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Foto: Divulgação/Governo de SP

Meio ambiente

07 DE JULHO DE 2025

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Analgésicos de uso comum ameaçam base da cadeia alimentar marinha

Efeito de Diclofenaco, Ibuprofeno e Paracetamol reduz a biodiversidade fitoplanctônica ao alterar a dinâmica da espécie

Por: Da Redação

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O chamado fitoplâncton, algas microscópicas base da cadeia alimentar aquática, encontram-se ameaçados pela presença de analgésicos na água, segundo um estudo do Instituto de Biociências (IB) da USP em parceria com a Universidade Ahmadu Bello, na Nigéria. A pesquisa, que investigou especificamente o efeito combinado de Diclofenaco, Ibuprofeno e Paracetamol na estrutura fitoplanctônica. Constatou uma diminuição na biodiversidade de comunidades que operam sob estresse induzido por drogas.

O artigo indica que esses medicamentos afetam a fisiologia e a dinâmica populacional do fitoplâncton, mesmo em níveis baixos de concentração. Pesquisadores também observaram chances de extinção local em espécies com menor capacidade adaptativa, como os Actinastrum – gênero de algas verdes de água doce.

Portanto, a descoberta traz preocupações quanto ao bem-estar da vida marinha, que depende desses organismos para transferência de nutrientes entre diferentes níveis tróficos (posição que um organismo ocupa em uma cadeia ou teia alimentar).

Aliás, os danos não param aí. Em entrevista ao Jornal da USP, Mathias Ahii Chia alerta que os resultados são relevantes para a vida na Terra. O professor associado do Departamento de Ecologia do IB é um dos autores do estudo e explica que o fitoplâncton é responsável pela produção de metade do oxigênio da Terra e por absorver carbono da atmosfera. Sem ele, a existência humana estaria ameaçada. “Sem esses organismos, não existe produção primária, não existem ecossistemas e não tem oxigênio suficiente para respirar”, expressa.

Como os analgésicos chegam na água?

Ao consumir um medicamento, nosso organismo utiliza parte do princípio ativo para efeito terapêutico e elimina o restante pela urina ou pelas fezes.A partir daí, se o domicílio estiver conectado à rede de esgoto, a estação de tratamento pode eliminar parcialmente os compostos não absorvidos. Caso contrário, há despejo no no meio ambiente.

Por isso, agrega-se o número de pessoas que utilizam diferentes analgésicos, o que implica no aumento do volume e variedade no ambiente. Aliás, atividades como agricultura, criação de animais e indústrias utilizam antibióticos, o que também contribui para a contaminação aquática.

Por esses motivos, Chia decidiu investigar os efeitos de diversos fármacos, em vez de analisar apenas um, como é feito com frequência em outras pesquisas. Só assim ele poderia entender as condições exatas a que o fitoplâncton está submetido. “A maioria dos trabalhos testam um medicamento por vez. Mas isso não é sempre correto, porque existe uma combinação deles no ambiente”. Esclarece o professor.

Ramatu Idris Sha’aba, pesquisadora da Universidade Ahmadu Bello e primeira autora do artigo, destaca que a escolha específica por Diclofenaco, Ibuprofeno e Paracetamol foi motivada pelo uso vasto desses produtos. Em entrevista ao Jornal da USP, ela explica que estes medicamentos persistem no ecossistema. Já que “são quimicamente estáveis, apresentam alta resistência à biodegradação e são frequentemente detectados em águas superficiais devido à remoção incompleta durante o tratamento [de esgoto]”, agravando a situação.

Ao final do estudo, os cientistas constataram o efeito negativo desses medicamentos no fitoplâncton. Que teve sua biodiversidade diminuída e estrutura alterada pelo estresse oxidativo .

Portanto, um desequilíbrio entre a produção de oxigênio e a capacidade antioxidante da célula, que danifica moléculas importantes.

 

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