Pela primeira vez no Estado de São Paulo, estará a exposição ‘A Bola’, do artista plástico cearense Alemberg Quindins.
Ela será aberta no próximo dia 9, às 11h, no Museu Pelé (Largo Marquês de Monte Alegre, 1, Valongo – Centro Histórico).
Integrada por 20 obras em acrílico sobre tela, a mostra ressalta a importância da bola na infância. Além disso, a coloca como protagonista no campo de futebol.
A bola perpassa tela a tela, interligando cenas e contando histórias. Bem como as contas que correm em um cordão na ladainha de um rosário.
O universo visual da mostra, que poderá ser apreciada até o dia até 25 de abril, tem como ambiente os anos 1970.
Nessa época, entretanto, Alemberg acompanhava os jogos pelo rádio e lia os comentários da Revista Placar.
O artista assistia ao Canal 100, cinejornal transmitido nos cinemas, antes dos filmes.
A exposição segue depois para o Museu de Esportes, em São José dos Campos. Lá ficará em exibição de 29 de abril a 31 de maio.
Telstar
Nas telas do artista, contudo, a bola apresenta-se em três dimensões. No modelo Telstar, da Adidas, a primeira bola oficial usada na Copa do Mundo FIFA, que estreou em 1970; em lances documentados por fotógrafos da época e em uma torcida naïf*, presente nos desenhos do autor quando criança, época em que publicava revistinhas desportivas artesanais como repórter de campo de várzea.
A Telstar foi a primeira bola a usar o formato de um icosaedro truncado. Composto por 12 gomos pentagonais pretos e 20 gomos hexagonais brancos, que mais tarde tornaram-se um símbolo do futebol.
As bolas usadas nas competições anteriores eram de cor escura e tinham costuras com 12 ou 18 gomos em formatos de listras. Algo parecido com uma bola de vôlei atual.
A Placarzinha, cujos originais também fazem parte da mostra, era uma revista em miniatura. Inspirada na revista Placar, criada e produzida manualmente por Alemberg para documentar o cenário futebolístico da meninada.
Aos domingos, ele circulava pelos campinhos da cidade e, na manhã do dia seguinte, estava pronta mais uma edição.
As crianças esforçavam-se em dribles e defesas para que seus feitos fossem registrados. Eventualmente, o artista passou a ser solicitado até mesmo nos jogos dos adultos. Todos queriam ser citados e ilustrados nas páginas e pôsteres da revistinha.
A exposição, que estreou em 2016 em Nova Olinda e depois em Crato, ambas no Ceará, é uma iniciativa da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, em parceria com a Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari e com o Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
O artista
Alemberg Quindins é músico de formação popular, historiador autodidata, simpatizante da Ashoka e líder da Avina.
Avina é uma fundação que trabalha em prol do desenvolvimento sustentável na América Latina, incentivando alianças entre líderes sociais e empresariais.
Considerada a 5ª ONG de maior impacto social no mundo, a Ashoka, criada em 1980 na Índia, é uma organização sem fins lucrativos. Ela lidera um movimento global para criar um mundo no qual todos se reconheçam como agentes de transformação positiva na sociedade.
Foi ele o responsável pela restauração, em 1992, da primeira casa grande da fazenda que deu origem ao Município de Nova Olinda (CE).
Criou a Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri. Essa ONG que tem como missão educar crianças e jovens por meio da gestão cultural e do protagonismo juvenil.
Consultor do Unicef, criou o projeto Vez da Voz nos assentamentos dos sem-terra no Ceará e no Rio Grande do Norte. Além de rádios-escolas em várias cidades do seu estado natal.
Na África, em Moçambique e Angola, criou a rede de jovens comunicadores da língua portuguesa. Por suas realizações já recebeu várias premiações. Inclusive do Unicef e do Ministério da Cultura e do Jornal Folha de São Paulo (empreendedor social).