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Saúde

02 DE MAIO DE 2017

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Pacientes diagnosticados com câncer precisam de avaliação odontológica

Visita ao dentista deve ser realizada antes, durante e após o início do tratamento oncológico

Por: Da Redação

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A saúde da boca está diretamente relacionada ao equilíbrio e saúde do organismo como um todo. Os cuidados com a higiene e manutenção são extremamente importantes, independentemente da idade, sexo ou hábitos. Porém, eles são específicos para algumas populações como as crianças, as gestantes e, também, pessoas portadoras de neoplasias malignas, ou seja, diagnosticadas com câncer.

Avaliação

De acordo com o dentista estomatologista da Quallis Odontologia e professor universitário na Unimes e

O dentista estomatologista José Narciso Rosa Assunção Junior salienta a necessidade de cuidados com a saúde bucal e os possíveis tratamentos

O dentista estomatologista José Narciso Rosa Assunção Junior salienta a necessidade de cuidados com a saúde bucal e os possíveis tratamentos

Unimonte, José Narciso Rosa Assunção Junior, não importa a localização e nem o tipo de câncer, a avaliação odontológica deve acontecer o quanto antes ao início do tratamento oncológico, se possível. “Os cuidados com a boca para os pacientes com câncer são de suma importância para que o tratamento e a cura desses casos sejam possíveis. A avaliação odontológica deve ser feita antes, durante e depois o tratamento oncológico”, contou. “A pessoa tendo condições bucais adequadas, responderá melhor ao tratamento, qualquer que seja ele: quimioterápico, radioterápico, imunoterápico ou tratamento cirúrgico”, disse.

Caso o paciente não esteja com condições adequadas de saúde bucal antes do tratamento oncológico, os profissionais buscam o que se chama de adequação do meio bucal. “O ideal é fazer com antecedência o que for necessário para que se tenha uma condição de boca favorável para o início do tratamento do câncer, como por exemplo, extração de dente (exodontia), canal ou tratamento periodontal, o que evitará futuros problemas durante o tratamento oncológico”, ressaltou.

Efeitos Colaterais

Alguns dos efeitos colaterais do tratamento oncológico são mais conhecidos pela população como a perda de pelos do corpo e cansaço geral, por exemplo, porém muitos desses efeitos se repercutem na boca e são pouco ou nada discutidos.

O profissional ressaltou outros efeitos colaterais a serem acompanhados e avaliados pelos profissionais: “Há as mucosites, que são ulcerações de mucosa (como aftas); cáries de radiação, que são cáries que evoluem muito rápido e destroem os dentes com facilidade; a xerostomia, que é a sensação de boca seca, junto com a hipossalivação, que é a diminuição do fluxo salivar, e o trismo, que é a dificuldade de abertura de boca”, disse. “Outros efeitos colaterais são a dificuldade de engolir (disfagia) e dor ao engolir (odinofagia). Estes podem acontecer por diversos motivos: pelo próprio tumor que está na região (se for um tumor de cabeça e pescoço), por infecção secundária, pela sensação de boca seca (xerostomia) que dificulta a passagem do alimento ou também por efeito da radioterapia que, por sua vez, causa o edema das mucosas de orofaringe, que dificulta a passagem do alimento”, afirmou.

Segundo ele, existem diversos tratamentos para estes tipos de sequelas.“Alguns realizados de forma mais aguda e objetiva antes ou durante o tratamento oncológico e outros de uma forma posterior. Em qualquer das situações, o cuidado odontológico com estes pacientes têm que ser visto e revisto de perto e o planejamento tem que ser muito bem estabelecido”, disse.

Outros cuidados

Durante o tratamento oncológico podem acontecer infecções bacterianas, virais ou fúngicas. “Deve-se tomar cuidado para que isso não aconteça e se acontecer, minimizar a instalação desse processo”, afirmou o dentista José Narciso. Há também uma outra doença, um possível efeito colateral tardio chamado osteorradionecrose. “Este é um dos efeitos mais sérios. Trata-se de uma necrose (morte) do osso dos maxilares que são atingidos pela radiação durante tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço”, ressaltou. “Esse osso é alterado de tal forma que não cicatriza adequadamente e qualquer procedimento odontológico cirúrgico ou um pouco mais invasivo após a radioterapia pode levar à necrose do osso. Ela é muito difícil de ser tratada e muito penosa para o paciente”, afirmou.

Dificuldades

Por ser um tratamento de início imediato após ao diagnóstico, o tratamento oncológico normalmente impossibilita intervenções odontológicas extensas. Porém, convém da análise e o tipo de tratamento odontológico necessário. “Em grandes centros, existe um protocolo para que os oncologistas, radioterapeutas e cirurgiões oncológicos solicitem uma avaliação do dentista para uma avaliação prévia para, daí então, dar início e andamento ao tratamento mas isso, infelizmente, não é uma rotina em serviços de centros menores”, afirmou. “É comum o paciente chegar para a avaliação odontológica quando já tem um problema instalado e já se encontra em tratamento oncológico. Intervenções em caráter emergencial são sempre mais complicadas, por isso a importância da avaliação prévia”, disse.

Em alguns casos como abscessos, ulcerações ou dores pode ser necessária a suspensão do tratamento do câncer para tal avaliação das sequelas em boca. “Essa suspensão não é ideal mas, às vezes, é fundamental. Contudo, em boa parte dos casos, os tratamentos odontológicos podem acontecer durante a quimioterapia ou radioterapia”, contou José Narciso. “O importante é evitar que o quadro se agrave e evolua para uma forma mais séria como uma septicemia, por exemplo: uma complicação potencialmente fatal de uma infecção”, ressaltou. “Lembrando que, ao suspender o tratamento oncológico por algum motivo, a eficiência do tratamento e chance de cura diminuem. E o paciente não pode fazer isso por conta própria, de forma alguma. Essa decisão é tomada por toda a equipe profissional que o atende”, finalizou.

Outras dificuldades no tratamento oncológico

O odontologista e mestre em prótese dentária Wagner Nascimento conta que pacientes que passam por radioterapia ou quimioterapia, inclusive na região da face, devem contar com atenção especial também, por exemplo, nas áreas de prótese, implante e cuidados básicos. “Além da radioterapia na região da face, há medicamentos no tratamento que podem diminuir o metabolismo, a renovação do tecido ósseo. E, sendo um dos efeitos colaterais da radioterapia a redução significativa de saliva, ela deixa de exercer um papel importante na proteção dos dentes, gengivas e hidratação da mucosa”, afirma.

O odontologista Wagner Nascimento algumas dificuldades surgem por conta do tratamento oncológico

O odontologista Wagner Nascimento algumas dificuldades surgem por conta do tratamento oncológico

Segundo o odontologista, a redução de saliva dificulta a utilização de dentaduras, por exemplo. “Além disso, devido à diminuição da capacidade regenerativa do osso, pequenas lesões provocadas por estas próteses removíveis podem contribuir para o surgimento de problemas graves, como a osteorradionecrose, mencionada anteriormente”, ressalta.

A manutenção de próteses fixas também fica prejudicada, segundo ele, ainda pela redução da saliva, somada a alteração estrutural sofrida pelo dente. “Restaurações em resina composta (material da cor do dente, comumente usado em procedimentos restauradores) costumam não aderir adequadamente aos dentes de pacientes submetidos a radioterapia na região da face e, também, o tecido gengival inflama com maior facilidade, o que demanda maior cuidado e observação constante”, finalizou.

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