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Opinião

20 DE FEVEREIRO DE 2017

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Carta desabafo de um jornalista, servidor público e, acima de tudo, cidadão

O jornalista e servidor público Alexandre Ramos analisa o anúncio do não reajuste salarial dos servidores por parte da Prefeitura de Santos

Por: Da Redação

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Primeiramente, mais do que um artigo jornalístico ou uma ‘insatisfação escrita’ enquanto servidor público, opto por abordar o presente texto como um desabafo de um cidadão de Santos.

Nunca confiei na esmagadora maioria da classe política e nossa cidade nunca foi berço de honrosas personalidades no ramo, mas o atual prefeito, o Sr. Paulo Alexandre Barbosa, está indo longe demais.

Mentiras, quantas mentiras!!! A ESTRATÉGIA CLARA É UTILIZAR, OPORTUNAMENTE, A CRISE ECONÔMICA ATUAL COMO FORMA DE COLOCAR A POPULAÇÃO SANTISTA CONTRA OS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO!!!

Engraçado como não há dinheiro para o reajuste salarial (que sequer é ‘aumento’, e sim mera compensação pela inflação) anual dos servidores públicos, mas há para financiar ‘mimos’ como queima de fogos no Reveillon, desfiles de samba no Carnaval, entre outros. Ah, e que ninguém venha dizer que foi a iniciativa privada quem financiou tudo isso. Não subestimem o discernimento da opinião pública (da qual eu e cada servidor e cidadão santista fazemos parte, aliás), por favor.

A verdade é que não há, por exemplo, preocupação ou interesse na extinção do cargo de Secretário Adjunto, absolutamente desnecessário (tanto que há até propositura na Câmara no sentido de eliminá-lo). Se, na ausência dos Secretários titulares, muitas vezes quem os substituem são chefes de departamento, então para que servem os Secretários-Adjuntos, afinal??? Respondam vocês, munícipes santistas pagadores de impostos.

Vamos além. Justamente em períodos pré, durante e pós-campanha eleitoral, vimos contratações (centenas delas, aliás) de mais e mais Frentes de Trabalho, e não muito depois de o Ministério Público passar a investigar o Executivo santista por supostos pagamentos via “chequinhos”.

Assistimos ainda a uma ‘pseudo-reforma administrativa’, que consistiu em nada mais do que meras mudanças de postos de trabalho e nomenclaturas de Secretarias, departamentos, coordenadorias e seções. Os mais de 300 cargos em comissão (‘cargos de confiança’) destinados, em sua maioria, a pessoas que sequer prestaram concurso público, permaneceram aí, para todos verem. Não houve a preocupação do Sr. Paulo Alexandre Barbosa em reduzir o número de cargos de confiança, cujos vencimentos variam de R$ 5 mil a R$ 19 mil mensais. Para os cargos em comissão, parece sempre haver dinheiro. E que todos percebam que nunca antes, na história de Santos, houve tão poucos cargos de confiança ocupados por servidores concursados. A esmagadora maioria é hoje ocupada por pessoas indicadas pelo prefeito, por seus Secretários e vereadores. Pessoas essas que nunca se submeteram a um concurso público sequer ou fizeram parte do quadro de servidores da Prefeitura anteriormente.

E o nepotismo??? Não há esposas de Secretários, por exemplo, ocupando cargos em comissão???

Não há também pessoas ocupando cargos de confiança porque foram “cabos eleitorais”, inclusive colocando dinheiro em campanhas???

A imprensa de Santos e região tem noticiado isso exaustivamente. A mídia está inventando tudo???

E designar ex-vereadores da base para ocupar cargos de Secretários??? Nada demais nisso também???

Percebam que nada do que mencionei aqui é novidade (ao menos, não deveria ser). Tudo isso vem sendo noticiado e exibido aos quatro cantos, pelos mais diversos meios de comunicação. Eu, como jornalista e parte prejudicada enquanto cidadão e servidor público, não poderia fechar meus olhos para tantas práticas lamentáveis.

Mais recentemente, eis que então o óbvio e previsível aconteceu: o Sr. Paulo Alexandre Barbosa concedeu entrevista à imprensa justificando que todas as mazelas de Santos se devem à crise econômica (e não à sua desastrosa gestão como prefeito) e que, diante de tanto dinheiro investido em queima de fogos, Carnaval, cargos em comissão, Frentes de Trabalho, Secretários-Adjuntos e afins, a solução é não comprometer mais do Erário (conjunto dos recursos financeiros da Cidade) com o reajuste salarial (leia-se ‘mera reposição inflacionária’) dos servidores públicos. Ao que parece, nosso prefeito também não pensa em comprometer recursos com as escolas e hospitais da Cidade, totalmente sucateados, deixando a população que paga seus impostos largada à própria sorte.

Aliás, é importante deixar claro que o único gasto realmente justificável e baseado em mérito seria exatamente o direcionado ao reajuste dos servidores da Prefeitura.

Entenderam agora por que a Prefeitura atrasou tanto (desde outubro do ano passado) o pagamento do nosso PDR (Participação Direta nos Resultados)??? Querem desviar a atenção da opinião pública para bem longe da inexistência de oferta de reajuste salarial. Estratégia previsível e lamentável.

A situação chegou ao ponto de determinado Secretário afirmar que enfermeiros recebem salários em torno de R$ 9 mil mensais!!! Meu Deus!!! Mentiras sem fim!!! A Administração atual quer convencer a população de que as ‘mazelas financeiras’ de Santos são culpa dos servidores públicos, e não da má gestão dos recursos financeiros municipais pelo Sr. Paulo Alexandre Barbosa e sua equipe.

Hoje, inclusive, mais mentiras: o nosso prefeito dizendo que nunca prometeu baratear as tarifas do transporte público (tentou impor 18% de aumento no preço das passagens), o que foi prontamente desmentido pela TV Tribuna, que tem tal promessa (mais uma não cumprida) devidamente gravada em seus arquivos de vídeos.

Diante do exposto, alguém ainda acredita mesmo que, em junho ou julho, o Sr. Paulo Alexandre Barbosa vai retomar o assunto e nos oferecer ao menos a reposição inflacionária, devidamente retroativa ao mês-base de fevereiro, como determina a lei??? Isso me faz lembrar um determinado ex-prefeito que nos enganou por oito anos (dois mandatos), período em que não nos concedeu reajuste salarial nenhum. Qualquer semelhança entre tal ex-prefeito e o atual é mera coincidência. Ou não.

Importante frisar que não se pode aceitar comparações entre a situação financeira de cidades vizinhas e a de Santos. A arrecadação, os repasses recebidos e a soma das rendas geradas anualmente em Santos são ‘de outro planeta’ se comparados aos números de São Vicente, Cubatão e afins.

E então??? Vamos abrir mão de nosso merecido e necessário reajuste salarial e arcar novamente com a perda de poder aquisitivo diante da inflação??? Respondam vocês, colegas servidores.

Alexandre Ramos, jornalista, servidor público e cidadão santista

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