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Opiniões

25 DE MAIO DE 2015

Parceria a consolidar

Por: Humberto Challoub

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Obrigada a promover um corte nas despesas orçamentárias de R$ 80 bilhões para equilibrar as contas deficitárias produzidas pela sua administração, a presidente Dilma Rousseff deu grande ênfase à visita, realizada esta semana, do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, que resultou na criação de um fundo de US$ 50 bilhões para investimentos em infraestrutura no País, que permitirá a construção de uma linha ferroviária ligando a costa brasileira no oceano Atlântico até a costa peruana no Pacífico objetivando reduzir os custos de exportações para a China, além de financiar um empreendimento conjunto para produção de aço no Brasil. Além do fundo, foram firmados 35 acordos de cooperação em diversas áreas, como planejamento estratégico, agricultura e mineração.

O tom ufanista dado ao encontro, no entanto, não esconde os muitos obstáculos operacionais que o País terá que superar para consolidar e acelerar o ritmo de seu crescimento econômico e social. Os baixos padrões e altos preços (custo Brasil) da infraestrutura, motivados por um sistema de transporte rodoviário custoso, de uma malha ferroviária pequena, de portos e aeroportos congestionados e de um potencial hidroviário inexplorado se somam à preocupação de executivos e especialistas com o não cumprimento de contratos firmados e com a corrupção nas autarquias públicas. Também a falta de mão de obra qualificada para preencher vagas cruciais nas empresas e a ausência de políticas consistentes de fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias, com a aproximação entre empresas e universidades são fatores impeditivos à ampliação da capacidade de geração de renda.

O interesse crescente da China pelo potencial brasileiro se deve, principalmente, pelas perspectivas futuras que o Brasil apresenta. Afinal, um país de renda média e com uma população que já supera 200 milhões de habitantes é um dos mercados mais atraentes do mundo, especialmente para os chineses, que precisam manter em operação sua gigantesca capacidade instalada no setor de infraestrutura.

Importante reconhecer que as dificuldades enfrentadas pelo Brasil em vários setores são bastante conhecidas pelo empresariado brasileiro, que há muito reclama das autoridades constituídas a adoção de um plano de metas factível visando a superação dos obstáculos para retomar e acelerar o desenvolvimento interno. É de se esperar que os acordos bilaterais firmados com a China, anunciados em um momento em que o País enfrenta um período recessivo, sejam muito mais do que exercícios de retórica política, a exemplo do que ocorreu em ocasiões anteriores, quando muito se falou e pouco se fez de concreto.

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