A Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto inaugura a exposição “Amazônia, terra em transe”, do fotógrafo Victor Moriyama. A mostra, que marca a 3ª edição do projeto Arte na Pinacoteca de 2025, acontece em um ano simbólico para o debate ambiental, com o Brasil sediando a COP 30 em Belém do Pará.
Com curadoria de Antonio Carlos Cavalcanti Filho e Carlos Zibel, a exposição apresenta um conjunto impressionante de imagens que capturam a devastação da Amazônia e seus impactos socioculturais. As fotos de Moriyama não apenas documentam a realidade, mas atuam como um manifesto visual, destacando a luta de populações indígenas e ribeirinhas pela preservação de suas terras e culturas.
“O objetivo da fotografia é criar uma conexão emocional com o público, para que reconheçam tanto o peso da destruição da Amazônia quanto a resistência dos povos que nela habitam”, afirma Victor Moriyama.
Desde a chegada dos colonizadores, a Amazônia foi vista como um paraíso de recursos infinitos. A exposição desconstrói essa visão idealizada, mostrando as consequências do desmatamento, queimadas e exploração ilegal. Moriyama denuncia, não só a destruição ambiental, mas também os efeitos sociais dessa crise, como o deslocamento forçado de comunidades e a perda de modos de vida tradicionais.
A mostra instiga um olhar crítico sobre as relações de poder que sustentam a exploração da Amazônia. Através do conceito de arte engajada, a exposição questiona o legado colonialista e eurocêntrico e propõe uma reflexão sobre o protagonismo indígena na preservação ambiental.
“Não se trata apenas de registrar imagens, mas de dar visibilidade a histórias que frequentemente são ignoradas. Sendo assim, a arte tem o poder de criar pontes entre realidades distantes e provocar mudanças”, destaca Moriyama.
Exploração Imersiva: Ambientes da Exposição
A exposição oferece uma jornada sensorial e reflexiva pelos diferentes aspectos da Amazônia. Ademais, cada sala convida os visitantes a uma imersão na complexidade da floresta, onde beleza e destruição coexistem.
No primeiro ambiente, um mosaico vibrante reflete a diversidade da floresta. Aqui, a grandiosidade da biodiversidade se mistura com a espiritualidade das populações tradicionais, revelando tanto a exuberância quanto a fragilidade da natureza diante das ações humanas. O espaço traduz a Amazônia como um organismo plural, onde coexistem a preservação, a ameaça e a resistência.
O segundo ambiente aprofunda a questão da degradação ambiental. A floresta perde seu equilíbrio natural, e os impactos da exploração humana se tornam mais evidentes. Imagens e elementos visuais provocam uma reflexão sobre os danos causados pela intervenção desenfreada do homem no bioma.
Por isso, o terceiro ambiente celebra a natureza e os povos tradicionais da Amazônia. Em uma homenagem à biodiversidade e à conexão ancestral entre os indígenas e a terra, o espaço evoca a profundidade espiritual da floresta tropical, imergindo o público na essência da Amazônia.
Contudo, o último ambiente apresenta uma atmosfera mais densa e impactante. O espaço escuro é tomado por imagens dramáticas de queimadas e desmatamento, complementadas por um vídeo que aprofunda a reflexão sobre as consequências da devastação. Este encerramento reforça a urgência de preservar a floresta e destaca a importância do compromisso coletivo para o futuro da Amazônia.
Entretanto, ao longo da exposição, os visitantes experimentam uma imersão nas múltiplas dimensões da Amazônia – sua exuberância, sua cultura, sua vulnerabilidade e sua luta pela sobrevivência.
“O que está acontecendo na Amazônia afeta o mundo inteiro. Minha missão é amplificar as vozes e paisagens que estão desaparecendo diante de nossos olhos”, ressalta o fotógrafo.
Agenda: Exposição “Amazônia, terra em transe”
Onde: Pinacoteca Benedicto Calixto
Avenida Bartholomeu de Gusmão, 15 – Santos – SP
Quando: 14 de março a 20 de abril de 2025
Horário: De terça a domingo, das 9h às 18h, com entrada gratuita
Mais informações: pinacotecadesantos.org.br
Acompanhe a programação no Instagram: @pinacotecabenedictocalixto
WhatsApp da Pinacoteca: (13) 9 9734-6364
Sobre o Artista:
Victor Moriyama, natural de São Paulo, é formado em Comunicação Social e iniciou sua carreira como fotógrafo na Folha de S.Paulo. Especializou-se em fotojornalismo investigativo e documenta questões socioambientais na América Latina, com foco na Amazônia. Atualmente, trabalha para o The New York Times e colabora com outras publicações de renome, como National Geographic, Le Monde e El País. Em 2022, foi premiado com o George Polk Award e foi finalista do Prêmio Pulitzer.