Com o retorno das aulas, pais e mães já começam a se preparar, pois também chega uma despesa indesejada: a tradicional lista das compras dos materiais escolares para o ano letivo.
Para ter noção, de acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), o aumento no preço dos materiais escolares deve variar entre 15% e 30% neste ano. Inclusive, mochilas e estojo podem ter um aumento de 15% a 20%. Já itens de papel, cadernos e agendas chegam a 20% a 30%.
Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, 2022 fechou com uma taxa de 5,79% acumulada no ano.
Além disso, segundo o levantamento de preços de itens de material escolar feito pelo Procon-SP, foram apontadas diferenças que podem chegar a mais de 260%. A maior diferença encontrada foi de 262,50% na caneta esferográfica Economic 1,0 mm da Compactor.
Desse modo, em um local o produto era vendido por R$ 2,90 e em outro R$ 0,80, resultando no valor absoluto de R$ 2,10 de diferença.
Outro ponto importante é que após comparação de 69 produtos comuns entre as pesquisas realizadas em 2021 e 2022, constatou-se, em média, acréscimo de 13,95% no preço desses itens. O IPC-SP (Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo) da FIPE, referente ao período, registrou variação de 7,35%.
Isso demonstra o impacto no aumento dos preços e como é importante a verificação e uma boa pesquisa para essas compras.
Pais
Os pais acabam buscando alternativas para minimizar os custos, pois no início do ano existem os pagamentos do IPTU e IPVA.
Conforme Erica Fernandes, mãe de uma criança que está no Ensino Fundamental I, o que resta é realizar uma boa pesquisa nas papelarias. “Para a pesquisa, geralmente eu vou de 2 a 3 papelarias em bairros diferentes da cidade” contou.
Erica ressalta também quanto a importância na reutilização dos materiais escolares. “Tudo que estiver em bom estado como caderno, estojo, até mesmo mochila é reutilizado ou até mesmo passado para a filha mais nova”, exemplificou.
Orientações de compra
De acordo com o ex-responsável pelo Procon Santos, Rafael Quaresma, advogado e doutor em Direito do Consumidor, a melhor dica para material escolar é a pesquisa prévia de preços.
A compra coletiva demonstra uma diferença e um impacto no preço, segundo Quaresma, pois um ponto é para quem compra no varejo e outro no atacado, com 20 a 30 listas de materiais, por exemplo.
“Os pais podem se organizar, escolher um representante que ficará encarregado de fazer essa compra coletiva. Com isso, consequentemente, aumentam o seu poder de barganha. Nestes casos, os descontos têm sido mais agressivos, pois interessa para quem compra e para quem vende”, alertou.
Uma das dicas para economizar é a verificação dos valores na internet, pois o comércio eletrônico apresenta boas ofertas em relação à compra física.
Quaresma lembra que existem dois pontos fundamentais. O primeiro é observar a reputação do site, verificando se a loja virtual é segura e o segundo é ficar atento ao prazo de entrega.
“Mas não adianta as vezes comparar só o valor do produto, porque na loja virtual pode existir o acréscimo do frete e embalagem. Por isso, às vezes, o que é barato, fica igual o mais caro. E tem essa atenção com o prazo de entrega, pois, às vezes, o prazo para recebimento do produto vai coincidir com início do ano letivo, o que não interessa”, destacou.
Reutilização de materiais
Os pais devem também verificar os materiais a serem reutilizados, seja de um irmão para outro ou de um ano para outro, como folha de sulfite, lápis de cor, caneta, borracha, estojo.
Outro detalhe que ele lembra é sobre as quantidades, pois alguns pais dividem a quantidade no semestre. “Por exemplo, uma resma de folha, compra metade, e no meio do ano, se necessário, compra outra metade. É possível também fazer essa adequação de acordo com a quantidade solicitada e a utilizada” salientou.
Uma das dúvidas para os pais é à respeito da troca dos produtos. Existe a troca imotivada, que é quando não há defeito no produto, sendo a razão de troca a insatisfação ou não utilidade.
Quaresma cita que é preciso verificar a política do estabelecimento, como uma papelaria e livraria, e se eles, procedem com essa troca imotivada. Há, porém, a troca motivada. “Comprei uma caixa de lápis com 20 unidades, vieram 17, 18 ou 20 quebrados. Obviamente que há essa legítima expectativa e o justo motivo do consumidor pleitear a substituição do produto, algo que a lei garante.”
Desse modo, é importante diferenciar os tipos de trocas e conhecer as políticas dos locais, para que ela seja feita dentro das normas da loja.
Nota Fiscal
Em relação à nota fiscal, é necessária para atestar a realização da transação. Dessa forma, ela é importante, mas não imprescindível. Quaresma explica o motivo.
“Hoje há outros mecanismos de provar a negociação ou realização da transação, como PIX, cartão de débito e crédito, até mesmo cheque, para aquele que aceita. Então, nesse aspecto é importante, mas não indispensável. Há sempre uma boa dica falando de nota fiscal, que é de habituar o consumidor a solicitar a nota eletrônica, porque ele disponibiliza o CPF, e essa nota vai ficar vinculada ao seu CPF caso precise consultar a nota ou buscar uma segunda via depois.”