Cada vez mais idosos são vítimas de golpes.
Isso é o que consta nos dados divulgados recentemente pela Secretaria de Previdência Social.
Na comparação feita entre 2016 e 2017, o número de denúncias cresceu 29%, passando de 947 para 1.222, conforme casos registrados pela Ouvidoria Geral da Previdência Social.
Os criminosos possuem diferente métodos para aplicar os golpes.
Normalmente afirmam que há benefícios ou reajustes pendentes.
Ou alguma quantia de dinheiro esperando a retirada pelo idoso.
Ou até mesmo se identificando como funcionário da Previdência Social para solicitar dados pessoais, entre outras formas.
Ocasionalmente esses golpes não são apenas aplicados por bandidos.
Existem associações que procuram idosos e oferecem o serviço de revisão, cobrando taxas por supostos serviços prestados. Posteriormente, nenhum resultado é apresentado.
Tipos de golpes
Existem várias abordagens usadas pelos estelionatários, entre elas a que os ladrões ligam para os aposentados se identificando como membros do Conselho Nacional de Previdência (CNP), que inexiste.
Assim, eles informam que o beneficiado teria direito a receber benefícios em atraso, geralmente em valores que chama a atenção.
Em seguida, é informado um número para que o aposentado ou pensionista entrem em contato.
Caso seja efetuada a ligação, serão solicitados dados pessoais e um depósito bancário.
A alegação é para liberar um pagamento, na prática algo inexistente.
Outra ação ocorre quando o criminoso visita residências de segurados do INSS passando-se por funcionário da instituição para obter a conta bancária e senha.
Geralmente, eles dizem que é para efetuar o recadastramento anual.
De fato, a Previdência, anualmente, exige a prova de vida e a renovação da senha bancária dos agregados ao INSS.
O novo prazo vence em 28 de fevereiro.
No entanto, é obrigatório ir até a própria agência bancária, portando um documento de identificação com foto.
Existem também associações ditas como auxiliadores de aposentados e pensionistas, oferecendo serviços de revisões de benefícios.
Eles obtêm contato de suas vítimas por meio de listas compradas, onde há dados pessoais e até mesmo o valor da aposentadoria, o que acaba passando a impressão de credibilidade.
Depois é oferecida uma oferta apresentado cálculos com valores a serem recebidos.
Ao longo do processo, os ‘clientes’ pagam taxas para a suposta associação, que alega direito garantido, mas acaba se mostrando um estelionato junto a aposentados e pensionistas que pensam em melhorar suas condições financeiras.
Desconfiança
Sempre suspeitar de milagres.
O aposentado, Ricardo Marcinkevicius, 65 anos, contou que já foi alvo de tentativa de golpe em mais de uma vez.
Ele recebeu uma correspondência alegando que haveria como resgatar um reajuste no seu provento.
‘‘Na carta, existiam todos os meus dados, detalhados, pedindo para comparecer a um escritório. Antes disso, eu já havia consultado meu advogado e estava ciente que não poderia entrar com um processo jurídico para revisão do benefício”.
Desconfiado do convite da suposta associação, ele voltou a contatar seu advogado sobre o ocorrido e teve sua suspeita confirmada.
“Enquanto houver falta de orientação pública, as pessoas estarão suscetíveis às fraudes”, ressalta.
Ilegalidades
O advogado previdenciário e trabalhista, Pedro Villas Boas, orienta que após receber uma comunicação duvidosa, que possa envolver ganho de dinheiro fácil, a primeira conduta caso haja um processo judicial é de contatar um advogado.
Villas Boas explica que há dois tipos de intenções por trás de associações que compram informações ou de profissionais.
A primeira é a criminosa.
Já a segunda é de captação ilícita da clientela, considerada uma ação antiética pela própria OAB.
‘‘O fato do próprio governo estar divulgando eventuais mudanças na Previdência Social, juntando com a desinformação que acaba sendo gerada leva o aposentado a estar vulnerável, facilitando-o a cair nestes golpes’’, afirma Villas Boas.
A quem denunciar?
A recomendação dada pela Previdência é que caso receba uma ligação ou carta suspeita, entre em contato com a Ouvidoria do INSS pelo telefone 135 (funcionamento de segunda a sábado, das 7h às 22h).
Ou pelo site (previdencia.gov.br/ouvidoria) e também denunciar à polícia pelo telefone 190.
Golpes mais frequentes
Falsos funcionários
Ladrões se passam como membros do Conselho Nacional de Previdência (CNP) e fazem ligações telefônicas pedindo para contatar um número especifico.
Prova de Vida e Renovação de Senha
O criminoso visita residências de segurados do INSS se passando por um funcionário da instituição para obter a conta bancária e senha alegando o recadastramento anual e se aproveitando da exigência anual da Previdência.
O recadastramento só deve ser feito nas agências bancárias onde o segurado recebe o benefício.
Falsas Associações
Associações, autoproclamadas como auxiliadoras de aposentados e pensionistas, compram dados pessoais em listas e mandam correspondências oferecendo serviços de revisões de benefícios.