Potencial celeiro de atletas, sejam eles nascidos ou criados na região, Santos marcará presença nos principais eventos esportivos nos quais o Brasil estará envolvido nos próximos dois anos: os Jogos Pan-Americanos, que neste ano serão realizados em Guadalajara (México), e as Olimpíadas de 2012, cuja sede será em Londres (Inglaterra).
Algumas vagas estão em vias de serem asseguradas. Outras ainda serão definidas a partir de várias seletivas. Ainda assim, a participação santista será, tal qual em outras grandes competições, inevitável. Uma das modalidades mais aguardadas, tanto pela tradição do País no esporte, como pelo fato de o Brasil nunca ter conquistado a medalha de ouro, é o futebol, tanto no masculino como no feminino. E o sucesso recente dos Meninos e das Sereias da Vila faz com que o Santos se coloque como provável fonte de atletas para a delegação nacional.
A presença brasileira nos Jogos de Londres ainda depende do sucesso da seleção brasileira sub-20 no Sul-Americano da categoria. O time, comandado por Ney Franco, precisa ficar entre os dois primeiros da competição para garantir vaga nas Olimpíadas. Para tal, conta atualmente com quatro jogadores do Santos: o atacante Neymar, o meia Alan Patrick, e os laterais Danilo e Alex Sandro.
Caso a vaga olímpica seja assegurada, a possibilidade de atletas santistas marcarem presença na Inglaterra aumenta, já que para as Olimpíadas, o limite de idade para os atletas no futebol é de 23 anos. Do atual elenco, tem chances de ingressar à equipe o meia Paulo Henrique Ganso (que terá 23 anos em 2012) e o goleiro Rafael (terá 22 anos). Ganso está lesionado, mas é titular habitual do Peixe, enquanto Rafael é o camisa 1 santista desde o ano passado.
Ao mesmo tempo, a expectativa é de que Alan Patrick e Danilo, devido à concorrência para as posições, tenham mais trabalho para permanecer em um elenco olímpico. O primeiro, meio-campista, terá rivais como Alex Teixeira (ex-Vasco, hoje no Shakhtar Donetsk-UCR), Giuliano (ex-Internacional, atualmente no Dnipro-UCR), além do próprio Ganso. O segundo brigará por uma eventual segunda vaga, já que a titularidade está encaminhada para Rafael da Silva (Manchester United-ING). Pesa a favor dos santistas o jogo duro que os europeus fazem para liberar atletas aos Jogos Olímpicos.
Entre as mulheres, a perspectiva de participação santista é ainda maior. O time feminino do Santos é base da seleção, comandada pelo ex-técnico das Sereias da Vila, Kleiton Lima. O principal nome é o de Marta, eleita pela quinta vez consecutiva a melhor jogadora do planeta, mas além da camisa 10, o Peixe também vem sendo representando por jogadoras como a goleira Andréia, a zagueira Aline Pellegrino e as meio-campistas Ester e Maurine e Thaís, em convocações anteriores. As vagas pan-americana e olímpica foram asseguradas em novembro, com o título do Sul-Americano.
Judô
Não é apenas no futebol que se esperam representantes santistas e da região. A cultura poliesportiva, tradicional de Santos, fez com que a a Cidade se destacasse em outras esportes, como no judô e em modalidades aquáticas. Situação que se reflete em uma expectativa de que mais valores formados por aqui se destaquem com as cores brasileiras em Guadalajara e (ou) Londres.
O judô é, hoje, um verdadeiro carro-chefe. O esporte pelo qual Rogério Sampaio sagrou-se campeão olímpico em Barcelona (1992), e no qual Leandro Guilheiro conquistou duas medalhas de bronze nas últimas duas Olimpíadas (Atenas 2004 e Pequim 2008) tem nove competidores na briga por vagas em Londres.
O primeiro passo para os atletas é garantir uma das quatro vagas nas seleções masculina e feminina. Os dois “titulares”, em cada categoria, participarão de competições fora do País pela seleção, enquanto os outros só disputarão o Grand Slam e a etapa brasileira da Copa do Mundo – podendo até tomar parte em outro torneio internacional se arcarem com as despesas.
Atualmente, quatro santistas estão quase garantidos na seleção, por serem os primeiros em suas categorias. Tratam-se de Bruno Mendonça (leve), Leandro Guilheiro (meio-médio) Mariana Santos Silva (meio-médio) e Maria Suelen Altheman (pesado).
O nome de mais destaque é justamente o de Guilheiro, medalhista de bronze quando ainda lutava na categoria leve. Em 2010, passou a competir entre os meio-médios, e emplacou um vice-campeonato no Mundial de Tóquio (Japão).
