O Brasil precisa reforçar os laços com os países vizinhos, algo abandonado pelo governo Bolsonaro.
A análise é do ex-ministro das Relações Exteriores e ex-embaixador Celso Amorim.
Com larga experiência na política internacional, Amorim lamentou a posição que o Brasil se encontra em relação não só aos países da América do Sul, mas de outros continentes.
“Nunca vi uma relação tão distante com os vizinhos. Este isolamento só não é maior por causa da relevância do Brasil”, salientou.
Amorim participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de hoje (27).
Ele mostrou sua preocupação com o atual cenário internacional e o contexto do Brasil.
“Houve recentemente uma reunião entre presidentes do Mercosul e o do Brasil não foi”, salientou.
Aliás, o Mercosul é o tema central do seu novo livro Laços de Confiança – O Brasil na América do Sul, onde ele aborda as relações do País com os países vizinhos.
Em especial, sua passagem à frente do Ministério das Relações Exteriores no governo Lula. (ele também ocupou o cargo no governo Itamar Franco).
“Não é simples (as negociações), mas havia confiança. Os presidentes se viam de três a quatro vezes ao ano. Hoje, não há nada disso”, lamenta.
Apesar da sua imagem ser associada ao do ex-presidente Lula, a qual foi ministro das Relações Exteriores em ambos os mandatos (2003 -2010) e é um dos seus principais consultores na atualidade, Amorim tem larga trajetória profissional iniciada nos anos 60/70.
Fã de cinema, chegou a ser presidente da Embrafilme no final dos anos 70.
Depois, percorreu vários cargos públicos desde o governo Sarney até o de Dilma Rousseff.
Ucrânia e Rússia
Durante o programa, Amorim também falou da preocupação com o avanço da guerra da Ucrânia e Rússia.
“Temos que trabalhar pela paz. Está faltando liderança no mundo”, diz.
Com experiência internacional, ele teme que a guerra se prolongue por muito tempo. O confronto já ultrapassou 5 meses e não há perspectiva de paz.
“Quanto mais tempo, maiores os riscos de surgirem novos focos de tensão”, salientou.
E assim, pode-se colocar em risco o futuro da humanidade.
Amorim também relembrou como o Brasil pode resgatar sua imagem perante o mundo, após tantas denúncias envolvendo o governo Bolsonaro, como os crimes ambientais e as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips.
Além disso, Amorim relembrou um chefe com quem trabalhou durante o período militar, quando ele atuava em uma missão na OEA – Organização dos Estados Americanos em meados dos anos 70: George Alvares Maciel.
Portanto, indagado na ocasião sobre como o Brasil poderia melhorar sua imagem internacional, ele foi direto: “Ele falou: ‘eu tenho uma ideia para melhorar a imagem do Brasil. Acabar com a tortura vai acabar a má imagem’ “, relembrou.
Ou seja, em plena ditadura militar que atingia o Brasil – e outros países latinos – o País só melhoria a imagem junto a outras nações com o fim dos crimes cometidos nos porões da ditadura militar.
Assim, o foco pode ser outro, mas o reflexo é o mesmo.
Dessa forma, investir no desenvolvimento sustentável, com proteção ao meio ambiente e evitar crimes, como os ocorridos contra Dom Philips e Bruno Pereira.
Confira o programa completo
Celso Amorim participou do programa no primeiro bloco do programa.
Na sequência, participaram Denise Covas e Jamir Lopes, promotores do Santos Jazz Festival, que chega à 10ª edição, de volta de forma presencial.
Confira o programa completo