O sistema de travessia de balsas entre Santos e Guarujá e de outras cidades do litoral paulista será privatizado. A expectativa do Governo do Estado de São Paulo é que o processão de concessão seja concluído ainda no segundo semestre de 2021.
No último sábado (5), a Secretaria de Logística e Transportes e a ARTESP – Agência de Transportes do Estado de São Paulo abriram uma consulta pública para a contribuição da população neste processo de concessão. As pessoas podem mandar as sugestões, por meio do site da ARTESP (www.artesp.sp.gov.br) até o dia 7 de julho. Vale destacar que a participação dos usuários na consulta pública é fundamental para buscar alternativas e melhorias no sistema de travessia de balsas.
O governo do Estado de São Paulo ressaltou que a concessão fará com que o investimento na travessia de balsas, seja destinado às outras áreas, como saúde, educação e segurança, citando que a operação do sistema gera um déficit de R$ 76 milhões por ano aos cofres públicos e que o projeto terá como critério de julgamento a menor tarifa sobre os valores aplicados aos usuários.
De acordo com o secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, a concessão irá modernizar todo o sistema das travessias litorâneas, trazendo mais agilidade, segurança e conforto aos usuários.
Atual situação
Paciência. Essa é a melhor definição para os usuários que utilizam a travessia de balsas entre Santos e Guarujá. A Reportagem do Boqnews esteve nos dois lados na manhã da última quarta-feira (9) e notou uma longa fila tanto na Av. Almirante Saldanha da Gama em Santos, como na Av. Adhemar de Barros, em Guarujá.

Fila no lado de Santos na Av. Almirante Saldanha da Gama/ Foto: João Pedro Bezerra
Segundo os motoristas, em horários de pico, o tempo na fila chega a uma hora e a situação não fica restrita apenas ao deslocamento para o trabalho.
Nos finais de semana de sol, principalmente em feriados e no verão, o tempo de espera é ainda pior, sobretudo no fim da tarde no lado de Guarujá, pois muitas pessoas procuram a cidade por conta das belas praias.
Para se ter uma ideia, os fiscais de trânsito são chamados para organizar a fila na Av. Adhemar de Barros que atrapalha toda a mobilidade nos bairros do Santa Rosa, Jardim dos Pássaros e Vila Lygia. Se já não bastasse a longa fila, os usuários ainda precisam esperar os navios atravessarem em alguns momentos para fazer a travessia.
Tarifa
Uma das maiores reclamações por parte dos usuários referem-se aos valores da tarifa, que chegam a R$ 12,30 para automóveis; R$ 6,20 motocicletas, R$ 43,30 veículos com dois eixos; e R$ 98,60 veículos com três eixos.
Para se ter uma ideia, uma pessoa que utiliza o carro para ir ao trabalho e passa pelas balsas, gasta quase R$ 300 se tiver apenas uma folga durante a semana. Vale destacar que a cobrança da tarifa no pedágio é feita em apenas no lado de Guarujá.
Ciclistas

Ciclistas podem se machucar, caso não fiquem atentos a elevação da plataforma/ Foto: João Pedro Bezerra
Com a isenção na tarifa para bicicletas, muitas pessoas adotam este transporte para escapar das passagens e conseguem economizar um valor considerável no fim do mês.
Para a usuária Tamires Ribeiro de 32 anos, a situação só piorou com a pandemia da Covid-19. “Antes eu sabia os horários de saída da balsa, hoje eu tenho que lidar com a sorte. Se eu chegar no horário certo, consigo pegar a embarcação. Caso contrário, fico mais de 30 minutos esperando”, citou Tamires.
Além disso, ela salientou que os protocolos de distanciamento não são realizados pela equipe que administra o sistema de travessias.
Já Darlivan Ribeiro, de 30 anos, frisou que a aglomeração fica pior entre às 17h e 19h, quando a maioria dos trabalhadores retorna para a casa.
Vale destacar que a lotação na travessia de ciclistas não é novidade. A equipe do Boqnews já fez diversas reportagens denunciando as aglomerações ao longo da pandemia.
Os ciclistas também precisar lidar com outras situações. Apesar de algumas pessoas estarem trabalhando no local, há uma série de problemas, como buracos na rampa de acesso, grande elevação entre a embarcação e a plataforma e a falta de segurança, afinal enquanto a equipe de reportagem estava na balsa, dois homens sem máscara fumavam maconha com tranquilidade perto de mães e crianças. Nada ocorreu.
Resposta
Em nota, o Departamento Hidroviário, que é responsável por administrar a travessia, destacou que para impedir aglomerações e reduzir a chance de disseminação da Covid-19, o departamento mantem a redução no limite de passageiros e cliclistas, adotado no início da pandemia, além de reforçar a limpeza e a higienização das embarcações, que está sendo feita a cada viagem.
Em relação à manutenção, a Secretaria de Logística e Transportes cita que tem realizado investimentos importantes nas travessias litorâneas, o que já permitiu uma melhora significativa em todo o sistema e um atendimento mais ágil aos usuários. Desde 2019, embarcações reformadas foram entregues, a manutenção passou a ser 24 horas e os usuários ganharam novos canais de informação em tempo real.