Além disso, Andressa Fernandes (meio-leve) é atualmente a segunda do País, atrás de Erika Miranda, e deve ratificar o posto na seleção para disputar o passaporte olímpico (cada país tem direito a uma vaga apenas) nos torneios internacionais.
Neste domingo (30), ocorre a primeira fase da seletiva da seleção brasileira, no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. Estão na disputa quatro judocas da Associação de Judô Rogério Sampaio, que representarão Santos no torneio: Danilo Gonçalves (meio-médio e atual campeão nacional sub-23), Felipe Camilo (médio), Daniel Plácido (pesado, campeão pan-americano sub-20) e Leandro Gonçalves (pesado, campeão brasileiro).
O desempenho nessa reta final será importante, já que, de acordo com Ivo Nascimento, treinador da Academia, as pontuações obtidas nos últimos anos valem menos em 2011. “Não adianta ter ido bem em torneios anteriores, se nesta temporada o desempenho não for bom. Pode prejudicar o ranking”, explica.
Por sua vez, apesar das poucas oportunidades de se destacar pelo ranking mundial, a esperança olímpica para os classificados pelas seletivas é real. “Imagine um atleta que vem da seletiva, ganha o Grand Slam e a Copa do Mundo. É alguém que será olhado com outros olhos e inserido em mais torneios pela confederação brasileira. É a aposta na nova leva de judocas”, reforça.
Água
Se nas águas londrinas e mexicanas a presença santista pode não ser tão em peso como no judô, as perspectivas de medalhas não ficam atrás daquelas do tatame. Nos Jogos Olímpicos e Pan-Americanos, está na Maratona Aquática uma das principais esperanças de sucesso brasileiro, justamente com duas atletas que se preparam em Santos: Ana Marcela Cunha, da Unisanta, e Poliana Okimoto, que embora hoje defenda o Corinthians, treina na Cidade.
Em julho, será disputada a eliminatória olímpica, no Mundial de Desportos Aquáticos, em Xangai (China). Caso as duas nadadoras fiquem entre as dez primeiras, ambas carimbam o passaporte para Londres. Se apenas uma (ou nenhuma) alcançar o “top 10”, a vaga olímpica será limitada a uma atleta, em uma nova seletiva, que será realizada em Portugal, em 2012.
Para os Jogos Olímpicos de 2008, Poliana ficou em sétimo lugar na primeira seletiva, enquanto Ana Marcela foi a décima colocada. As duas se classificaram para Pequim. Na China, a dupla disputou, até as últimas braçadas, um lugar no pódio, mas acabaram superadas pela russa Larisa Ilchenko (ouro) e pelas britânicas Keri-Anne Payne (prata) e Cassandra Patten (bronze). Ana Marcela, então com 16 anos, ficou em quinto lugar, enquanto Poliana foi a sétima.
A expectativa para 2012, porém, é de que a experiência adquirida nos últimos anos ajude as brasileiras. Poliana, por exemplo, sagrou-se campeã mundial de Maratonas Aquáticas em 2009. No ano seguinte, foi a vez de Ana Marcela ficar com o título. Resultados que colocam as duas como francas favoritas no Pan de Guadalajara, além de candidatas as medalhas em Londres.
Já nas piscinas, dois nomes despontam como representantes do esporte local, de acordo com o técnico da Unisanta, Márcio Latuf. Para 2011, a bola da vez é o nadador Israel Murat, que terá na prova de 200 metros nado livre, em maio, durante o Troféu Maria Lenk, a chance de conseguir o índice para competir no Pan de Guadalajara. Por sua vez, garantido no México e próximo de Londres está Carlos Farrenberg, medalha de bronze no Mundial Paraolímpico de Natação em 2010, disputado em Eindhoven (Holanda). “Carlão” é deficiente visual e compete na categoria S13, voltada a atletas com a mesma peculiaridade na visão.
Tênis de Mesa
Representado nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e nas Olimpíadas de 2008 por Lígia Silva e Gustavo Tsuboi, ambos atletas do Estrela de Ouro, o tênis de mesa de Santos, dessa vez, terá apenas Lígia atuando pela Cidade. A manauara, de 29 anos, é a brasileira mais bem ranqueada na Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF, sigla em inglês), estando no 203º lugar.
A atleta tem, no currículo, uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (Canadá), em 1999, quando tinha apenas 18 anos, e experiência olímpica: esteve nos Jogos de Sydney (Austrália) e Atenas (Grécia). Na Austrália, foi a primeira brasileira a ser relacionada para uma chave individual na modalidade em uma Olimpíada.