Grafite, arte que se espalha pelas ruas | Boqnews
Colorido e alegre, o grafite toma conta das ruas Grafite ao ar livre

Intercâmbio

20 DE FEVEREIRO DE 2018

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Grafite, arte que se espalha pelas ruas

O grafite nasceu nos anos 60/70 nos Estados Unidos e ganhou o mundo. Em Santos, diversos pontos trazem obras de artistas locais, que embelezam os cenários cinzentos. Museu de Arte Sacra promove intercâmbio internacional sobre o assunto atraindo jovens do Morro São Bento.

Por: Fernando De Maria

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Grafite é uma forma de expressão artística

O ensino sobre o grafite atrai jovens ao Museu de Arte Sacra, que promove intercâmbio internacional. Fotos: Nando Santos

O grupo é pequeno. São 12 crianças e jovens do Morro São Bento, em Santos, que ao invés de assistirem TV ou ficarem à frente do celular nas redes sociais optaram por ter aulas diferenciadas, sempre aos sábados, inclusive nas férias.

Até abril, eles participarão de atividades de fotografia em aparelhos mobiles (celulares, tablets), workshops de arte grafite, exposição fotográfica e até reuniões on line com crianças e jovens carentes frequentadores de Organizações Não Governamentais de Los Angeles, nos Estados Unidos, em um projeto de intercâmbio cultural internacional.

Uma das propostas é que eles aprendam a usar as ferramentas existentes em seus aparelhos celulares para uma causa diferente.

Ao invés das selfies, fotografias – sob a ótica deles – dos grafites que se espalham pelas ruas santistas. E são muitos.

Grafite ao ar livre

No Emissário Submarino, o grafite se espalha pelas áreas públicas

Desde as estruturas que suportam o elevado Aristides Machado – em frente ao local das aulas, o Museu de Arte Sacra de Santos (MASS), no Valongo – às pistas de skate e no emissário submarino, as imagens tornam a Cidade um polo de difusão desta cultura.

Valongo transforma o cinza em cores do grafite

No Valongo, o cinza dá espaço para o colorido do grafite, com seus símbolos e imagens

Movimentos sociais

O grafite nasceu no final dos anos 60/início dos 70 nos Estados Unidos.

Trata-se de uma arte urbana surgida junto aos movimentos sociais, especialmente entre artistas negros e hispânicos.

A ideia ganhou o mundo e se desvencilhou da pichação, outra forma de protesto, mas reprovada pela população.

Assim, o grafite foi o mote para atrair os jovens do São Bento, que poderiam estar nas vielas estreitas que cortam a comunidade, mas optaram pelas aulas promovidas pelo MASS.

As aulas ocorrem na secular edificação que por si só é uma referência histórica e cultural.

E tem se tornado uma opção de lazer e cultura à comunidade do bairro e imediações, região de elevada vulnerabilidade social e de limitadas opções de lazer.

O projeto – parceria com o fotógrafo americano Henry Edward Hall – foi uma iniciativa do também fotógrafo Carlos Alberto Souza com a direção do MASS.

A primeira atividade, ocorrida em janeiro, foi um sucesso.

Nem mesmo a falta de luz – em razão da troca de postes no bairro – desanimou os jovens, atentos a cada explanação feita na aula inaugural pela arte-educadora, Carla Bastos Alves.

 

Arte Grafite

Pedagoga e coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental I do colégio Presidente Kennedy, ela atua com a Arte Grafite há mais de 25 anos.

A especialista introduziu aos jovens o conceito desta arte contemporânea.

No início, nem todos se interessaram pelo tema, mas quando ela apresentou fotos de trabalhos realizados em cidades brasileiras, inclusive Santos, o interesse mudou.

As imagens, portanto, dizem muito.

Curiosos, alguns faziam questão de fotografar as fotos impressas.

Referências para eles executarem o trabalho não faltam.

Na própria sala de aula, uma imagem do museu e do Morro São Bento ilustra uma das paredes.

Grafite em cores

Embaixo do elevado, as cores do grafite se multiplicam e embelezam o espaço

Ao abrir a janela, basta olhar para as pinturas nas colunas do elevado Aristides Machado pintadas por artistas locais.

Material para inspiração, portanto, é abundante.

“O grafite nasceu como uma forma de expressar as desigualdades sociais, valorizando o espaço urbano”, explica. “É uma arte na rua, aberta a todos, ou seja, democrática”.

“Como o homem tatua o corpo, os grafiteiros tatuam a cidade, com imagens sociais, políticas e poéticas”, destaca Carla.

Ela começou a atuar com trabalhos visuais em projetos desenvolvidos pela Secretaria de Cultura.

Na época, o trabalho contava com profissionais como Beatriz Rota Rossi, Simone Marie Wagemaker e Gilson de Mello Barros, entre outros.

Tudo no início dos anos 90.

Carla destaca a riqueza que Santos oferece ao universo dos grafiteiros, respeitados produtores culturais.

São nomes como Chesko, Fixxa, Colante, Maozão, K-Suco, Thago, entre outros.

 

Grafite e skate

“Aqui o grafite se uniu ao skate”, destaca a arte-educadora. Exemplo é a Praça Palmares, a primeira pista de skate da Cidade.

Na época da reforma mais recente, o tom cinza provocou protestos de seus usuários.

Resultado: o local recebeu dezenas de grafites coloridos que dão vida ao espaço tornando-se uma galeria a céu aberto aos amantes desta arte contemporânea.

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