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Opiniões

05 DE JUNHO DE 2014

Preservar a água, com urgência, para manter a vida

Por: Da Redação

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O líquido mais precioso de nosso planeta não pode faltar. Por uma questão de sobrevivência, devemos protegê-lo e preservá-lo até as últimas consequências. Mas, será que vamos conseguir isso? No ritmo cotidiano da sociedade, consumista, individualista, egoísta, imediatista, será possível que as pessoas se conscientizem da necessidade do uso racional da água? Não podemos esquecer que sem esse líquido precioso, não só não há vida humana, como não há nenhuma vida. Será que teremos mesmo que ficar sem esse líquido para valorizá-lo?

Vamos pensar, juntos, nessa resposta. Mas, antes, façamos uma viagem no tempo, até o período em que a Terra estava se formando. Talvez, assim, possamos montar parte do quebra cabeça de uma incrível história do nosso planeta, e descobrir como começou tudo.

Nossa jornada começa há quase cinco bilhões de anos atrás. Parece quase impossível que algo tão complexo como um planeta seja formado por nada menos que poeiras e rochas. Durante milhões de anos, a gravidade juntou esse material para formar a Terra, um dos pelo menos cem planetas que orbitam o sol.

Há 4 bilhões e 54 milhões de anos, nosso planeta parece mais com um inferno do que com o nosso lar. A temperatura ultrapassa os 12 mil graus célsius, não existe ar, somente dióxido de carbono, nitrogênio e vapor d’água. A Terra, recém nascida, é uma esfera de magma em ebulição, superfícies sólidas praticamente não existem, apenas um oceano infinito de lavas.

Então, um jovem planeta, depois chamado de Teia, está vindo em nossa direção. Ele tem o mesmo tamanho de Marte e viaja a uma velocidade de 15 Km/s, vinte vezes mais rápido que uma bala. A gravidade do intruso, em contato com o nossa, está deformando a superfície da Terra, onda de explosões percorre o planeta e são como dois jovens se liquefazendo. Trilhões de detritos da explosão são lançados ao espaço, mas ao longo de milhares de anos a gravidade faz seu milagre e transforma a massa de detritos em um anel de poeiras e rochas quentes e avermelhadas, que passa a circular a Terra. Esse anel dá origem a uma esfera com mais de 3 mil quilômetros de diâmetro. Estamos presenciando o nascimento de nossa Lua.

Para entendermos como nosso planeta se formou, vamos avançar mais alguns milhões de anos. Estamos há 3,9 bilhões de anos e uma tempestade de meteoros dá início a um ataque de detritos, que restaram da formação do sistema solar. Esses meteoros trazem em seu corpo pequenos pedaços de cristais de sal e, dentro deles, minúsculas gotas de água. Tudo leva a crer que esses mísseis kamikazes (numa referência a pilotos japoneses suicidas na 2a. Guerra Mundial) poderiam carregar o ingrediente vital para vida na terra.

Há somente um pequeno volume de água em cada meteorito, mas como eles estão bombardeando a terra por mais de 20 milhões de anos, imensas piscinas são formadas. A água se acumula no solo, o núcleo da Terra continua em fusão, mas a superfície resfriou cerca de 70 ou 80 graus, o suficiente para a formação da crosta.
Enfim, dando um salto até hoje, esse é o líquido que, num breve futuro, poderemos ter que ingerir em goles espaçados, a cada poça sobrevivente, caçando gotas de água em cada ex-lago, ex-rio e até ex-oceano, que após bilhões de anos e um percurso de milhões de quilômetros para nos alcançar, a partir de um meteoro, secam, simplesmente.

Cada gota é muito importante para ser desperdiçada

Cada gota é muito importante para ser desperdiçada

Será que vamos permitir esse quadro de degeneração? Será que seremos capazes de tornar algo do passado aquela imagem que impressionou o mundo, na década de 1960? Ou seja, a foto tirada da Terra, do espaço, mostrando uma massa azul cobrindo a sua superfície em cerca de 70%, tudo formado por água?
Não restam dúvidas: precisamos preservar a água para salvar a Terra, e a nós próprios. E no Brasil, com seus 5.564 municípios, a responsabilidade é maior ainda, pelo fato de o País possuir cerca de 15 % da água potável do planeta. Ou seja, também temos que pensar que nossa responsabilidade poderá ir além de nós mesmos, que nossa água poderá ter que, no futuro, ser compartilhada para a sobrevivência de outros.

Ameaças e alertas
Mas, por enquanto, convém ficar só no nosso espaço continental, para compreendermos mais o quadro e tomarmos atitudes. A mídia tem informado sistematicamente sobre a falta de tratamento de esgoto e a poluição da indústria e agricultura como graves ameaças à qualidade da água no Brasil. Segundo levantamento recente feito pela ONG SOS Mata Atlântica, e divulgado site Ambiente Brasil, a água é ruim ou péssima em 40% dos 96 rios, córregos e lagos avaliados em sete estados brasileiros. “A pesquisa, divulgada por ocasião do Dia Mundial da Água (22 de março), mostra que a situação é preocupante no bioma da Mata Atlântica, principalmente em áreas urbanizadas”.

Conforme o site, apenas 11% dos rios e mananciais foram classificados como bons – todos localizados em áreas de proteção ambiental e de mata ciliar preservada. “Em 49% dos rios, a água é regular”. A pesquisa foi realizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Cantarina e Rio Grande do Sul.

Outra informação relevante é que, segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), 76% dos corpos d’água apresentam qualidade boa; 6% foram classificados como ruim e apenas 1% como péssimo. Em áreas urbanas, a parcela considerada boa cai para 24%. As águas de qualidade ruim e péssima sobem para 32% e 12%, respectivamente.

“Apesar de serem os principais centros de poluição, as cidades grandes possuem maior infraestrutura de saneamento básico”, ressalta ao Ambiente Brasil o professor de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG Marcos Von Sperling.

Mas, a ANA alerta para a falta de informação sobre a qualidade dos recursos hídricos no Brasil. A agência realiza o diagnóstico a partir de dados das redes estaduais, mas apenas 17 das 27 unidades da federação fazem o monitoramento da água.

Outra dificuldade é que não há uma padronização no trabalho de coleta de dados. O site reforça que, segundo a agência, apenas 658 pontos de análise tiveram uma série histórica longa o suficiente para realização do estudo. Nestes casos, 8% apresentaram tendência de melhoria na qualidade da água e 5%, de piora. Para diminuir a falta de informação, a agência lançou no último dia 20 de março a Rede Nacional de Monitoramento de Qualidade das Águas, que deve padronizar os dados e procedimentos de coleta. O objetivo é subsidiar a definição de políticas públicas e a gestão dos recursos hídricos.

Os especialistas têm afirmado (ou seria melhor dizer, alertado insistentemente) que o maior problema da qualidade da água no país é a falta de tratamento de esgoto. Conforme matéria da Ambiente Brasil, apenas 37,5% do esgoto gerado no Brasil é tratado, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. A coleta é realizada para 48,1% da população. “Um estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, lançado em 19 de março último, indica que o país é o 112° no mundo em termos de evolução e cobertura de saneamento”.
Ou melhor, a situação é crítica e, sem água, como já temos alguma consciência na sociedade, não dá para viver. Precisamos, portanto, não só ampliar essa divulgação em forma de alerta constante, mas prosseguir com mais intensidade na mobilização de ONGs, políticos, partidos e governos em torno do assunto, para preservar o que nos manterá vivos por mais gerações.

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