Até o início da tarde da terça (5), pelo menos 260 cadastros ocorreram entre as vítimas do incêndio no Caminho São José, no Dique da Vila Gilda, na Zona Noroeste.
Cada cadastro representa uma família – mas não necessariamente uma pessoa.
Assim, ainda que os números oficiais ainda não sejam definitivos, estimam-se que, no mínimo, mil pessoas, entre crianças e adultos, tenham perdido suas casas pelo fogo.
Outras unidades – especialmente de blocos – ainda estão de pé, mas a Defesa Civil vai avaliar a situação delas.
Ninguém se feriu gravemente.
No primeiro momento, 16 pessoas receberam atendimento por intoxicação em razão da fumaça – e seis delas seguiram para a UPA da Zona Noroeste.
Todas receberão alta médica.
Os dados foram divulgados pela secretária de Desenvolvimento Social, Audrey Kleys, durante entrevista coletiva ocorrida pela manhã.
Na ocasião, o prefeito Rogério Santos anunciou uma série de medidas devido ao incêndio.
Entre elas, o pagamento de R$ 1.200,00 de auxílio no primeiro mês para ajuda nas compras de produtos perdidos.
Além disso, a partir do segundo mês, R$ 600,00 de auxílio-aluguel.

Prefeito Rogério Santos e secretários participaram da entrevista coletiva sobre as ações a serem tomadas em razão do incêndio. Foto: Francisco Arrais/PMS-Divulgação
Incêndios anteriores
Atualmente, as famílias atingidas por incêndios ocorridos na cidade nos anos de 2015, 2017, 2018 e 2020 receberam o auxílio até a mudança para moradias habitacionais.
Além disso, a unidade do Bom Prato no Dique da Vila Gilda vai funcionar aos finais de semana e feriados.
Assim, as famílias receberão tíquetes para comer gratuitamente no local, como anunciou o prefeito.
Não bastasse, as famílias serão acompanhadas por assistentes sociais e psicólogos.
Eles vão validar as informações para que seja feito o encaminhamento específico para atender às necessidades de cada morador.
As causas do incêndio serão apuradas pelas autoridades policiais.
A Defesa Civil realiza um levantamento da situação na área atingida, pois algumas moradias, ainda que não consumidas pelas chamas podem estar condenadas.

