Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade é uma doença que voltou a crescer nos últimos anos no Brasil.
A informação é da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, feita em 2018 e anunciada em julho do ano passado.
De acordo com o estudo, houve aumento de 67,8% de casos de obesidade nos últimos 13 anos. Em 2006, o índice era de 11,8%, subindo para 19,8% em 2018. Entre 2015 e 2018, a prevalência era estável, permanecendo em 18,9%.
No ano da pesquisa, a obesidade entre adultos cresceu 84,2% na faixa etária de 25 a 34 anos, e 81,1% nos adultos de 35 a 44 anos.
O Vigitel registrou, ainda, que mais da metade da população brasileira apresentava excesso de peso (55,7%), contrastando com os 42,6% computados em 2006.
Diagnóstico
Para determinar se um indivíduo é obeso, o principal parâmetro é o Índice de Massa Corporal (IMC), utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para calcular o IMC divide-se o peso do paciente pela altura dele elevada ao quadrado. O resultado entre 18,5 e 24,9 considera o peso normal, enquanto o sobrepeso aparece a partir de 25.
Porém, quando o IMC é superior a 30, o paciente é considerado obeso.
A endocrinologista Tatiana Denck Gonçalves explica que o sobrepeso indica mais gordura que o ideal no corpo, enquanto a obesidade indica a possibilidade de problemas de saúde.
Além disso, quando o IMC é superior a 40, aparece a obesidade mórbida. O termo, segundo a médica, tem relação com as morbidades (ou doenças) associadas a ela.
Hipertensão arterial, diabetes tipo 2, hérnias e problemas respiratórios são alguns dos exemplos.
Fatores
Entre as principais causas, alimentação inadequada ou excessiva colaboram para a obesidade, bem como o sedentarismo.
“É preciso que haja um equilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e a energia gasta ao longo do dia”, enfatiza Tatiana.
Além disso, fatores emocionais e transtornos mentais – estresse, frustrações, depressão, bipolaridade, ansiedade, entre outros – podem contribuir para o ganho de peso.
Metabolismo lento e fatores genéticos também tornam o indivíduo suscetível à doença.
A endocrinologista pontua, por outro lado, que oscilações hormonais não têm responsabilidade significativa no ganho de peso.
Alterações na tireoide, por exemplo, também podem favorecer o aumento de peso, mas nada extremo.
“Geralmente, a ordem é de 3 a 5 quilos quando a doença não está sendo tratada. A culpa, na maioria das vezes, é da retenção de líquidos e não do acúmulo de gordura”, esclarece.
Obesidade infantil
Um fator preocupante é a incidência da doença nas crianças. Segundo o Ministério da Saúde, 3 em casa 10 na faixa de 5 a 9 anos estão acima do peso.
Tatiana destaca que uma criança obesa tem 80% de chance de tornar-se um adulto obeso, acompanhado de problemas osteoarticulares, gordura no fígado, apneia do sono, refluxo gástrico, entre outras patologias.
Não bastasse, nesse período, problemas de autoestima e bullying podem ser agravantes. Dessa forma, a expectativa de vida da geração atual pode ser colocada em risco.
O paciente obeso, precisa, sobretudo, de uma abordagem multidisciplinar no tratamento, que inclui também o apoio psicoterápico.