31 DE JANEIRO DE 2014
Caso Neymar: quem diz a verdade?
Quando algo não sai exatamente como planejado, os brasileiros possuem um termo adequado: a casa caiu. No caso do imbróglio envolvendo a transação do atacante Neymar, a proporção é de um castelo, esse construído por muito dinheiro e pouca transparência nos números divulgados. Esse castelo vem sendo construído desde 2011, mas somente em 2014 as […]
Quando algo não sai exatamente como planejado, os brasileiros possuem um termo adequado: a casa caiu. No caso do imbróglio envolvendo a transação do atacante Neymar, a proporção é de um castelo, esse construído por muito dinheiro e pouca transparência nos números divulgados.
Esse castelo vem sendo construído desde 2011, mas somente em 2014 as rachaduras e o acabamento dessa edificação passaram a ficar expostos. O que ninguém imaginava é que, após entrevista coletiva concedida pelo pai do atleta, também empresário pessoal, é de que havia um documento.
Nele, consta uma assinatura do próprio presidente do clube, Luís Álvaro, em 2011, autorizando a negociação do atleta para qualquer clube, com uma condição: Neymar só poderia sair após 2014 – o que aconteceu antes.
Hoje, é Odílio Rodrigues, antes vice-presidente, que ocupa o cargo. E foi preciso se defender. Disse que não teve acesso ao documento, tampouco aos detalhes do contrato.
O cerne do problema se encontra nos números da venda do craque e o contexto cronológico de toda a operação. O até então presidente do Barcelona, Sandro Rosell, sempre revelou que o craque havia custado exatos 57 milhões de euros. Porém, uma denúncia de um sócio do Barcelona derrubou os primeiros tijolos do castelo: o presidente do clube catalão teria pago 40 milhões de euros à empresa N&N Sports, pertencente ao pai de Neymar.
Isso significaria, portanto, que o valor total da venda do atleta seria de 86,2 milhões de euros (correspondendo a R$ 284,5 milhões). A justiça espanhola resolveu agir e apurar o caso. O pai de Neymar admitiu ter recebido a quantia em dinheiro. Mas afinal, quais os reais problemas éticos dessa história?
O fato do pai de Neymar ter recebido mais que o Santos FC e ambos (ele e Rosell) não terem declarado até então? A questão dele ter recebido o dinheiro dois anos antes da negociação final? Como fica o clube e a DIS, que também era detentora do passe do atleta? Enfim, quem diz a verdade? Essas são cenas de uma novela que já virou seriado, cujos capítulos prosseguem nesta semana.