A polêmica criada a partir da proposta lançada pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de criação de uma frente formada pelos estados do Sul e Sudeste – interpretada por oposicionistas como uma tese “separatista” -, suscitou o debate em torno da necessidade de tornar mais equânime a representatividade política das regiões no Congresso Nacional.
Isso porque, o atual modelo favorece aos interesses do Norte e Nordeste, em razão do maior número de cadeiras ocupadas por parlamentares oriundos dessas regiões, desconsiderando a representatividade populacional e a participação na arrecadação de tributos.
Apesar da tentativa de atribuir à proposta de Zema vieses discriminatórios, é necessário reconhecer o mérito de suscitar questionamentos sobre as consequências danosas que esse modelo político protecionista propiciou às populações nortistas e nordestinas por várias décadas.
As dificuldades enfrentadas nessas regiões já são por demais conhecidas e, ao longo da história, sempre foram vistas como estereótipos da miséria nacional, permeando retóricas políticas populistas e camuflando práticas corruptas a partir do desvio de recursos dos muitos projetos governamentais criados para tentar atender as demandas sociais daqueles estados.
Subjugadas pela cultura do coronelismo, as populações do Norte e Nordeste foram condenadas ao atraso e, por consequência, forçadas ao êxodo para assegurar condições mínimas de sobrevivência.
Mesmo que reconhecida a necessidade atual de manutenção dos programas assistencialistas e de transferência de renda, como o Bolsa Família, muito mais se espera do Governo no sentido de implementar políticas consistentes e duradoras para do desenvolvimento sustentável daquelas regiões.
Além da urgência na instituição de programas e projetos para atendimento das populações mais vulneráveis, a partir do desenvolvimento e implementação de ações para a criar oportunidades de trabalho e geração de renda.
Nesse sentido, a criação de mecanismos e alternativas de cunho econômico local, além de garantir a subsistência das famílias, oferecerá condições para sua manutenção nas próprias localidades, evitando, ou pelo menos minimizando, a migração para outras cidades, especialmente para o Sul e Sudeste.
Mais do que benevolência, as regiões Norte e Nordeste devem ser vistas como espaço para a expansão de polos produtivos e segmentos empresariais brasileiros, sobretudo os voltados à produção de alimentos e energias renováveis.
Por isso deve significar muito mais para o País do que apenas objeto de discursos permeados de retóricas populistas eleiçoeiras.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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