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Opiniões

16 DE MAIO DE 2016

Uma escola para vida

Por: Da Redação

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Era o final do ano de 1978. Os cursinhos viviam mais uma expectativa de vestibulares. Aquela tensão em cumprir o conteúdo e atingir as metas desejadas tomava conta dos professores do Cursinho Cidade de Santos. Entre uma aula e outra, os professores se reuniam para discutir os progressos de seus alunos e os desafios que iriam enfrentar. Mas, já havia algum tempo que os alunos oriundos das mais diversas instituições de ensino de Santos demonstravam carência na sua formação. Entre um gole e outro de café, alguns professores desabafavam: “– O que está acontecendo com esses alunos?” Outros desconversavam: “– É uma fase. Nós podemos melhorar essa situação”. O tom da conversa começou a ficar mais provocativo: “– Ah, podemos? Então vamos lá. Por que não melhoramos? Se abríssemos uma escola, teríamos não apenas um único ano, mas três anos para preparar melhor o aluno”.

Foi nesse clima de inconformismo e impulsionado pelo seu potencial, que parte do seu corpo docente marcou uma reunião, num sábado, nas dependências do cursinho. O tema: montar uma escola forte de ensino colegial.

 Nessa reunião, participaram alguns dos atuais mantenedores, como os professores Hermano, Cláudio e Vincenzo. Estiveram também alguns fundadores que não fazem parte do grupo atual como os professores Cordella e Maria Regina. Outros professores participaram também.

A semente estava lançada.

As demais reuniões aconteceram em uma sala na residência do professor Alfredo Cordella, à Rua Lowndes. Definiu-se o modelo de cooperativa para arrecadar reservas para os gastos iniciais. “Começamos a fazer um trabalho e foi aí que os primeiros desistiram. Abrimos uma conta no Banespa, onde, inicialmente, depositaríamos uma quantia. Esse comprovante guardado seria apresentado e contabilizado” – explica o professor Hermano.

Houve a necessidade de compor um grupo maior. A partir daí, abriu-se um espaço para indicações. O requisito era único: professores de qualidade, imbuídos do mesmo ideal. Após três ou quatro meses, algumas desistências e novas adesões, o grupo estava fechado. No dia 13 de maio de 1979, estava fundado o Grupo Educacional de Santos S/C Ltda. Com dezesseis sócios.

Uma vez fundado juridicamente o grupo, era necessário escolher o nome da escola. Essa reunião ocorreu em um sábado à noite no apartamento da cunhada do professor Vincenzo. O que parecia a mais fácil das tarefas tornou-se um desafio sem precedentes até então. “Para um casal escolher o nome de um filho já é difícil, imagina o colégio que era filho de dezesseis pais” – compara Clóvis, um dos presentes naquela reunião. Como reunir em uma única palavra todo aquele ideal? “Qualidade” – lançou alguém. “Parece nome de azeite” – brincou o colega. Pensou-se em atribuir o nome a um cientista ou a algum pedagogo. “Einstein” – sugeriu um dos matemáticos, ali presentes. E o nome não caiu no agrado da turma de humanas.

Chegou-se a um determinado momento em que se percebeu que um nome latino seria mais interessante. Havia dois apaixonados pela língua latina naquela reunião: o professor Bento e o Alcides. Não existe um consenso sobre qual dos dois sugeriu primeiro o nome Universitas. O próprio Alcides não é enfático quanto a sua autoria, mas o professor Cláudio revela o perfil do colega Alcides: “Você sabe que o Alcides nunca fala, ele dá aula. Qualquer coisa que ele vai falar, ele dá aula. Convenceu todo mundo na hora”. O professor Alcides explica: “Primeiro surgiu Humanitas, cuja tradução é ‘humanidade’ e depois surgiu Universitas, que eu achei melhor porque é mais abrangente. A palavra Universitas vem de Universus que em latim significa ‘todo’. Aliás, por que universidade? Porque é um lugar onde se estudam ‘todos’ os ramos dos saberes: ciências exatas, humanas e biológicas. Em Portugal, aproximadamente no ano de 1290, a primeira universidade chamava-se Estudos Gerais, quase uma tradução de universidade. Então, achei melhor que se chamasse Universitas do que Humanitas”. Alguém ainda duvida?

