Um bebê que nasce na Baixada Santista tem quase 30% a mais de chances de morrer antes de completar as primeiras semanas de vida do que os demais nascidos no Estado de São Paulo.
Estudo divulgado hoje (4) pela Fundação Seade com base nos dados dos Cartórios de Registro Civil de todos os municípios paulistas indica que, em 2016, a taxa de mortalidade infantil – TMI no Estado correspondeu 10,9 óbitos por mil nascidos vivos.
Na Baixada Santista, a média do ano passado foi de 13,8, superando até a região do Vale do Ribeira, a mais pobre de São Paulo.
Em números, a Baixada Santista representou em 2016 3,9% do total de nascimentos no estado paulista (equivalente a 23.844 bebês, dentro do universo de 599.942 crianças nascidas em 2016).
No entanto, 330 dos 6.544 bebês que falecerem são de pais residentes na Baixada Santista, o equivalente a 5% do total.
Esta diferença numérica significa que morreram 72 crianças a mais que a média paulista, se fosse mantida a mesma proporção da representatividade da região em relação aos nascimentos no estado (3,9% e não 5%).
Cidades como Bertioga e Santos tiveram aumentos significativos no total de casos registrados na comparação entre 2015 e 2016.
Bertioga passou de 9,2/1000 nascidos vivos em 2015 (a mais baixa entre as nove cidades da região) para 12,7 no ano passado.
Santos registrou um crescimento de quase 40%, passando de 10,7 casos fatais/1000 nascidos vivos em 2015 para 14,3, superior à média regional de 13,8. (veja no quadro as cidades pintadas em vermelho que tiveram indicadores acima da média regional).
Por sua vez, Praia Grande registrou a maior queda, de 17,3 em 2015 para 13,4 no ano passado, assim como Guarujá, de 15,7 para 13,6.
Mais dados
Em relação a 2010, quando a mortalidade infantil chegava a 11,9 por mil, houve queda de 8,3%, segundo a Fundação Seade.
A magnitude dessa redução pode ser constatada ao se considerar que, nesse período, o número de nascidos vivos permaneceu praticamente constante, em torno de 600 mil, enquanto os óbitos de menores de um ano diminuíram mais de 8%.
Em 2015, a TMI foi de 10,7 óbitos por mil nascidos vivos.
De acordo com o estudo, duas em cada três mortes infantis ocorreram no período neonatal (até 28 dias de vida), proporção que se mantém praticamente inalterada nos últimos anos.
Entre 2010 e 2016, a redução da mortalidade pós-neonatal (mais de 29 dias até um ano de idade) foi ligeiramente mais acentuada (9,2%) do que a neonatal (6,8%), mas praticamente dois terços da queda da mortalidade infantil deveram-se à redução do risco neonatal.
Analisando as regiões do Estado, a Baixada Santista, com 13,8 óbitos por mil representa a região com risco de morte infantil 27% superior à média do Estado, enquanto no DRS – Departamento Regional de Saúde de São José do Rio Preto (8,3) essa mortalidade é 25% menor do que a média estadual.
Chama a atenção que, no período 2010-2016, a TMI aumentou mais 40% no DRS de Barretos, 11,8% no DRS de Marília e 7,1% no DRS de São João da Boa Vista.
Já a redução da mortalidade infantil alcançou 24,8% no DRS de Piracicaba, 18,4% no de Campinas e mais de 14% nos DRS de Taubaté e Araraquara.
A taxa de mortalidade infantil, que relaciona as mortes ocorridas entre crianças menores de um ano com o número de nascidos vivos em determinado momento do tempo, é um dos indicadores mais utilizados para aferir as condições de vida da população, em especial aquelas relacionadas à saúde.
Confira o quadro
Taxa/1000 nascidos vivos 2012 2013 2014 2015 2016 Média 2012/2016
DRS 04 – Baixada Santista | 15,6 | 15,9 | 14,5 | 14,6 | 13,8 | 14,9 |
Bertioga | 14,7 | 18,9 | 8,4 | 9,2 | 12,7 | 12,7 |
Cubatão | 18,7 | 23,3 | 16,5 | 18,5 | 17,3 | 18,9 |
Guarujá | 18,7 | 21,3 | 18,1 | 15,7 | 13,6 | 17,5 |
Itanhaém | 14,9 | 9,8 | 14,0 | 12,9 | 11,4 | 12,6 |
Mongaguá | 20,0 | 3,0 | 8,7 | 22,3 | 8,0 | 12,5 |
Peruíbe | 9,0 | 10,1 | 22,1 | 11,9 | 14,4 | 13,6 |
Praia Grande | 13,9 | 14,2 | 11,6 | 17,3 | 13,4 | 14,1 |
Santos | 13,9 | 12,7 | 14,3 | 10,7 | 14,3 | 13,2 |
São Vicente | 15,8 | 16,7 | 13,5 | 14,4 | 14,5 | 15,0 |