Para o futuro, apenas a construção de um túnel
sob o estuário do porto santista, a começar
em três meses segundo o ministro dos Transportes.
O parágrafo acima faz parte de uma reportagem publicada em 25 de agosto de 1987, que demonstra o quão antigo é o projeto de ligação seca no município.
Discussão que começou bem mais cedo, por volta de 1927, e aprimorada em estudos do engenheiro Prestes Maia, na década de 1950.
Prefeito de Santos nos anos de 1984 a 1988, Oswaldo Justo já defendia a ligação como sendo a solução para a Cidade, necessária para o desenvolvimento econômico e social da região.
Prestes a completar um século do projeto que nunca saiu do papel, de tempos em tempos o assunto, principalmente em anos eleitorais, volta a ser debatido.
Parece, entretanto, que o que tinha se tornado quase que uma lenda urbana começa a ganhar aspectos que pode se tornar realidade, mas ainda sem data definida.
Não será um túnel como projetaram no século passado, mas uma ponte.
Projeto
De concreto, há o Estudo de Impacto de Vizinhança, apresentado pela Ecovias (concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes), com consultoria da empresa Geotec.
Ele foi publicado em março deste ano e, no site da prefeitura de Santos, é possível conhecer detalhes.
Com um custo estimado de R$ 2,9 bilhões, a obra terá um total de 7,5 quilômetros de extensão.
Possibilitará a ligação por rodovia entre as duas margens do Porto de Santos e interligando as rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni.
Portanto, une importantes eixos viários da Baixada Santista.
Segundo a Ecovias, o projeto apresentado está em fase de estudo pela Artesp – Agência de Transporte do Estado de São Paulo.
Em nota, a agência explicou que após análise do material, o corpo técnico já solicitou, no início desta semana, informações adicionais sobre o estudo de tráfego. Dessa forma, para dar prosseguimento às avaliações necessárias para aprovação do projeto.
De acordo com a Prefeitura de Santos, está em estudo a conciliação da obra da ligação seca com as obras da entrada de Santos e o acesso ao Porto.
Em nota, a Secretaria de Assuntos Portuários, Indústria e Comércio de Santos, explica que é importante ressaltar que o projeto apresentado pode beneficiar o transporte de cargas e o desenvolvimento de novas atividades econômicas sustentáveis.
Entretanto, tem que se tomar o devido cuidado para que não prejudique a operação portuária ou ocupação desordenada.
“A interligação deve atrair o interesse da iniciativa privada por ser de grande interesse econômico. Mas tem que ser respeitada a legislação, que inclusive permite operações portuárias e instalação de áreas retroportuárias na área continental”.
Geração de Mão de Obra
Está prevista a contratação de mão-de-obra direta e indireta para a implantação do empreendimento quantificada em torno de 5.000 trabalhadores, variando ao longo do período de obra.
Impactos
Quais serão os reais reflexos deste empreendimento para a região?
Segundo o jornalista e consultor de finanças públicas Rodolfo Amaral, é inquestionável a mudança que o empreendimento causará nas áreas próximas à construção da ponte além do reflexo econômico.
No entanto, ele ainda espera a liberação de outros estudos e documentos para fazer uma análise mais aprofundada no que se refere aos números.
Para Amaral, a obra influenciará toda a atividade portuária, afetando economicamente no que se refere a fretes e outras questões.
Trará, por exemplo, um reflexo para as prefeituras em relação a IPTU, geração de empregos, além da urbanização das áreas.
“Pode-se prever que em 20 anos, após a construção desta ligação, a área continental e Vicente de Carvalho, em Guarujá, terão uma nova configuração urbana. Impactará na valorização de terrenos e na possível verticalização dos bairros que hoje são horizontais. Trará uma mudança inclusive de plano diretor do município”, explica.
A ligação poderá abrir novas possibilidades também em questão de transporte municipal com a área continental de Santos.
“Existem barcas e transportes marítimos que fazem essa travessia, mas com a ligação seca o transporte coletivo poderá ser implantado entre as duas margens de Santos, com conforto e regularidade para que os moradores possam ter maior facilidade de locomoção”, explica a Prefeitura, em nota.