A evasão escolar é uma desafio no setor educacional.
Ainda que os números tenham melhorado com o fim das restrições em razão da pandemia, a realidade revela que somente no ano passado cerca de 200 crianças e adolescentes, especialmente no Ensino Fundamental II, desistiram de estudar.
Faixa etária, por exemplo, que varia, especialmente entre 10 a 15 anos, em média.
Conforme dados da Secretaria de Educação de Santos (Seduc), o índice de evasão escolar atingiu 0,7% no ano passado.
Parece pequeno, mas se confrontado com o total de alunos da rede – 27.623 estudantes – representam 193 alunos. Apenas nesta faixa etária.
Sem contar os estudantes que concluem o Ensino Fundamental, mas não prosseguem no Médio – ou desistem no meio do caminho.
“Avançamos na política da caça ativa, pois é importante que a família entenda o papel da escola”, enfatiza a secretária da pasta, Cristina Barletta.
“É um número aceitável dentro de outros parâmetros, mas o ideal seria zero”, salienta.
Ela participou do Jornal Enfoque de hoje, onde falou sobre o assunto.

Secretária de Educação, Cristina Barletta, falou das ações da pasta para o segundo semestre e como a pasta tem enfrentado a evasão escolar. Foto: Carla Nascimento
Painel de Desigualdades
No Brasil, segundo dados do Painel de Desigualdades Educacionais no Brasil, pelo menos 713 mil crianças e adolescentes deixaram a escola – dados de 2021.
Isso supera a soma das populações de Santos e Guarujá, por exemplo.
Conforme a secretária, a evasão escolar na rede municipal voltou ao patamar de 2017, ou seja, de 0,7%.
Em 2019, antes da pandemia, chegou a cair para 0,6%.
No entanto, subiu para 1,8% em 2020, quando a pandemia começou; regrediu para 1,4% em 2021 e chegou a 0,7% no ano passado – mesmo patamar de 2017.

Apesar de índices baixos, o total de 0,7% da rede representa quase 200 crianças, especialmente do Ensino Fundamental II que abandonam a escola. Foto: Divulgação
Cenpec
Dados do Cenpec, autor da pesquisa, de 2021 são ainda mais duros com o tema.
Naquele ano – ainda durante a pandemia – a Cidade registrou 977 aluno fora das escolas – ou 2,6% do total.
Eram 190 (1,3%) nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF) e 246 nos anos finais (2,1%).
O peso maior ocorreu no Ensino Médio, com 5,1% do total de alunos evadidos (541 estudantes).
Autismo
Durante o programa, a secretária também falou do desafio da pasta em razão do crescimento significativo de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que estão na rede.
Eles já representam pouco mais de 6% do total de 27.623 alunos distribuídos pelas 86 escolas municipais em Santos.
“São cerca de 1.700 alunos já laudados, ou seja, com laudos médicos confirmados. Fora os que estão sob análise e acompanhamento”, salienta.
O crescimento no número de casos de crianças com TEA preocupa a educadora.
“Antes, tínhamos 5 a 6 alunos por escola. Hoje, é por turma”, enfatiza.
Assim, professores, vinculados à OS USC Saúde, vinculada à Universidade Santa Cecília, chamados de PAEIs, dão apoio aos docentes concursados.
“Eles ajudam os professores atendendo de 1 a 3 alunos. Nosso objetivo é que esta criança tenha evolução e autonomia. Não ser um anexo da sala, mas ela precisa sentir que faz parte dela”, salientou.
Assim, a pasta tem desenvolvido ações para garantir um melhor atendimento à demanda crescente, como contratação de professores temporários – em um total de 120 profissionais.
Ou seja, uma espécie de segundo professor para garantir apoio ao docente de sala, a bidocência.
Este grupo contempla as classes de 1º ao 9º ano das 41 escolas municipais, que atendem estudantes desta etapa educacional, formado por cerca de 19.500 alunos.
Ela também falou que novos professores serão chamados, com base em concurso em andamento.
No entanto, entre os professores de Educação Fundamental I e II (adjuntos) foram 563 nomeados e 295 já iniciaram as atividades.
Porém, 164 desistiram (29% do total).

Prefeitura adquiriu unidade no Embaré, onde funcionou o colégio Novo Tempo, para instalar unidade de ensino integral. Parte dos alunos da unidade Florestan Fernandes irão para a nova escola, que também será integral. Foto: Marcelo Martins/PMS-Divulgação
Novas escolas
A secretária também falou sobre a expectativa das novas escolas e a aquisição de uma nova unidade no Embaré, em prédio onde funcionava uma escola particular.
A medida vai permitir a ampliação da oferta do ensino integral dividindo os alunos da UME Florestan Fernandes, com divisão das crianças do Ensino Fundamental I e II.
Já o antigo colégio Marza será destruído para construção de nova edificação, enquanto as obras da nova UME Flavio Cipriano Barbosa, no Jardim São Manoel, atrasarão em razão de problemas da empresa responsável pela obra.
“Espera que a entrega ocorra em meados de 2024”, salienta a secretária
No entanto, a unidade José Carlos de Azevedo Jr, no mesmo bairro, deverá ser entregue dentro dos comemorações do aniversário de Santos, em janeiro de 2024.
Outras unidades adquiridas pela Prefeitura se localizam na área do Paquetá/Vila Nova.
A compra do prédio da Strong/FGV e o anúncio do novo prédio da UME Irmã Dolores, nas imediações do Mercado, também vão garantir melhores condições no atendimento às crianças que vivem em áreas mais carentes da Cidade.
Agenda
A secretária também anunciou as atividades programadas pela pasta para o semestre.
Casos da Semana de Educação, que ocorrerá de 20 a 23 de setembro, com o tema Leituras Plurais, Imagens e Narrativas.
Por sua vez, no dia 26 de outubro, acontecerá o Arte na Capa, cuja temática será o Cinema.
Aliás, tema central da capa dos cadernos a serem utilizados pelos alunos no ano letivo a partir de 2024.
E o Prêmio Educador Santista Sandra Freitas, a ocorrer no dia 29 de novembro, no Teatro Municipal Braz Cubas.
Confira a entrevista completa