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Eleições 2018

13 DE OUTUBRO DE 2018

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Especialistas em política divergem sobre o segundo turno

Com início do horário eleitoral, campanhas de candidatos à presidência e ao governo do Estado irão intensificar a luta para o segundo turno

Por: Lucas Freire e
Da Redação

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Desde 2002, a disputa eleitoral para governador do estado de São Paulo não ocorria no segundo turno. Desta vez, o embate será entre o ex-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) e o governador Márcio França (PSB).

No primeiro turno, o candidato do PSDB ficou com 31,77% dos votos válidos (6,4 milhões).

Já França ficou com 21,53% (4,3 milhões).

Assim, a última vez que os eleitores paulistas foram às urnas para definir quem seria o governador eleito aconteceu entre Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT), com vitória do tucano.

Na época, Alckmin ganhou em 87% dos municípios de SP e foi reeleito com 58,64% contra 41,36% do petista.

Para o cientista político Fernando Chagas, a disputa neste ano para ocupar o cargo será equilibrada. Portanto, o horário eleitoral, que já iniciou na sexta (12), terá peso considerável.

No entanto, segundo Chagas, o representante do PSB deverá contar com um certo favoritismo.

“O índice de rejeição do ex-prefeito de São Paulo é muito elevado. No 2º turno esse aspecto negativo é fundamental para decidir a eleição em favor do adversário”, explicou.

Chagas ainda ressalta que, devido ao apoio de Doria a Jair Bolsonaro (PSL), o peessedebista conseguirá o suporte dos eleitores do candidato à presidência.

Contudo, ele enfatizou que os votantes não deverão decidir o voto apenas por apoio político de determinado presidente. Mas, sim, quando os candidatos apresentarem seus programas de governo.

“O candidato Jair Bolsonaro (PSL) é, sem dúvida, um grande cabo eleitoral neste pleito. Porém, a declaração de voto no candidato do PSL não é, por si só, suficiente para decidir a eleição ao Governo do Estado no segundo turno dessa disputa”, relembrou.

Apoios essenciais 

Vale ressaltar que o terceiro colocado na disputa de 1º turno, Paulo Skaf (MDB) declarou apoio a França na última quarta (10) e, com isso, o cientista político acredita que os eleitores do emedebista serão decisivos para a eleição.

Já o cientista político, Rafael Moreira, acredita que Doria irá adotar o discurso antipetismo.

Além de questionar a possibilidade dele não conseguir apoio dentro do próprio partido, pois nestas eleições o PSDB está dividido.

“Doria vai assumir um posicionamento de voz representante do antipetismo no estado. Um Estado onde o Bolsonaro teve muito voto, tentando colar a imagem do petismo no adversário (no caso, França)”, analisa Moreira.

Por outro lado, o especialista acredita que o governador Márcio França vai tentar se descolar da imagem petista, como no caso da união com Skaf, a quem ele tinha convidado para disputar o governo do estado em 2010 pelo PSB.

“Imagino que a narrativa que ele vá colocar será a seguinte: ‘aqui no estado de SP sou muito mais próximo do Skaf do que do PT’ “, destaca.

Além disso, ele acrescenta que o recente apoio de Doria a Bolsonaro – alvo de críticas dentro do PSDB, que decidiu liberar seus representantes – é uma forma de “surfar nos resultados do primeiro turno, onde o candidato à presidência teve votação forte não apenas em SP, mas no Brasil. É a estratégia de campanha dele”.

No entanto, para ele, a neutralidade de França já era esperada.

Rafael explicou que o candidato do PSB tem um histórico próximo ao PT, mas que atualmente esta aproximação não ocorre.

Rafael diz que com o cenário de segundo turno presidencial, uma parte do eleitorado, da imprensa e da política pressionará para que cada candidato se posicione para quem será direcionado o seu apoio.

“Imagino que nos demais estados, as duas candidaturas declarem apoio ao Bolsonaro, simplesmente por ele ter liderado no primeiro turno.”

O cientista político não acredita que França vá colar a imagem dele a de Haddad, mas talvez uma parte do eleitorado pressione para que ele cole, pelo menos no de Bolsonaro.

Algo, porém, que Rafael considera improvável.

Candidatos à Presidência

Se por um lado a eleição para governador está em aberto, o cargo à Presidência está quase assegurado para o candidato Jair Bolsonaro (PSL). É o que acredita Fernando Chagas.

Para ele, os números mostram que o representante do PSL é amplamente favorito para derrotar Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

“Bolsonaro deve conseguir com relativa facilidade a maioria dos eleitores de João Amoedo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Cabo Daciolo (Patriotas). Além de conquistar parcialmente os sufrágios dos candidatos Geraldo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (Podemos)”, enfatizou.

