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Opiniões

27 DE ABRIL DE 2015

O que temos em troca?

Por: Fernando De Maria

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Apagadas as chamas, a situação se volta na contabilização dos danos provocados pelo incêndio ocorrido em tanques da Ultracargo no início do mês, cujos efeitos serão sentidos ainda por anos, seja nas áreas ambiental ou financeira.

No entanto, a despeito das discussões sobre as causas a serem investigadas, algo fica evidenciado. A paralisação de atividades portuárias em decorrência do incêndio e os prejuízos decorrentes desta ação no maior porto da América Latina comprovam o quanto estamos vulneráveis e refletem a falta de investimentos federais e estaduais para termos novas opções de acesso ao Porto, responsável por 1/4 de toda a movimentação portuária do País.

Projetos de mobilidade urbana não faltam. Inexistem, porém, ações concretas. Há muito se fala sobre uma nova entrada da Cidade. Promessas de garantia de verbas foram anunciadas pelo Governo Federal via PAC Mobilidade. Na prática, apenas incertezas.

O Governo do Estado também deixa a desejar. Primeiro, inaugurou com pompa a maquete de uma ponte ligando Santos ao Guarujá. Depois, o túnel. Como consequência, optou-se por centenas de desapropriações de imóveis no Estuário. O Tribunal de Contas enumera uma lista de questões a serem sanadas para liberar o projeto. Adivinhe quem pagará a conta?

Enquanto isso, a proposta da ligação seca por caminhões entre a Alemoa e a área continental de Santos, defendida pelo engenheiro Prestes Maia e bandeira do então prefeito Oswaldo Justo nos anos 80, encontrava-se esquecida. Alguns dizem que as duas obras são possíveis. Mas se não há competência para se fazer uma, quiçá duas!

Reuniões ministeriais já ocorreram para retomar a proposta de uma nova ligação na Alemoa. Será que agora vai?

Afinal, está evidenciado que a Baixada Santista tem um papel ímpar no cenário nacional. Nosso PIB (dados de 2011) chega a R$ 46 bilhões, decorrente da riqueza de quase 40 mil empresas aqui instaladas. Aliás, conforme levantamento do IBGE, somos a região do País que mais contribui, de forma proporcional, com impostos para incrementar o PIB nacional, chegando a vergonhosos 39,3% da arrecadação regional. E o que recebemos em troca?

No estudo Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas no Brasil, o IBGE identificou 294 arranjos formados por 938 municípios, que abrangem 55,9% da população brasileira. E em diversas situações, a Baixada Santista tem uma participação significativa.

Entre as 14 capitais metropolitanas regionais brasileiras, temos o quinto maior PIB, superior a Goiânia e Belém, por exemplo; o quarto maior número de empresas e o terceiro maior volume de pessoas se deslocando diariamente (161.226, número superior a toda a população de Cubatão). Das 26 regiões com caráter metropolitano ou de capitais regionais com mais de 100 mil habitantes, a Baixada é a 11ª.

Por estes números já ficaria evidenciado que muito precisa ser feito na região no tocante à mobilidade urbana. A dificuldade é lidar com governantes insensíveis em perceber nossa importância para o restante do País.

 

 

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