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14 DE AGOSTO DE 2025

Educação e esperança

Adilson Luiz Gonçalves

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Estudei em escolas públicas até o Ensino Médio técnico, num tempo em que era preciso fazer exame de admissão ou “vestibulinho” para frequentar as melhores.

Várias delas rivalizavam com instituições particulares caríssimas.

Isso foi nas décadas de 1960 e 1970.

Eu e meus colegas tínhamos origens simples, valores, gostos e sonhos similares, além de uma sólida estrutura familiar, baseada em exemplos, exortação ao estudo, valorização do mérito e do trabalho e, eventualmente, algumas chineladas “pedagógicas”. Era um tempo em que a família educava e os professores ensinavam suas matérias.

A escola era efetivamente tratada como uma segunda casa, com direito aos alunos, no período de férias, ajudarem em sua manutenção, sob o olhar atento e proativo das associações de pais e mestres.

Os professores dominavam os currículos e eram respeitados. As bibliotecas eram frequentadas.

As avaliações eram rigorosas, mas permitiam exames de “segunda época” e “conselhos de classe”, ou seja, chances de recuperação eram dadas, cabendo aos alunos se esforçarem para tanto.

Afora as aulas presenciais, vários de nós acompanhavam o “Madureza Ginasial”, projeto pioneiro no ensino a distância pela TV.

Nele, as aulas de Português terminavam com músicas que resumiam as aulas, e as de História e demais entremeavam imagens, vídeos, temas musicais e textos bem elaborados, objetivos.

Graças a esse processo de ensino convencional e complementar, nos formamos alfabetizados, instruídos, instrumentados e motivados a buscar nosso futuro por mérito e esforço.

Hoje, todos os colegas que reencontro estão bem situados profissionalmente, em vários setores.

Há poucos anos, um deles convidou alguns de nós para contarmos nossas experiências profissionais e de vida aos alunos da mesma escola onde havíamos estudado, e que tanto havia contribuído para nossa evolução intelectual, profissional e social.

A reação de alguns não foi de motivação, mas de descrédito e falta de esperança no futuro.

Nos trataram quase como se viéssemos de uma realidade totalmente diferente da deles.

O vitimismo também fazia parte das manifestações.

Lecionei por 31 anos e pude perceber a progressiva deficiência de formação dos alunos ingressantes.

Vários deles mal sabiam escrever ou fazer operações matemáticas básicas.

No entanto, há quem considere que o modelo vigente é perfeito.

Talvez seja, dependendo da intencionalidade de quem assim crê.

Só que o desenvolvimento de um país não se faz sem educação de boa qualidade, num contexto que motive jovens a estudarem e se esforçarem para progredirem como pessoas e profissionais úteis para a sociedade!

 

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro e pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras

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