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Opiniões

26 DE AGOSTO DE 2014

Indivíduos ignóbeis

Por: Fernando De Maria

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Você percorre a rua e se depara com algo diferente na paisagem. Uma pichação que outrora não estava ali e agora faz parte do cenário. Hieróglifos modernos com símbolos que riscam as paredes na tentativa de delimitar espaços de tribos. Ao contrário do grafite, a pichação nada acrescenta. Apenas vandaliza e deixa os espaços públicos mais pobres.

Depois de se deparar com esta grafia ininteligível, você percorre mais alguns metros pelas ruas e percebe que aquela estátua em homenagem a alguém ou a algo foi depredada por um vândalo na calada da noite.

Cansado de se deparar com mais uma agressividade contra o patrimônio público, você resolve telefonar para denunciar o problema. Sem celular, restam-lhe os orelhões. Para seu azar, após percorrer várias quadras em busca de um (afinal, eles estão ficando cada vez mais raros!), descobre que o mesmo foi alvo de vandalismo. É o fim.

Certamente, leitor, você já se deparou com tais cenas em seu cotidiano. Talvez não na mesma sequência e intensidade, mas dificilmente deixou de presenciar algum ato de vandalismo praticado por um ignóbil.

Além de enfeiar a cidade, o cidadão que age desta forma não sabe o que representa a convivência coletiva. E no final, toda a sociedade paga a conta por tais atos que imbecis teimam em praticar.

A manutenção e perda de tempo para consertar as atitudes destes pseudocidadãos acaba na conta dos cofres municipais e, é claro, dos contribuintes. As prefeitura de Santos e Guarujá gastam individualmente quase R$ 100 mil por ano para apagar as pichações.

Recentemente, São Vicente, um dos municípios mais pobres da região, despendeu R$ 2 mil para retirar as pichações de quatro monumentos. O que se passa na cabeça de um apedeuta que tem o simples prazer de vandalizar?

No último dia 4 de agosto, o Diário Oficial estampou a seguinte manchete: Mais de mil contentores de lixo são alvos de vandalismo. Deste montante, 42 unidades foram incendiadas, sendo dez apenas neste ano. Cada contentor novo custa, em média, R$ 1.100. Apesar da empresa privada responsável pela coleta de lixo substituir o equipamento, o custo extra, é óbvio, será repassado ao Poder Público.

Em Cubatão, durante as manifestações de rua no ano passado, a prefeitura gastou R$ 150 mil para reparar danos ao patrimônio, como vidros e lixeiras quebradas.

Muitas vezes, o vandalismo está associado também aos furtos. A Sabesp já registrou 193 hidrômetros furtados somente em Guarujá neste ano. Em apenas dois meses, a empresa já havia contabilizado 90 casos de vandalismo contra estes equipamentos em bairros da zona leste de Santos.

Dizer que tais atitudes são restritas às áreas menos nobres, em razão do perfil dos moradores soa pueril, pois o vandalismo é democrático. Pode ser em uma estátua na orla da praia ao coletor de lixo na periferia. Em ambos os casos, há uma agressão à sociedade, mesmo que restrita a objetos e estátuas que sofrem as consequências de atitudes irracionais, onde, no final, a conta será paga coletivamente.

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