É fato que, quando lemos um livro, vivenciamos os sentimentos dos personagens e aprendemos com eles.
Mas, em um mundo de pixels e avatares, o livro tem ficado de lado, e qual o resultado disso?
O fascínio pelo digital molda o comportamento, especialmente entre os mais jovens. Afinal, as tecnologias têm oferecido realidades cada vez mais imersivas.
A origem dos metaversos pode ser rastreada até as páginas dos romances dos anos 1930.
A ironia? Essa mesma literatura, mãe dos universos digitais, agora parece estar massacrada por sua prole.
Um livro é uma ponte para outras realidades, para sentimentos profundos e experiências que transcendem o tempo e o espaço.
Cada história é uma viagem a um universo ou multiverso e cada leitor é um viajante.
Enquanto metaversos e games prometem perfeição, uma imersão em mundos onde as regras podem ser reescritas, a literatura nos lembra da beleza do imperfeito.
Derrotas, alegrias, amarguras – elas moldam e ensinam.
A literatura abraça essas complexidades ao mostrar personagens em suas jornadas repletas de desafios e crescimento.
Metaversos e videogames, com seus gráficos alucinantes e interatividade sem limites, oferecem uma experiência diferente.
Eles focam no ideal de perfeição e deixam o controle nas mãos do usuário.
Tendências recentes, como as lives NPC no TikTok, turvam ainda mais as linhas entre realidade e ficção.
E essa constante busca pelo digital pode gerar ansiedade por gratificações imediatas.
O apelo do digital é inegável. No entanto, é importante reconhecer e valorizar as experiências que nos conectam com a complexidade da condição humana.
Os livros têm feito isso por séculos, servindo como janelas para mundos, multiversos e mentes diferentes.
Metaversos, videogames, VR e redes sociais têm seu lugar, mas os livros continuam sendo essenciais na formação dos jovens.
Eles nos lembram quem somos, de onde viemos e para onde podemos ir.
É hora de repensar o que oferecemos aos jovens e a nós mesmos.
Devemos criar oportunidades de ser transportado, não por bytes, mas por palavras.
Afinal, o conhecimento não está na tela, mas nos conteúdos que contam histórias e ensinam, e no coração de quem os lê.

Renata Dembogurski é escritora, ghostwriter, diretora de redação publicitária e roteirista. Autora do livro de multiverso “Virkadaz”.
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