Mais de 250 moradias foram atingidas pelo incêndio. Foto: Luigi Bongiovanni/Colaborador
Atendimento pleno
Sem dormir até o momento da entrevista coletiva, Audrey afirmou que nenhuma família ficará desamparada.
“Vamos continuar o levantamento até que todos sejam atendidos”, salientou a secretária.
Além disso, ela também comentou que já contatou a Justiça Federal para trazer para Santos um novo mutirão para obtenção de documentos.
E assim, de forma que famílias consigam uma nova via do RG e CPF, pois muitos dos moradores só tiveram tempo para fugir das chamas com a roupa do corpo.
Dessa forma, tão logo o incêndio iniciou por volta das 22 horas desta segunda-feira, as famílias se dirigiram para a UME Pedro Crescenti, que se tornou o polo central de apoio às vítimas.
Lá, 235 famílias formalizaram o cadastro inicial.
Hoje pela manhã, outras 25 buscaram o CRAS – Centro de Referência da Assistência Social no Jardim Rádio Clube, na Zona Noroeste.
Aliás, a secretária pede o apoio da população para doação de materiais de higiene, como xampus, sabonetes e absorventes, água, cestas básicas, alimentos em geral, além de roupas limpas e em bom estado.
Assim, o Fundo Social de Solidariedade, que funcionará de forma ininterrupta, é o principal ponto de arrecadação.
Ao Boqnews, Audrey gravou o vídeo pedindo a colaboração da população.
Mais locais
Outros locais também já se colocam à disposição para recebimento dos materiais doados, como a Portuguesa Santista, Câmara de Santos, universidades, igrejas e outras entidades.
Além disso, haverá pontos de coleta nos feriados tanto junto ao desfile de 7 de setembro como durante as comemorações à padroeira no dia seguinte.
A ampla maioria das famílias encontrou abrigo em casas de familiares e amigos.
Algumas poucas, porém, vão permanecer no conjunto esportivo Dale Coutinho, também na Zona Noroeste.
No local, receberam colchões, lençóis e cobertores, além de toda a assistência, garante a secretária.
Moradias
Parcela das famílias atingidas pelo incêndio já iria mudar para as 1.120 residências recém-entregues no conjunto Tancredo Neves, em São Vicente, após parceria entre as prefeituras de Santos e São Vicente.
Até o momento, 460 famílias já mudaram.
Por sua vez, a expectativa é que a totalidade do conjunto esteja ocupada até novembro.
Com o incêndio, as famílias que seriam transferidas e perderam suas moradias deverão ter a mudança agilizada.
No entanto, a Cohab Santista fará um levantamento com o cruzamento das informações entre as famílias atingidas e as unidades já programadas para agilizar este procedimento.
“Haverá antecipação do cronograma das famílias que estavam na fila”, explica o presidente da Cohab, Maurício Queiroz Prado.
Não se sabe, porém, quantas se enquadram nesta situação.
Afinal, isso só ocorrerá após a conclusão do levantamento.
Por sua vez, o prefeito Rogério Santos já contatou o governador Tarcísio de Freitas.
Assim, ele prometeu agilizar as discussões sobre o projeto Parque Palafitas.
Aliás, a proposta da prefeitura toma como base o estudo feito pelo escritório do urbanista Jaime Lerner.

Projeto da Prefeitura prevê a reurbanização do local. Governador deu sinal verde para discussão sobre a proposta. Foto: Reprodução
Solução
Por coincidência, na última sexta-feira (1), o prefeito esteve com o governador e, entre outros projetos, apresentou o Parque Palafitas.
Aliás, a iniciativa de urbanização, destinada ao Dique da Vila Gilda, prevê a construção de moradias com infraestrutura, saneamento e segurança necessários ocupando o mesmo local onde estão as submoradias.
“O governador já se colocou à disposição, com recursos, e já temos agendada reunião com o secretário de Desenvolvimento e Habitação Marcelo Branco”, afirmou Santos, após reunião com sua equipe para tratar das ações de atendimento às famílias do Dique da Vila Gilda – área onde fica o Caminho São José.
Como ajudar
O Fundo Social de Solidariedade (FSS) de Santos (Av. Conselheiro Nébias, 388, Encruzilhada) vai funcionar 24 horas para receber os donativos para os moradores do Dique da Vila Gilda.
Assim, a Prefeitura Regional da Zona Noroeste (Avenida Nossa Senhora de Fátima, 456/460) também será um dos pontos espalhados pela Cidade.
Além disso, durante os feriados desta quinta e sexta-feira (7 e 8), dois pontos de arrecadação especiais estarão à disposição de quem quiser ajudar.
Aliás, no Desfile Cívico Militar de Sete de Setembro, que acontecerá na Avenida Bartolomeu de Gusmão, entre os canais 5 e 6, a população terá locais para fazer as doações.
Além disso, outro ponto de arrecadação ficará na Praça José Bonifácio durante a missa solene em homenagem à Nossa Senhora do Monte Serrat, na sexta-feira (8).
Não bastasse, Santos também recebeu apoio do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, que enviou 200 cestas básicas e 200 colchões para o atendimento das vítimas.
Assim, por meio de um acordo da Prefeitura com o Governo do Estado, as famílias cadastradas pela Seds vão poder se alimentar gratuitamente no Bom Prato localizado na Vila Gilda (Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.349), nos feriados de 7 e 8 de setembro.
(*) Com informações do Departamento de Comunicação da Prefeitura de Santos
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