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Opiniões

16 DE DEZEMBRO DE 2019

Aprender com Paraisópolis

Por: Humberto Challoub

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A desastrada atuação policial na comunidade de Paraisópolis, que resultou na morte de nove jovens e deixou outras 12 pessoas feridas, é mais um triste capítulo resultante da trágica realidade vivida pelas populações que habitam as favelas brasileiras, quando se sabe que há muito o Brasil figura na relação dos países do mundo com maiores taxas de jovens, com idades entre 15 a 24 anos, vitimados pela violência urbana.

É sabido que o aparelhamento técnico das polícias, o aumento e melhor treinamento dos contingentes policiais e a ampliação dos setores de inteligência ajudam a reduzir a criminalidade e a diminuir a violência, porém não são suficientes para assegurar a manutenção de padrões mínimos aceitáveis de segurança para o atendimento a todas as camadas do população.

A destinação de volumes de recursos públicos cada vez maiores ao setor representam um paradoxo, na medida em que ainda se revelam insuficientes para inibir e contrapor o crescimento contínuo da violência e da criminalidade.

Evidencia-se assim o fracasso das políticas públicas de segurança baseadas apenas no fortalecimento das ações voltadas ao enfrentamento e à repressão de crimes, ao mesmo tempo em que torna-se urgente a necessidade de integrar definitivamente o trabalho realizado pela polícia no contexto de projetos sociais e educacionais.

Notadamente, a maior parte das atividades criminosas têm encontrado abrigo e se multiplicado com vigor nos ambientes que abrigam as populações mais pobres, desassistidas em seus direitos fundamentais de cidadania, das oportunidades de trabalho, sem infraestrutura básica e totalmente desprovidas de do atendimento adequado nas áreas da saúde, educação e cultura. Não há mais dúvida de que o combate à criminalidade deve também incluir iniciativas sócio-educativas, a partir da constatação dos bons resultados já alcançados pelos poucos projetos dessa natureza colocados em prática no País. Somente investimentos em armamentos e contingentes policiais não serão suficientes para reverter a realidade atual.

Da mesma forma, revela-se urgente adoção de leis punitivas mais rigorosas e a reformulação dos sistemas carcerários instalados no País, improdutivos e dispendiosos, hoje transformados em verdadeiras escolas de criminalidade espaços de desprezo aos diretos humanos. Sabe-se agora que, mais do que destinar generosas fatias dos orçamentos públicos, a melhora da segurança dependerá de uma profunda mudança conceitual, exigirá competência e, sobretudo, vontade política dos governantes.

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