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11 DE FEVEREIRO DE 2018

Lições do passado

Por: Fernando De Maria

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Olhar para o passado pode servir de lições para o futuro. Dizer que o antigo é bom e o novo é ruim é uma frase de efeito, porém, às vezes, distante da realidade.

Nem sempre o que é bom no passado é ruim na atualidade. E vice-versa.

O Carnaval, realizado de forma espontânea e até pueril pela população até meados do século passado, era repleto de simbologia, onde o mais importante era se divertir.

E quem aprontasse, ia direto para o xilindró, com fantasia e tudo, e só saia às ruas na Quarta-Feira de Cinzas.

Era o castigo de não poder curtir a folia de Momo.

Na cadeia, tinham tempo para refletir sobre as bobagens feitas para não perder a festa no ano seguinte.

Exposição relembra antigos Carnavais, onde Waldemar Cunha era o eterno Rei Momo. Fotos: Fernando De Maria

Esta é uma das curiosidades que podem ser conferidas até a sexta (16), das 10 às 18 horas, no Centro de Cultura Patrícia Galvão (exceto no final de semana) na mostra em homenagem ao eterno Rei Momo Waldemar Esteves da Cunha.

Falecido em 2013, sua imagem se confunde com o Carnaval santista, além dos corsos aos desfiles que marcaram época.

Troféus, vestimentas, fotos e painéis que retratam a própria história do Carnaval no século passado estão lá para quem quiser conhecer ou relembrar uma parte da nossa cultura e história.

Ao lado desta exposição, o Memorial e Museu do Carnaval também apresenta a mostra Ciatas de Santos – Mulheres que no Samba Resistem, com 10 representantes símbolos da paixão por suas escolas, cujas vidas se entrelaçam com a própria história das agremiações.

Tais exposições sintetizam o que representa o Carnaval santista, rico em detalhes, histórias, graças à comunidade do samba, carnavalescos, dirigentes e jornalistas que dedicaram parte de suas vidas para manter a chama acesa.

Não é à toa que Santos já ostentou o segundo maior Carnaval do Brasil nos anos 80.

Montanha-russa

Passados quase 30 anos, a festa santista vive uma verdadeira montanha-russa, com altos e baixos, cuja tradição permanece – e muito – em razão da abnegação de centenas de pessoas que vivem e respiram as cores de suas respectivas escolas – e também as bandas, manifestação popular em ascensão.

Passado o período áureo, começamos a sentir na década seguinte o declínio da folia, primeiro com os desfiles das cordinhas (que separavam o público do desfile) – sob alegação que a festa era democrática e todos poderiam assistir.

Visão míope.

Depois veio a tragédia maior: sob alegação de insegurança, o fim dos desfiles. Isso foi uma facada no coração das escolas.

Algumas não conseguiram resistir. Perderam barracões e até troféus.

Em meados da década passada, a Prefeitura criou um espaço digno: a Passarela do Samba Dráusio da Cruz.

Aos poucos, a chama voltou a acender.

Agora, novo baque: a sensível redução de recursos, fim das arquibancadas (uma versão atualizada das cordinhas) e discutível antecipação das datas dos desfiles (pelo menos neste ano teremos as tendas para lembrar que estamos no Carnaval, algo cortado na edição passada).

Enfim, quem sabe as imagens das exposições sirvam de inspiração aos que lidam com o segmento para recuperar uma parte do brilho do Carnaval de outrora.

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