Tamanho exagerado de porções em restaurantes contribui para obesidade | Boqnews
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Saúde

11 DE JANEIRO DE 2019

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Tamanho exagerado de porções em restaurantes contribui para obesidade

Estudo mostra que prato feito pode ser mais calórico que fast food

Por: Camila Maciel
Da Redação

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O tamanho das porções de comida servidas em restaurantes populares contribui para o aumento da obesidade.

A conclusão é de um estudo que pesou e mediu o valor calórico de uma refeição completa, em cinco países: Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia.

Excetuando a refeição chinesa, o volume calórico por prato feito (PF), como se diz no Brasil, chega a ser, em média, 33% maior do que a de um lanche de fast food (comida rápida).

O consumo das porções servidas em restaurante populares fornece entre 70% e 120% das necessidades calóricas diárias para uma mulher sedentária.

Portanto, cerca de 2 mil quilocalorias (kcal).

“Os profissionais da área da saúde que lidam com pessoas obesas estão muito preocupados em orientar a população para não comer fast food. Mas, na hora que vai ver a refeição completa, ela também está exagerada”, afirma a pesquisadora brasileira Vivian Suen, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

O trabalho, coordenado pela Tufts University e com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foi publicado no British Medical Journal.

Na média, os fast foods ofereciam refeições com 809 calorias.

Entretanto, as servidas à la carte (que constam do cardápio), 1.317 kcal.

A pesquisadora alerta que o resultado não indica que o fast food é uma refeição mais saudável.

Porque não foi analisado cada nutriente.

No entanto, chama a atenção para o PF, que poderia ser uma refeição equilibrada e que, na verdade, está contribuindo para o ganho de peso.

 

Embora alto, o valor calórico das refeições em fast foods foi inferior ao de de pratos feitos. Foto: Arquivo/Agência Brasil

 

Qualidade alimentícia

Além da quantidade de comida oferecida pelos restaurantes em uma única refeição, também foram percebidos preparos que fazem aumentar o ganho calórico.

Vivian cita como exemplo o arroz, que comumente está brilhante, indicando cozimento com excesso de óleo.

“O estudo não focou na qualidade, mas podemos dizer que tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, essa alimentação não é saudável. Precisa prestar atenção nesse prato feito, que é uma refeição completa, mas que não está sendo saudável”, alertou.

Os dados mostram que 94% os pratos à la carte e 72% dos servidos em fast foods continham mais de 600 kcal.

Ou seja, mais que o consumo energético por refeição recomendado pelo Sistema de Saúde Pública da Inglaterra (NHS).

O estudo mediu as calorias de 223 amostras de pratos populares.

Além de 111 refeições escolhidas aleatoriamente à la carte e de fast foods de restaurantes.

Os locais escolhidos foram: Ribeirão Perto (Brasil), Pequim (China), Kuopio (Finlândia), Acra (Gana) e Bangalore (Índia).

Eram considerados restaurantes que ficam a um raio 25 qiuilômetros de cada centros de pesquisa.

Conforme as medições, o tradicional PF brasileiro, com arroz, feijão, frango, mandioca, salada e pão, tem 841 gramas e 1.656 kcal.

O clássico ganês fufu, com carne de bode e sopa, tem 1.105 gramas e 1.151 kcal. O típico prato indiano biryani de carneiro tem 1.012 gramas e 1.463 kcal.

Organismo resiste

A obesidade é considerada uma epidemia global pela OMS.

Estima-se que 1,9 bilhão de adultos tenham sobrepeso, dos quais 600 milhões estão obesos.

“Diabetes, colesterol aumentado, aumento do triglicerídeos, pressão alta, tudo isso que a gente sabe que acompanha a obesidade quando ela se torna uma doença crônica”, destaca Vivian.

A pesquisadora explica que as porções exageradas têm efeito no chamado mecanismo compensatório.

“São pessoas que não conseguem compensar numa refeição seguinte o que ela comeu antes. O organismo do obeso desenvolve defesas contra perda de peso.”

Segundo Vivian, a pessoa obesa perderia a percepção para regular a quantidade de comida necessária para a refeição subsequente.

Outro problema é que o organismo de pessoas obesas cria resistência à perda de peso.

De acordo com a pesquisadora, que há casos descritos na literatura médica em que, à medida que se reduz a ingestão calórica, a pessoa em tratamento começa a gastar menos calorias.

“Parece que o organismo, a partir de certo peso, tenta manter o peso que tinha antes. Ninguém sabe explicar ainda como é que isso realmente funciona.”

Vivian diz que o melhor é prevenir o ganho de peso.

“Se você vai a um desses restaurantes em que a porção é excessiva, divida. Não coma tudo. E tente, dentro daquilo que existe disponível, escolher as opções mais saudáveis. Depois que a pessoa ganha peso é muito difícil perder”, recomenda a pesquisadora.

Ela aconselha ainda mudanças no ato de comer, como mastigar devagar e dar mordidas menores na comida.

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