Os efeitos da vacinação em massa contra a Covid-19 começam a ter reflexos em Santos.
A cidade se aproxima da marca de 30% da população vacinada com a primeira dose. Dessa forma, já foram aplicadas mais de 200 mil doses, sendo que deste total foram quase 130 mil em primeira dose e aproximadamente 75 mil em segunda, conforme informações do Portal Vacinômetro do Governo de SP (dados atualizados até o fechamento da reportagem).
Vale destacar que Santos é uma das cidades com a maior número de imunizados do Estado. Isso se deve a grande taxa de idosos no município.
Apesar do número de casos, internações e mortes continuar elevado (são quase 1.600 mortes), a vacinação já começa a dar resultados na cidade.
Para se ter uma ideia, em março deste ano foram registradas 64 mortes pela Covid-19 em pessoas com mais de 80 anos. No mês de abril, este número despencou para 24, ou seja, uma queda de 62,5 % nos óbitos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde.
Importante lembrar que as pessoas podem ficar internadas por um grande período nas UTI’S.
Em nota, a Prefeitura de Santos, salientou que março foi o pior mês da pandemia na cidade, com altos índices de ocupação de leitos chegando a 92% em determinado momento. Assim foi preciso adotar o lockdown.
Em relação aos idosos com menos de 80 anos, ainda é cedo para fazer uma comparação, pois muitos idosos ainda não tomaram a segunda dose do imunizante, principalmente a da vacina Astrazeneca/Oxford, na qual o intervalo entre as doses é de três meses.
Médico
De acordo com José Geraldo Leite, epidemiologista do Grupo Pardini, as pessoas que receberam as duas doses do imunizante já estão em um bom processo de proteção, principalmente os idosos acima de 80 anos que começaram a receber as doses em fevereiro.
José Geraldo também explicou que a queda no número de mortes na cidade e no País vai depender do ritmo de vacinação “É importante que haja a imunização das duas doses para as pessoas com mais de 50 anos e aquelas com comorbidade. Com isso, enfim haverá uma diminuição significativa nos óbitos pela Covid-19”.
Além disso, o médico salientou que ainda não é possível saber em qual mês as atividades voltarão à normalidade, citando que é preciso uma vacinação mais rápida para conseguir derrotar o vírus. É importante frisar que a imunização é importante em todos os lugares. Afinal, se surgir uma nova variante resistente às vacinas, o mundo ficará em alerta novamente.
Alívio
As pessoas que já receberam as duas doses do imunizante contra a Covid-19 estão aliviadas, em razão da primeira etapa de vacinação ter sido destinada aos grupos de risco, ou seja, até o recebimento da vacina os idosos ficaram preocupados e ansiosos, principalmente com as novas cepas encontradas na região.
A sensação de alívio foi enorme entre as pessoas já imunizadas, porém é necessário manter os mesmos cuidados para diminuir o risco de disseminação do vírus.
A aposentada Aparecida Maurício, de 75 anos, conta que se sente muito mais aliviada após tomar a segunda dose da vacina Coronavac. “Agora não tenho mais tanto medo do vírus, pois sei que se eu for infectada o vírus vai se manifestar da forma mais leve e assim não precisarei ser internada com complicações”.
Preocupação
Uma das maiores preocupações no momento no Brasil é em relação aos insumos da vacina provenientes da China. O Instituto Butantan paralisou a produção da Coronavac, após o encerramento do primeiro contrato com a farmacêutica Sinovac Biotech.
Para começar a produção do segundo contrato que contempla mais 54 milhões de doses até o mês de agosto, o Butantan espera a liberação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).
Segundo o Governo do Estado de São Paulo, um carregamento com 10 mil litros do insumo, que equivale a 18 milhões de doses, ainda não foi liberado pelas autoridades da China. O grande problema é que algumas cidades do Brasil não guardaram a segunda dose e assim muitas pessoas estão com a imunização atrasada por conta deste erro.
Vale destacar que o Ministério da Saúde, quando era chefiado por Eduardo Pazuello, orientou os municípios a realizar este procedimento, contando com a chegada dos insumos no tempo certo.
O médico infectologista Marcos Caseiro explicou que os locais que não guardaram a segunda dose cometeram um erro inaceitável. “A vacina quando chega tem as duas doses que devem ser guardadas, garantindo a obrigatoriedade da segunda dose, principalmente da Coronavac, que depende muito da segunda dose para ter um nível de proteção”.
Situação semelhante ocorre com a Astrazeneca/Oxford, cuja falta de insumos fará a interrupção da fabricação da vacina pelo laboratório Fiocruz a partir da próxima semana. Assim, restará apenas a vacina da Pfizer, que está sendo aplicada somente nas capitais devido a logística.