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Opiniões

15 DE AGOSTO DE 2017

Hora da compensação

Por: Fernando De Maria

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Prefeitura encerra as atividades do Diário Oficial após 28 anos de circulação ininterrupta

Alegando economia, prefeitura decretou o fim do Diário Oficial deixando milhares de pessoas sem acesso ao veículo público. Foto: Isabela Carrari/Secor-PMS

O discurso dos políticos é sintomático: ‘precisamos cortar custos para deixar a máquina pública mais eficiente’. Quem, em são consciência, irá se posicionar de forma contrária? Afinal, eficiência e eficácia são artigos de luxo no Poder Público de forma geral.

Muitos discursos escondem a verdade real. O fim da edição impressa do Diário Oficial santista pode servir como exemplo.

Nascido há 28 anos com o esboço atual (reportagens, além dos atos oficiais), ainda na gestão do primeiro governo petista de Santos (Telma de Souza) com o objetivo de ser uma alternativa de leitura à população para combater a acidez crítica reinante no único diário da Cidade na ocasião em relação à Administração local, o D.O.Urgente, como era chamado, acabou se tornando uma ferramenta de comunicação eficaz junto à população.

Era impresso na extinta gráfica da Prodesan, algo que perdurou até a chegada da Administração Beto Mansur, que decretou o fim do parque gráfico, alterou o nome e transferiu a impressão ao maior grupo de comunicação regional, a qual permanecia até a última sexta (11) – exceto por um curto período de um ano, cuja impressão ficou nas mãos de uma gráfica de outro diário local.

Sua tradição se tornou um hábito junto à população e todas as administrações – algumas mais, outras menos – acabaram se beneficiando dele.

A súbita decisão – acompanhando experiências tucanas da extinção da versão impressa na Capital e no Estado – provocou indignação, especialmente aos que estavam habituados a ir às bancas para retirar o exemplar, conversar com o jornaleiro, enfim, socializar-se.

Ou até nos ônibus e displays espalhados.

Esquecem os gênios da comunicação – apostadores de que os leitores do Diário Oficial migrarão automaticamente para o digital – que poucas são as áreas da Cidade que oferecem rede digital pública e um volume considerável de pessoas sequer têm acesso à internet.

Não bastasse, Santos tem mais de 20% de sua população formada por idosos, vários deles sem qualquer conexão digital. Sem o meio impresso, este contato aparentemente gratuito finda-se, inibindo o acesso democrático à informação.

Não se pode também deixar de questionar a razão pela qual a Administração vai romper um contrato que fora renovado há dois meses.

Ora, qualquer empresário ficaria aborrecido ao saber que um contrato milionário (o valor revisto e assinado chegou a R$ 3,8 milhões) seria cancelado semanas depois da sua assinatura.

Exceto, é claro, se houver uma forma de compensação para as perdas da quebra contratual, mesmo não implicando em multa, como alega a Administração.

O prefeito de Guarujá, Valter Suman, chegou a anunciar o fim do Diário Oficial local, mas optou em mantê-lo em atividade, pois viu que o custo-benefício vale a pena. Até porque a lei exige a inserção de editais em jornal de circulação local na ausência dele.

Assim, sem a versão impressa pública, tais documentos deverão ser publicados em jornais particulares.

E assim, a emenda pode sair mais cara que o soneto…

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