O número de tentativas de suicídio, com violência autoprovocada, subiu 275% em Santos, no litoral paulista, entre os anos de 2017 a 2021.
Foram 104 casos registrados na rede de saúde em 2017 contra 386 no ano passado.
Os dados fazem parte do Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Santos em agosto último.
Diante desta situação preocupante, a pasta criou um material exclusivo – um hotsite – sobre o tema, utilizando como mote o Setembro Amarelo, período lembrado como de prevenção ao suicídio.
Dentro do perfil das vítimas, 30,5% têm entre 20 a 29 anos, seguido por adolescentes entre 15 a 19 anos, com 14,2% dos casos.
No entanto, crianças com até 14 anos representam 8,3% das tentativas.
Neste grupo, as meninas se destacam – são 84%.
Suicídios
Se nas tentativas de suicídio os casos entre mulheres representam a proporção de 2 para 1 – 67% do sexo feminino e 33% entre homens – são eles que obtêm maior êxito.
Em Santos, foram 27 vítimas fatais em 2021 – uma média ligeiramente superior a um caso confirmado por quinzena somente no Município.
No mundo, cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente.
Enquanto no Brasil, a média é de 13 mil falecimentos pela mesma causa – ou seja, uma a cada 45 minutos ou 32/dia, revelando um grave problema de saúde pública.
Sem contar que há um número expressivo de subnotificações de suicídio no País e no mundo, chamado suicídio oculto.
Ou seja, quando ele é consumado, mas não classificado com tal (afogamento, intoxicações, acidentes de carros e mortes desconhecidas).
O ano passado registrou o segundo maior número de vítimas fatais nos últimos 5 anos (o recorde ocorreu em 2020, com 31 casos, primeiro ano da pandemia).
Assim, os homens representam 70% dos casos.
CVV
Diante destes números, o Centro de Valorização da Vida (CVV) se transforma em uma ferramenta importante para ouvir as demandas das pessoas que chegam nesta situação após várias tentativas infrutíferas de simplesmente ‘serem ouvidas’.
“Quem procura o CVV, precisa falar. Quando a pessoa percebe que é acolhida, ela fala mais”, fala o voluntário Renato Caetano de Jesus.
Dessa forma, ele participou do Jornal Enfoque desta terça (27), onde falou do trabalho desenvolvido pelo centro, cuja procura cresce em pelo menos 20% nas festas de fim de ano.
“A gente fala sobre a vida. Nós a valorizamos”, completa.
Dessa forma, o trabalho realizado pelos 4 mil voluntários espalhados pelo Brasil em 110 postos (na região, Santos e São Vicente estão nesta listagem) é ouvir o próximo.
“Nosso papel é conversar e ouvir o outro, em todos os sentidos. A proposta é simples, mas não é fácil de realizar”, explica.
“Assim, a gente treina o ouvir até o final. E a gente percebe como o outro é rico em histórias para contar. É um processo de aprendizado”, salienta.
Novos voluntários
Em março, a unidade de Santos – que tem cerca de 70 voluntários atuando – vai abrir vagas para novos interessados em data a definir.
Por sua vez, a atividade ocorre durante uma semana, geralmente à noite.
Hoje, o atendimento é exclusivamente on line, com 70% dos voluntários trabalhando de forma remota.
Dessa forma, a expectativa da volta do atendimento presencial na unidade de Santos, à Rua Campos Melo, 189, no Macuco, no próximo ano.
Por sua vez, o CVV sobrevive por meio de rateio entre os seus 4 mil voluntários espalhados pelo País, atuando de forma ininterrupta 24 horas por dia.
Assim, contatos e informações pelo telefone (ligação gratuita) 188 e pelo site do CVV.
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