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07 DE JUNHO DE 2012

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Invadiram minha casa e roubaram meu orgulho

(*) Carlos Ratton Companheiros jornalistas Nesta quinta-feira – feriado de Corpus Christi – três marginais invadiram minha casa, no Jardim Enseada, em Guarujá. Eu estava trabalhando. A Vanessa e as crianças estavam em casa e, por sorte, nada sofreram. Ela teve o sangue frio de se trancar em um dos cômodos até a polícia chegar, […]

Por: Da Redação

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(*) Carlos Ratton

Companheiros
jornalistas


Nesta
quinta-feira – feriado de Corpus Christi – três marginais invadiram minha casa,
no Jardim Enseada, em Guarujá. Eu estava trabalhando. A Vanessa e as crianças
estavam em casa e, por sorte, nada sofreram. Ela teve o sangue frio de se
trancar em um dos cômodos até a polícia chegar, o que demorou cerca de 20
minutos, talvez os mais difíceis de minha vida, comparados apenas aos minutos
após a morte de meu pai.

Do
centro de Santos até Guarujá tive que controlar minha revolta. Tive que lidar
com minha total impotência diante da situação, aos poucos minimizada por causa
do bendito rádio, em que podia ouvir a voz de minha esposa e filhos,
passando-me informações que, aos poucos, a segurança estava sendo
restabelecida.    

Os
marginais já haviam fugido e nada levaram, a não ser o meu orgulho de morar
numa cidade tão bonita, porém, sem a menor condição de se viver dignamente,
como trabalhador e pai de família. Uma cidade largada à própria sorte.

Do
feriado de Carnaval até este, foram dezenas de assaltos, roubos e invasões no
bairro em que moro. Portanto, não falo apenas do meu caso. Meus vizinhos de
porta já mudaram. Outros abandonaram suas casas com tudo dentro.

Por
ser de terra, as viaturas policiais têm dificuldades de se locomover, o que
deve acontecer também com ambulâncias e carros de bombeiros. Isso é porque moro
próxima às praias da Enseada e Pernambuco, prestigiadas na região. Imagina quem
mora nos bairros mais distantes.

Não
falo somente de agora. Há anos que ninguém toma qualquer providência com
relação à falta de segurança nessa cidade. A única coisa com que se preocupam é
como vão ficar ricos, como poderão comprar mansões, como poderão manter o
status conseguido através da miséria alheia.

Gostaria,
nestas poucas linhas restantes, deixar claro que quem fala não é o jornalista –
que tem que se manter imparcial sempre – mas o cidadão, que não precisa tanto
cuidado ao se expressar e, esquecendo-se da profissão, pode, sim, pelo menos
uma vez, legislar em causa própria.

Não
culpo os três bandidos que invadiram minha casa, pois, na verdade, eles também
são vítimas desse Estado falido, comandado há anos por políticos hipócritas,
ladrões, mercenários e corruptos, que só pensam em encher os bolsos de dinheiro
as custas da indignidade humana.

Culpo
sim, prefeitos, prefeitas, vereadores, vereadoras, deputados e deputadas da
região. Esses politiqueiros de merda que, quando o governador visita a região,
ficam, junto com dezenas de puxas-sacos, “babando o ovo” em elogios hipócritas,
regados a almoços, jantares e outros tipos de rapapés, esquecendo-se de COBRAR
atitudes das demais autoridades constituídas.

Culpo
os despreparados secretários e secretárias de Estado, que enchem seus gabinetes
de assessores, que não batem cartão, não trabalham e não deixam gente decente
trabalhar. Secretários e secretárias que não têm a mínima condição de governar
suas próprias vidas, quanto mais olhar pela vida dos demais cidadãos.

Culpo
os governadores de São Paulo, que vêm para Santos e região apenas para anunciar
obras faraônicas e se esquecem de cuidar do básico, de dar salário digno aos
policiais, de aumentar o número de viaturas, de armar a polícia com
equipamentos iguais aos usados pelo narcotráfico, enfim, de dar dignidade ao
policial que arrisca a vida para defender o cidadão.

 Até quando nós, cidadãos e cidadãs de bem
teremos que conviver com essa gente ruim – não é dos bandidos que invadiram
minha casa e colocaram minha família em perigo que estou falando – medíocre e
mal intencionada.

Estou
me referindo aos bandidos de colarinho branco, que pregam a ação, mas praticam
a omissão. Que se dizem do povo, mas são contra o povo. Que se mostram
honestos, mas roubam diariamente o dinheiro e a dignidade do trabalhador. Que
se mostram cristãos, mas fazem qualquer acordo, nem que seja com o diabo, para
se dar bem na vida.

De
hoje em diante, como cidadão, vou ficar mais atento ao chegar em casa. Vou
aumentar o aparato de segurança. Vou tentar minimizar o drama vivido por minha
mulher e meus filhos, em fim, vou conviver com mais essa decepção.

Como
jornalista, posso garantir que vou fazer uma coisa que já me especializei, que
é denunciar as mazelas sociais e quem as comanda: os políticos brasileiros,
essa raça de filhos da puta, que não honra o voto que lhe é confiado.

Que
Deus me ilumine e que me dê forças para me manter equilibrado. 

(*) Presidente regional do Sindicato dos Jornalistas da Baixada Santista

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