O peregrino da Bike | Boqnews

Opiniões

07 DE FEVEREIRO DE 2016

O peregrino da Bike

Por: Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A palavra peregrino tem o significado de quem peregrina. Diz-se, informalmente, de um indivíduo andante, que viaja, empreende longas jornadas ou alguém que é raro, especial.

O ato de peregrinar e as peregrinações ocorrem desde os tempos mais remotos e primitivos em que predominavam os costumes religiosos. Naquele tempo, peregrinar deveria ser feito motivado por alguma coisa.

Este foi o adjetivo que me veio à mente para definir meu amigo Cláudio Clarindo, ciclista, trabalhador, pai de família, falecido recentemente e mais nova vítima da estrada por onde peregrinou em cima de uma bicicleta por mais da metade de sua vida.

Instinto
Cláudio Clarindo, “o peregrino da bike”, como posso chamá-lo, movia-se por impulso natural, de homens que vieram ao mundo com um dom divino. Tomás de Aquino, santo católico, dizia que “os homens impulsionados por instinto divino não devem buscar conselhos na razão humana, mas seguir esse instinto interior”.

Os dons, segundo o santo católico, aperfeiçoam o homem. Clarindo veio ao mundo justamente com vários dons ofertados por Deus: o da humildade, do carisma, da caridade e da fé de peregrinar numa bicicleta mostrando a todos que nada é impossível para o ser humano.

No ciclismo de longa distância, Clarindo foi a referência. Para ele não havia limites, sendo o primeiro recordista brasileiro de longa distância, percorrendo 420 quilômetros entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. Foi também campeão em vários outros longos percursos pelo Brasil e pelo mundo.

Sonho
Clarindo realizou seu último sonho no ano passado ao encerrar sua quinta participação na Race Across America (RAAM), competição mais cansativa, selvagem e perigosa na modalidade ultraciclismo, completando em 11 dias um percurso de 5 mil quilômetros que atravessa todo os Estados Unidos. O ultraciclista tornou-se o sul-americano com o maior número de RAAMs realizadas.

Naquela que acabou sendo sua última mensagem e que foi postada nas redes sociais um dia antes de morrrer, Clarindo demonstrou sua fé pela proteção divina que até então vinha tendo nas rodovias brasileiras, lugares que Clarindo sempre criticou pela falta de segurança e, infelizmente, onde a grande maioria dos ciclistas profissionais treinam: “Quero agradecer à Nossa Senhora Aparecida e a Deus pela proteção nas estradas”.

Quis o destino que ele morresse justamente no lugar onde mais censurava. Mas ali era a sua fortaleza, sua alma, seu caminho para a felicidade. Clarindo rompeu esse percurso, transcendeu para as pistas divinas, montado na sua “bike”, ao encontro do Senhor, mas deixou, incansável, seu legado.

Suas idas e vindas não foram em vão. Obrigado, amigo!

*Celso Évora – Interino

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.