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Opiniões

11 DE ABRIL DE 2016

Cuidem das crianças

Por: Fernando De Maria

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Confesso que desconhecia sua existência, mas pesquisando me deparei com a criação do Índice Paulista da Primeira Infância, uma base de dados criada pela Fundação Seade para analisar os indicadores de Saúde e Educação voltados às crianças menores de cinco anos.

Senti-me envergonhado. Este é o melhor adjetivo para descrever nossa realidade. Para começar, a Baixada Santista tem 72.558 crianças (dados de 2010) de 0 a 5 anos vivendo em áreas de vulnerabilidade social. O número equivale ao tamanho da população santista até 14 anos.

Para se ter ideia, ocupamos a quinta colocação (de um total de 16) entre as piores regiões paulistas na relação entre crianças que vivem em vulnerabilidade social na comparação com o total de menores até cinco anos.

Atingimos a marca de 54,63%, ou seja, mais da metade dos menores (de 0 a 5 anos) que aqui residem vivem em más condições. O índice é superior à média da Região Metropolitana de São Paulo (com 44,04%) .

Outros indicadores nada animadores explicam nossa performance cruel: ocupamos o 4º lugar entre as regiões onde crianças de 0 a 5 anos convivem em residências com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo (R$ 220). Pelo menos, 2,35% dos domicílios regionais se enquadram neste cenário. E em relação à média de 1/2 salário mínimo, atingimos 6,66%, ficando em terceiro lugar negativo na comparação paulista.

Isso significa que um em cada dez domicílios da Baixada Santista abriga uma criança menor de cinco anos vivendo em péssimas condições sociais. Triste realidade, pois qual a perspectiva que ela pode ter se convive em áreas degradadas, onde o direito à vida é diariamente colocado em risco?

Falta de saneamento básico e de atendimento à saúde, habitações insalubres, ausência de leitos e riscos sociais são alguns sinais desta triste realidade. Entre menores de um ano por mil nascidos vivos, a mortalidade chega a 12,13 na região, contra 8,79 no estado. Apenas Bertioga (8,38) tem média inferior à paulista.

A situação é ainda pior quando analisamos a taxa média de mortalidade na infância para menores de cinco anos por 1000 nascidos vivos. Nossa média regional é de 17,95 casos, contra 13,24 em âmbito estadual. Nenhuma cidade se aproxima deste número. O cenário é pior. Em Guarujá, a relação desanima: 23,24, seguida por Cubatão (20,64).

Na área da Educação, a situação é ligeiramente melhor na comparação com a Saúde, mas apenas Santos e Bertioga cumprem seu dever, com indicadores acima da média estadual. Os números deste índice pouco difundido revelam que estamos deixando à mercê uma geração de menores que sequer podem sonhar com seus direitos básicos. Infelizmente, a criança esquecida de hoje tem reais chances de se tornar um adulto violento amanhã. Assim, o círculo vicioso se consolida e, infelizmente, cresce, enquanto a plateia prefere optar pela Síndrome de Narciso.

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