Conscientizar, informar e alertar. Esses são os três pilares do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, lembrado neste domingo (2). A data foi criada em 2007 e desde então cidades brasileiras promovem diferentes ações com a finalidade de ressaltar, principalmente, a importância do diagnóstico precoce.
Segundo estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, estima-se que a cada 68 pessoas uma seja autista, dado que tem aumentado com o passar do tempo. A psicóloga e especialista em Saúde Mental com ênfase no Transtorno do Espectro Autista (TEA), Maria Elisa Granchi Fonseca, ressalta que de acordo com a literatura, existem três hipóteses que justificam o crescimento de casos de autismo: aumento da população global; crescimento da facilidade do diagnóstico e também quanto ao alto consumo de alimentos industrializados.
“Acredito que a facilidade em diagnosticar a criança seja o principal motivo pelo aumento de casos. Hoje, quando a criança está com um ano e meio já começa o diagnóstico e isso se dá por termos mais acesso aos estudos e literatura”, explica Maria, mestre em Educação Especial.
Assim como os avanços nos estudos quanto à síndrome, a especialista acredita que a população também está mais informada e por isso busca pelo diagnóstico precoce. “Quanto antes, melhor. Até os três anos, a criança precisa estar diagnosticada. Se não tratar, o comportamento piora e por conta disso acaba ficando mais grave”, salienta.
Este foi o caso de Ítalo, de 8 anos, que foi diagnosticado com autismo aos três anos. Segundo os pais Gilmar e Flávia Cunha, aos dois anos, Ítalo demonstrou o primeiro sinal de autismo e aos três anos ele já estava diagnosticado.
Para a família, o preconceito é o maior limitador tanto para evolução do filho quanto para a evolução das outras crianças envolvidas e foi por este motivo que deram início ao projeto Otávioshow, no qual o filho mais novo, o Otávio, de 5 anos, narra com o auxílio de seus pais a rotina do irmão.
Educação
Outro desafio enfrentado pelos pais de crianças com necessidades especiais refere-se à educação. ”Já ouvimos muitos: ‘-não estamos preparados para receber o seu filho’. Isso dói muito! Hoje ele estuda em uma escola regular por meio de inclusão, seu material é adaptado com tudo custeado pela gente. O mais importante para nós foi que ele fosse aceito. Isso aconteceu e estamos felizes”, contam Gilmar e Flávia.
A psicóloga explica que a escola é fundamental para a criança autista, não apenas para fazer amigos, mas também para ensinar habilidades. “Eles precisam aprender também habilidades, como ir ao banheiro, atravessar a rua, criar independência e não apenas conteúdo. Temos que lembrar que a criança autista será um adulto amanhã”.
Escola de autistas
O projeto de autoria do ex-vereador de Santos Hugo Duppre (PSD) para construção de uma clínica-escola para autistas ainda não saiu do papel. A previsão era de que o projeto – que segue o modelo da Clínica Escola para Autistas de Itaboraí, no Rio de Janeiro e que irá contemplar mais de 300 crianças – começasse a funcionar ainda em 2016. Segundo a Secretaria de Saúde de Santos, na próxima semana está prevista uma reunião entre representantes da pasta e da Secretaria de Educação com grupo de mães de crianças e adolescentes com TEA para debater a implementação do programa clínica-escola e estabelecer o fluxo de atendimento do futuro serviço.
Hoje à frente da Fupes, Duppre, autor do projeto, ressalta que ainda neste ano a escola deva entrar em funcionamento e que o principal objetivo do local é focar na saúde e bem-estar das crianças.