultrarrealismo exorbitante como nos atuais Horizon Zero Dawn e Final Fantasy XV.

IMAGEM 4Final Fantasy VII será uma das próximas adições ao formato nos games, trazendo diversos episódios focados em Cloud e em seu grupo contra Sephiroth.

Abrir mão de poder gráfico e jogabilidade, ao invés de ser maléfico, traz benefícios em termos de enredo e de aprofundamento de histórias que antes não tinham ou não recebiam a devida atenção. São jogos focados em peso emocional e dramático em diversos arcos de personagens, tratando-os com mais humanização e trazendo conteúdo muito semelhante aos seriados que citei inicialmente. Só que, ao contrário destes, você é responsável pelo caminho a se percorrer e não apenas um mero espectador. A história e, principalmente, o fim de tudo aquilo contado na tela de seu console ou PC está nas suas mãos.

Convenhamos, num mercado onde a mesmice e repetição de fórmulas beiram ao cansaço, um gênero novo e uma nova forma de se contar histórias e de interagir com o videogame são elementos bem-vindos em tudo que foi construído até hoje. Não discordo de você que acredita haver falhas e não estar um gênero 100% funcional. Porém, os “grandes gêneros” dos jogos foram criados e trabalhados desde a década de 80 e 90. Se foi criado espaço para esta novidade surgir no mercado e trazer materiais de qualidade, na medida do que é possível, porque não aproveitar?

Sejamos sinceros aqui, se você assistiu 13 Reasons Why no Netflix recentemente, jogar Life is Strange vai lhe revelar que estes temas são abordados há um tempo no mundo dos games e nunca fizeram muito alarde. A carga emocional, inclusive, é tão grande quanto o aclamado seriado. Ou se curte Game of Thrones e The Walking Dead, neste gênero você tem histórias paralelas que complementam as originais e até são acompanhadas do mesmo diretor e roteiristas para que tudo esteja devidamente conectado.

IMAGEM 5Life is Strange também aborda bullying, suicídio, depressão, drogas entre outros temas recorrentes nas vidas dos adolescentes atualmente.

Não é que o jogo não corresponde aos materiais ou não lhe dá aventura o suficiente, o foco deles apenas é outro. Contanto que tenha isto em mente, será um prato feito para passar um tempo se divertindo e refletindo onde os caminhos que percorreu o levarão. Assim como os episódios de seus seriados favoritos ou filmes de universos cinematográficos, tem de aguardar um tempo pelo próximo e não conseguir finalizar num dia (ou semana) só? Sim, exatamente. Mas isso te dará entretenimento fora da ação e que seja também incluso no videogame.

Diferenças são interessantes e promovem tons de diversas camadas para o que quer que seja. Sem elas, nada em qualquer âmbito teria graça. Considere que, se esta não lhe agradar, haverá outras opções e gêneros que lhe agrade. Assim como estes podem não agradar e justamente a narrativa seja preferência. E isso que faz o mundo se desenvolver e crescer: ideias diferentes, pontos de vista distintos, abordagens que funcionam com determinadas pessoas enquanto outras acreditam ser mais fácil com uma alternativa…e isto nos faz crescer e conviver com todas estas nuances.

Para mais informações, dicas e sugestões, envie para [email protected] ou adicione nas redes:

  • PSN: CorumbaDS

  • Xbox Live: PlumpDiegoDS

  • Nintendo Network: DarXtriker

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