
Desde o ano passado, comerciantes espalharam cerca de 20 faixas pela rua para solicitar mudanças no projeto apresentado. Foto: Nando Santos
Enquanto as obras da segunda fase do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos avançam, comerciantes e moradores da Rua Campos Melo, no Macuco, se unem para discutir os impactos que elas representam para o seu cotidiano.
E pior: não sabem se suas reivindicações serão acolhidas.
A via, a principal de acesso da linha da fase 1 até o Centro de Santos, será totalmente cortada pelo novo modal.
A previsão inicial é que as obras demorem, no mínimo, 8 meses em toda a extensão da via
A ponto de 59 participantes, sendo 45 comerciantes, se unirem para a criação da AMOCCAM – Associação Moradores e Comerciantes da Campos Melo.

Integrantes da associação: José Resende Andrade Almeida (à esq), Marisa Pontes (tesoureira) e Hélio Alves, 2º secretário da AMOCCAM. Foto: Nando Santos
“Estamos aguardando a finalização do estatuto para darmos entrada com o CNPJ”, diz o presidente da futura associação, José Resende Andrade Almeida, que promete fazer barulho para a voz da entidade ser ouvida pelas autoridades.
Não é à toa que cerca de 20 faixas se espalham pela via, mostrando a revolta deles.
“Estou indignada”, reclama a comerciante Irene Nascimento Silva.
Ela tem uma loja de artigos para presentes desde 1988 na via, no cruzamento com a rua Luiz Gama.
E reclama o impacto que o modal trará aos comerciantes. “A revolta é grande”, dispara.
Acesso às garagens
O motivo de preocupação dos comerciantes e moradores é que o VLT subirá ao Centro pelo lado direito, dificultando o acesso às garagens residenciais e o desembarque de carga e descarga aos estabelecimentos.
Sem contar aqueles que ‘ganharão’ de presente uma estação, como a da Xavier Pinheiro (a via ganhará outra, próximo às universidades – nas imediações da Unifesp e Unisantos).

Próximo à Rua Xavier Pinheiro será implantada uma estação do modal, ‘fechando’ a entrada dos estabelecimentos comerciais. Foto: Nando Santos
Por sua vez, haverá duas pistas de rolamento para veículos, sem previsão de estacionamento do lado esquerdo da via, também afetando o estacionamento e carga/descarga para os comércios e moradias.
Não é à toa que já foram realizadas audiências públicas e encontros virtuais com representantes da CET e EMTU, responsável pela obra, sem sucesso até o momento.
“Já encaminhamos quatro requerimentos, mas ninguém respondeu até agora”, reclama Andrade Almeida.
Dessa forma, entre as reivindicações da associação estão a instalação de baias para carga e descarga.
Além disso, o cronograma das obras (com data de começo, meio e fim).
Não bastasse, se existirá estacionamento na faixa esquerda da via (sentido Avenida Afonso Pena – Centro).
Escola
Não bastasse, um outro desafio ocorre em relação a uma escola de educação especial, o Nurex – Escola de Educação Especial 4 de Agosto, que funciona no local desde 2000.
Assim, a entidade, que atende a 110 crianças em dois períodos, precisará desenvolver toda uma logística para se adequar às mudanças que serão implantadas.
Em especial, no embarque e desembarque dos menores – seja por peruas, além dos carros particulares dos pais.
“A gente tinha o problema da feira-livre, agora será o VLT”, destaca José Ricardo Maia Dias, que responde pelos veículos e é diretor administrativo voluntário da entidade.
Conforme ele, atualmente, o tempo de embarque e desembarque das crianças nas cinco peruas que as transportam varia de 20 a 25 minutos por vez.
Portanto, em dias de chuvas, este tempo é ainda maior.
Assim, antevendo os problemas (a linha do VLT passará exatamente na calçada em frente à escola), uma das reivindicações será a instalação de baias com capacidade para até duas vans poderem estacionar em frente à escola.
Além disso, a alteração no horário de entrada e saída também deverá ser promovida pela escola.
“Vamos adequar os horários para se adaptar ao fluxo”, salientou.
Outra questão ainda não esclarecida será o futuro da feira-livre que ocorre na via, às sextas-feiras.

O estacionamento dos dois lados da via irá desaparecer para a instalação da linha do VLT, que funcionará do lado direito, onde a calçada será ampliada para a instalação de duas estações ao longo da via. Foto: Nando Santos
EMTU
Em nota, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos informa que, em conjunto com a Prefeitura de Santos, está em tratativas com representantes de moradores e comerciantes da rua Campos Mello, por onde vai passar o trecho Conselheiro Nébias – Valongo do VLT.
O objetivo é esclarecer dúvidas sobre o projeto e, eventualmente, realizar ajustes possíveis na organização do sistema viário previsto para o trecho.
“O projeto da segunda fase do VLT foi desenvolvido sempre levando em conta a participação da população por meio de audiências públicas.
É um empreendimento do governo do Estado que vai facilitar a mobilidade diária de 35 mil pessoas, além de revitalizar a área central de Santos, unindo bairros ao centro, pontos turísticos e de trabalho”.
Até o fechamento desta reportagem, a Prefeitura de Santos nem a CET divulgaram suas posições sobre os pedidos dos comerciantes e moradores.