O nome escolhido foi encaminhado para uma agência de publicidade que criou a logomarca, registrou o nome e definiu as cores. “Tudo foi planejado” – define o professor Luciano.

 Uma vez escolhido o nome, era necessário definir o local. A procura era por algo bem modesto. Uma casa com três ou quatro quartos estava dentro das pretensões do grupo. Entretanto, os rumos foram outros. A mudança nos planos deu-se pelo arrojo do professor Claudio. “Eu passei aqui na frente da Henrique Soller (Rua Ver. Henrique Soller) e vi um prédio que tinha duas garagens e várias salas e que estava em construção. Foi uma casualidade. Era, na verdade, muito além das nossas expectativas. No começo, a reação foi muito negativa: ‘– Como um prédio?’” – lembra o professor.

 Acontece que os ventos sopravam a favor daqueles jovens idealistas. O prédio, primeira grande obra da construtora Estrutura, hoje referência no ramo, ainda estava em construção. Não havia nada na Ponta da Praia. A rua ainda tinha alguns terrenos baldios. Quando, todavia, iniciaram as conversações, a construtora estabeleceu o pagamento do primeiro aluguel somente após o recebimento da primeira mensalidade. “Isso facilitou muito, porque, na verdade, a escola precisava das instalações seis meses antes de iniciar o ano letivo. Para pegar um prédio, alugá-lo e mantê-lo todo esse tempo elevaria o custo, só que o construtor ofereceu o prédio sem aluguel e tinha um detalhe: houve a confiança recíproca e a vantagem de alugar o prédio todo para um único inquilino e antes mesmo de ficar pronto. Então foi bom para os dois lados” – conclui Cláudio.

O professor Elias confirma: “O prédio nem chegou a ser terminado e já passou a ser adaptado às nossas necessidades: salas sem divisórias, pátio aberto. O prédio foi e permanece alugado desde então. A construtora Estrutura nunca quis vender porque também faz parte da história deles, foi o primeiro prédio deles”. Em tom de brincadeira, ressalta: “Começamos juntos, mas eles ficaram mais ricos que nós”.

Com o nome e o local escolhido, era necessário definir um planejamento estratégico para divulgação da escola. O que ocorre é que não era uma empresa voltada para o lucro. Os sócios não eram administradores por profissão, mas professores por formação.

O único veículo de divulgação adotado nos primeiros tempos foram os próprios professores e o principal produto, a experiência coletiva. Clóvis, quando indagado sobre o crescimento meteórico da escola ainda nos primeiros anos de vida, assim justificou: “Se você contabilizar os dezesseis sócios, cada um com mais de dez anos de experiência individual, nós temos quase duzentos anos de experiência”.

Assim, a estratégia de divulgação adotada foi composta de uma carta. “Em agosto, nós começamos a divulgar nossa proposta, através de uma carta de intenções para a população” – relembra o professor Oliveira. A carta era entregue para as pessoas, na maioria amigos. Esse texto dizia que um grupo de professores comprometido com uma educação de qualidade estava criando uma escola de segundo grau. “A gente prometia que o aluno que cursasse a nossa escola estaria preparado para o vestibular” – explica Oliveira. A propaganda deveria ser o boca a boca. A meta era 160 alunos, 4 salas com 40 alunos cada. “No dia 20 de novembro, já estávamos com os 160 alunos inscritos” – conclui Hermano.

Uma vez matriculado, o aluno recebia uma pasta, “a famosa pasta”, como ela é conhecida entre os mantenedores, contendo todas as informações acerca da nova escola, o currículo dos professores, a proposta pedagógica e a grade curricular.

Em 1980, portanto, o Colégio Universitas abriu seus portões para a primeira turma. Hoje, passados exatos 37 anos do dia da sua fundação, a escola continua jovem, se renovando e compreendendo as necessidades dos alunos e as exigências do mundo em que vivemos.

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