Desta forma, ele considera ser muito difícil uma virada do petista no cenário atual.

No entanto, ele não descarta a possibilidade de equívocos entre Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, como já ocorrera.

Vale lembrar, que, enquanto estava internado devido ao ataque sofrido em Juiz de Fora, em Minas Gerais, no dia 6 de setembro, Mourão criticou o pagamento do 13º salário e do adicional de férias aos trabalhadores.

Ainda declarou que a Constituição de 88 é a culpada pela crise econômica que o Brasil passa.

Diferente de Chagas, Rafael Moreira acredita que no segundo turno haverá uma votação acirrada.

Ele diz que apesar de Bolsonaro ter ganho com facilidade no primeiro turno, o cenário não está consolidado.

Arte: Mala

Disputa de 2006

Moreira relembrou 2006, quando Alckmin teve mais votos no primeiro do que no segundo turno.

O especialista acredita que durante o primeiro turno, o eleitor age de maneira mais passional do que racional.

Já no segundo turno, ele se sente forçado de fato a procurar sobre os candidatos, ver propostas e campanha.

E não apenas esse fator que ele acredita que poderá influenciar no pleito do segundo turno, mas também por conta da divisão de tempo na TV, quando ambos terão o mesmo período.

“Ambas as candidaturas não podem só ficar atacando uma a outra. Vão ter que explicar o que irão fazer, por exemplo, em relação à questão do desemprego, com mais de 13 milhões de desempregados. É aí que a população começa a refletir”.

Para as próximas pesquisas, o cientista político acredita que Bolsonaro virá com índices mais elevados, o que seria natural. Porém, ele considera outro fator.

Quando o cenário eleitoral ainda tinha o ex-presidente Lula na disputa, ele liderava nas pesquisas de intenção de votos.

“Depois disso, o PT passou Fernando Haddad para frente da chapa. E assim, começou a ocorrer a transferência de votos do ex-presidente para o candidato. Essa transferência não se deu por completa, pois uma parte das intenções de votos de Lula foi parar até em Bolsonaro.”

Ele ainda acredita que o eleitor se comporta de maneira homogênea, ideológica. Porém, a coisas não funcionam exatamente assim.

“O grande desafio do PT agora é mobilizar os votos de outros candidatos que ficaram no caminho, como Ciro, Boulos e etc”, ratificou.

Moreira crê que a força do ex-presidente Lula não poderá ser ignorada nesta reta final.

Polarização

Desde 1994, o Brasil já se acostumou a acompanhar a polarização petista contra tucanos em âmbito presidencial. Para Fernando Chagas, a disputa entre os dois partidos continua até os dias atuais.

Entretanto, apenas o PT conseguiu manter a hegemonia do confronto entre vermelhos (PT) e azuis (PSDB).

“PSDB cedeu a sua posição de dominante do lado azul para o discurso radical do candidato do PSL. Que desde 2013, com os movimentos de rua de junho daquele ano, entendeu as reivindicações da maioria do povo brasileiro. Assim, criou um discurso contra a corrupção e combate à violência urbana. Fato que agradou intensamente grande parte do eleitorado azul”, exemplificou.

Na visão da Rafael Moreira, o PT sempre ocupou a centro-esquerda. No entanto, o PSDB sempre fez um antagonismo, abrangendo a centro-direita.

Ainda, segundo ele, o eleitorado era mais à direita, mas hoje já se distancia ainda mais do centro.

Conforme o cientista, Bolsonaro (PSL) beira o campo político extremo que chega a fugir das discussões democráticas.

Assim, os eleitores migraram para a extrema-direita porque “foi encontrada uma candidatura que canaliza o que os extremistas acreditam, incluindo a visão de mundo. Ou seja, o anti-petismo agora é confrontado pelo extremismo”, acrescenta.

Ele finalizou dizendo que todos esses problemas foram a causa do esfacelamento do PSDB. O que, de certa forma, provocou colisões políticas dentro e fora do partido.

Virada

Desde o surgimento da Nova República, em 1985, o Brasil nunca presenciou uma virada do segundo colocado à presidência no segundo turno.

Entretanto, um fato raro aconteceu na Baixada Santista, mais precisamente em Guarujá.

No pleito de 2016, a candidata do PPS, Haifa Madi, obteve 43,17% do votos válidos no primeiro turno, enquanto Valter Suman (PSB) tinha 23,70%.

Entretanto, ao iniciar o segundo turno, a ascensão de Suman foi notória.

Desta forma, o atual prefeito do Guarujá derrotou Haifa por 2.646 votos, mais respectivamente 50,84% a 49,16%, a favor do candidato peessebista.

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