Em média, 850 pessoas estão em busca de um doador de medula óssea não aparentado, segundo o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e há mais de 4 milhões de doadores cadastrados. Por maior que seja o número de pessoas dispostas em ajudar o próximo, este não é suficiente, pois existe um degrau enorme entre o doador e o paciente: a compatibilidade.
A possibilidade de encontrar um doador de medula óssea não aparentado é de um em cada 100 mil pessoas — sendo que entre parentes há 25% de chance de alguém ser compatível.
A coordenadora do Pró-Medula Santos, Gabriela Cartei, luta, por meio de campanhas e ações, para enfatizar a importância do cadastramento como doador.
“O transplante é a última saída que o paciente tem. Fazemos campanhas para chamar a atenção para a causa, pois existe falta de conhecimento”, diz.
Desde o início do Pró-Medula Santos, em maio de 2016, até o momento, 1930 pessoas se cadastraram, sendo 720 diretamente no Hemonúcleo do Hospital Guilherme Álvaro e 1210 em campanhas externas.
Doação de amor
Em dezembro de 1992, assim que abriu o banco de medula óssea, a professora e voluntária Suely Moreira Walton — na época com 40 anos e hoje aos 65 —, se inscreveu como doadora. Além de salvar a vida de duas pessoas, Suely faz parte da história do Brasil, afinal ela é a primeira doadora de medula não aparentado no País.
“Posso dizer que fui abençoada porque perdi dois irmãos jovens. Um enfartou aos 37 anos e o outro, aos 34, morreu de leucemia. Não fui compatível e a partir do caso dele, eu me inscrevi”, conta.
Três anos após se cadastrar, em 1995, Suely foi chamada para a primeira doação. “A paciente era uma criança, que hoje já é até mãe… Nos conhecemos tempos depois e posso dizer que é um amor incondicional”, conta.
A segunda doação aconteceu em 2000. “Fui compatível com um jovem de 29 anos e só pude conhecê-lo em um congresso do Instituto Nacional de Câncer. Fiquei e fico muito feliz”.
Já que a idade limite para doação de medula óssea é 55 anos, Suely não pode mais ser doadora, no entanto trabalha como voluntária do projeto Salve uma vida, do Rotary Santos Porto que, em breve, vai juntar forças com o Pró-Medula Santos.
Amor e esperança
As campanhas em prol do menino Porthos Martinez Silva Leite, o Porthinhos, hoje aos 17 anos, sensibilizaram as pessoas sobre a importância do cadastro como doador de medula óssea.
Em 2010, aos 10 anos, a família descobriu que o atleta de taekwondo estava com leucemia e deu início aos tratamentos.
“Ele foi tratado durante dois anos e recebeu alta, mas em março de 2013 teve uma recaída”, conta a mãe Gisele Martinez Silva Leite.
“Tentamos o transplante de medula óssea, deu certo e ele teve que ficar três meses em isolamento, pois é isso que consta no protocolo. No dia da saída do hospital, ele teve um AVC por conta do excesso de medicamentos e apenas 2% de chance de viver, mas não desistiu!”.
Em novembro, a família comemora quatro anos que Porthinhos recebeu o transplante.
“Hoje ele tem uma vida normal. Está no terceiro ano do Ensino Médio e quer prestar vestibular para Medicina, pois quer ser oncologista de crianças. Apoiamos e sempre estaremos ao lado dele”, conta, orgulhosa.