Como homem experiente no setor de mídia, em sua primeira passagem na Baixada Santista como pré-candidato ao governo do Estado, o ex-prefeito paulistano João Doria (PSDB) passou a sexta-feira (29) visitando redações de TV e jornais.
Conhece bem o poder da comunicação para atingir corações e mentes dos eleitores.
Líder em todas as pesquisas eleitorais no Estado, ele demostrou que quer abocanhar (muitos) votos no berço eleitoral daquele que ele considera o seu principal oponente na curta disputa eleitoral marcada para outubro.
Trata-se do atual governador Márcio França (PSB), ex-prefeito de São Vicente e então vice de Geraldo Alckmin, o mesmo que o inseriu na política.
Acompanhado de assessores, integrantes do PSDB e aliados do PRB, PP e PSD, representado pelo ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Gilberto Kassab, Doria sabe o que quer.
Tem raciocínio rápido e responde a todos as perguntas, sem pestanejar.
Objetivo, enfatiza em seu discurso o lado empresarial, onde fez carreira e que foi o mote que garantiu-lhe a vitória, ainda no primeiro turno, na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2016.
“Não sou político. Estou político”, gosta de afirmar.
No entanto, faltam-lhe, muitas vezes, dados e aprofundamento sobre temas, como no caso da Baixada Santista, algo que certamente será complementado pela sua assessoria ao longo da campanha eleitoral, a começar em agosto.
Afinal, se aqui é o reduto onde ele pretende superar seu eventual – e principal- oponente, é importante conhecer detalhes sobre a região, algo que o atual governador França está bem mais habituado.
Bonecos do João
Doria desceu de helicóptero no heliponto do Mendes Convention Center.
De lá, junto com simpatizantes e políticos, rumou para o Centro de Santos em uma van alugada.
Mas, a recepção na Praça Mauá foi, no mínimo, barulhenta.
Aliás, a renúncia ao cargo foi lembrada logo cedo enquanto o candidato tucano tomava café com os correligionários no tradicional Café Carioca, no Centro de Santos.
Com carro de som e bonecos segurando placas do João Enganador, manifestantes protestavam contra o ex-prefeito paulistano.
O curioso é que as críticas eram pelo fato dele não ter cumprido a promessa de permanecer os quatro anos à frente da prefeitura da Capital.
E não em Santos, onde ele estava.
Coisas da política e principalmente de campanha eleitoral oposicionista.
Nem a proximidade do Paço Municipal foi suficiente para uma visita de cortesia (ou vice-versa) na sala do prefeito Paulo Alexandre Barbosa, do seu partido.
“Não estava previsto na agenda”, informou uma assessora do candidato.
Mesmo assim, ninguém da Administração Municipal santista o acompanhou.
Nem o presidente da legenda em Santos, Flávio Jordão, braço direito do prefeito tucano.
Todos negam, porém, uma suposta preferência de Barbosa por Márcio França, atual governador. Será?
Do PSDB local, o acompanharam o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, seu genro e deputado estadual, Cássio Navarro.
E ainda: o presidente regional do partido, Raul Christiano, o deputado federal João Paulo Papa, além do vereador Augusto Duarte, e o ex-prefeito de Cubatão, Nei Serra.
Mídia
Depois do café da manhã e do tradicional pastel do Carioca, foco nas redações de TV e jornal.
Gravou entrevistas na Santa Cecília TV, depois na VTV, onde a família Mansur (dos irmãos Gilberto e Beto) o aguardavam.
Entrou ao vivo no telejornal da emissora onde expôs os motivos que o levaram a sair candidato.
Falou de propostas e parcerias da iniciativa privada com o Poder Público e as contrapartidas obtidas para melhorar São Paulo.
“Conseguimos R$ 822 milhões em equipamentos doados pela iniciativa privada, sem contrapartidas”, enfatizou.
Equipamentos destinados às escolas, postos de saúde e Guarda Civil Metropolitana.
O Corujão da Saúde, implantado na Capital, também será ampliado para o Estado, caso eleito.
“Tínhamos 486 mil pessoas esperando atendimento. Zeramos a fila”, destacou.
Ao final, despediu-se da emissora não sem antes conversar com o deputado Mansur (MDB), da tropa de choque governista e amigo próximo do presidente Michel Temer.
“Vou ligar para ele hoje e falarei que estive com você”, sinalizou Doria a Mansur, que sorriu.
Seria algum sinal que o MDB paulista pode apoiá-lo? Que Paulo Skaf, candidato do partido, não saiba…
Como Doria odeia ficar com fome, a alternativa foi procurar um restaurante nas proximidades.
Escolheram o tradicional Beduíno, especializado em comida árabe, para alegria do ministro Kassab.
Afinal, de origem libanesa, ele foi um dos primeiros a sentar-se à mesa para almoçar.
Isso porque, após a parada, ainda restavam mais duas entrevistas: ao jornal A Tribuna e à afiliada da Record para entrar ao vivo no programa Balanço Geral.
Não é fácil a vida de político…
Pingue-pongue com Doria
Em rápida, mas exclusiva entrevista ao Boqnews.com, o pré-candidato do PSDB ao Governo do Estado, João Doria, respondeu as seguintes questões.
Boqnews – Alguns membros do PSDB acabaram não o apoiando. Como o sr. vê esta situação?
João Doria – Quem pular do barco, sai do PSDB. Aquela postura pouca objetiva do PSDB acabou.
Quem não quiser apoiar, saia do partido e seja feliz.
Aliás, o presidente da legenda, Pedro Tobias, junto com a executiva do partido, já expulsou aqueles que não estarão conosco.
Não há ninguém nesta situação na região.
Afinal, acabou esta conversa de muro do PSDB.
Ou seja, o PSDB tem lado, que é o do seu candidato.
Quem não quiser, saia do partido.
E quem quiser apoiar, será bem-vindo.
Boqnews – Quais suas propostas para a Baixada Santista?
João Doria – Queremos melhorar a qualidade da segurança na Baixada Santista, ampliando o efetivo para os Batalhões Especiais da PM, implantação do Dronepol – a polícia dos drones – como fizemos na Capital, valorizando as polícias militar, civil e científica.
Além disso, ampliar a política de instalação de câmeras de seguranças nas cidades.
E ainda, melhorar as alças de acesso ao Porto de Santos, com início efetivo da construção de ponte ou túnel entre Santos e Guarujá.
Tenho 60 anos. Quando tinha 10 e frequentava o Guarujá, já ouvia a história da construção da ponte.
Enfim, vamos ser práticos, fazendo parcerias com a iniciativa privada para resolver esta questão.
Lixo
Boqnews – A Baixada Santista tem um sério problema em relação à destinação dos resíduos sólidos, em razão do aterro sanitário Sítio das Neves estar com o prazo se encerrando. De que forma o Governo do Estado pode ajudar?
João Doria – O lixo deve ser tratado de maneira empresarial e com boa gestão.
Lixo é fonte de riqueza.
Assim, países civilizados não gastam dinheiro com coleta de lixo.
Isso porque ganham dinheiro para ser mais eficientes de forma que o lixo gere energia. E riqueza.