Ao pensar em Dia do Folclore, celebrado nesta terça-feira (22), as primeiras memórias que vem à mente são relativas ao Saci-pererê, o Boto-Cor-de-Rosa, Curupira, Mula sem Cabeça, entre outros personagens da cultura brasileira conhecidos assim que as crianças ingressam na rede de ensino. No entanto, com o estrangeirismo cada vez mais presente na rotina dos brasileiros percebe-se uma transformação na valorização da cultura nacional.
Segundo o doutor em História e Cultura Social e professor na Universidade Católica de Santos (Unisantos), Cesar Agenor Fernandes da Silva, há cerca de 15 anos a cultura estrangeira tem ganhado adeptos entre os brasileiros e isso faz parte de um processo natural.
“Tratam-se de culturas muito fortes. As escolas de idiomas, por exemplo, ressaltaram o Halloween, também chamado de Noite dos Mortos, no México. O que não pode acontecer é deixarmos a nossa cultura de lado. O folclore brasileiro passou a ter outra valorização e, infelizmente, temos pouco contato com suas lendas e curiosidades”.
Cesar analisa que existem deficiências graves nos currículos básicos de educação. De acordo com suas avaliações, a escola repassa muito mais conteúdo sobre a Europa e do que sobre o próprio Brasil.
“Não digo que não devemos estudar o outro, mas precisamos conhecer nossa história. Sabemos muito sobre os ancestrais europeus e pouco sobre os africanos sendo que a maioria da nossa população tem muitos descendentes”, avalia.
“O conhecimento é fundamental. Um povo sem cultura não sabe sua identidade e particularidades enquanto brasileiro. Temos direito à memória. A história não pode ser retratada apenas por poucos homens e heróis, mas também pelas manifestações da população”.
Mas o que é folclore?
São lendas, mitos, personagens e manifestações artísticas com contexto histórico que são contadas ao longo dos tempos.
Acredita-se que a região Norte do Brasil tenha sido a mais rica na criação desses mitos, como a sereia Iara, que atraia homens pelo seu canto mágico, e o Curupira, de cabelos vermelhos e pés voltados para trás, protetor da floresta. Já no Sudeste, o mais emblemático é o Saci-Pererê, caracterizado com um gorro vermelho, cachimbo e que tem apenas uma perna.