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Opiniões

02 DE OUTUBRO DE 2025

Tecnologia que cuida: conexões que salvam vidas

Alessandro Cardoso Lopes

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Se você tem entre 40 e 50 anos, sabe bem o que significa estar no meio de diferentes gerações.

Cuidar dos pais que chegaram aos 70 ou 80, acompanhar filhos que buscam o próprio caminho e, às vezes, acolher netos que ainda precisam de colo.

É como ser ponte entre histórias, memórias e futuros, uma travessia que pede afeto e criatividade.

Nesse caminho, a tecnologia pode ser uma aliada discreta.

Não precisa ser cara nem complicada. Pense em um fogão que desliga sozinho quando a chama é esquecida.

Uma luz de corredor que acende ao detectar movimento, evitando tropeços no escuro.

Uma fechadura simples que avisa no celular que a porta foi trancada e dá tranquilidade a quem está distante.

Ou ainda um botão de emergência, tão pequeno quanto um chaveiro, que conecta a pessoa a vizinhos ou serviços de saúde em segundos.

São gestos tecnológicos que cabem em qualquer casa, transformando o cotidiano em espaço mais seguro.

Esses recursos não substituem a presença, mas a complementam.

Garantem autonomia para os mais velhos e serenidade para quem os acompanha.

Tornam possível continuar vivendo em casa, no bairro de sempre, cercado das lembranças que dão sentido à vida.

A tecnologia, quando bem pensada, não afasta: aproxima.

Mas é preciso lembrar que aparelhos sozinhos não bastam.

O que realmente salva é a rede que eles ajudam a tecer.

Uma luz acesa ou um alerta enviado só têm valor se houver quem responda: um vizinho solidário, uma farmácia de confiança, um posto de saúde que acolhe, um serviço público preparado.

A força está na conexão entre pessoas, que transforma sinais em cuidado real.

Aqui surge a escolha que precisamos fazer como sociedade.

Queremos tecnologias que criem muros ou que ampliem pontes?

Soluções restritas a poucos ou recursos acessíveis a todos?

Uma cidade inteligente não é a que ostenta novidades, mas a que usa cada inovação para garantir dignidade a quem envelhece.

Nós, que hoje cuidamos, sabemos que amanhã também precisaremos ser cuidados.

E o que desejaremos não será luxo, mas o simples essencial: autonomia, dignidade e a paz de saber que não estamos sozinhos.

Longevidade não significa apenas viver mais tempo, mas viver melhor cada tempo.

Um sensor não substitui um abraço, mas pode garantir que ele aconteça na hora certa.

Uma luz que acende no escuro não cura a solidão, mas pode evitar a queda que muda uma vida inteira.

Cuidar, no fim, é conectar. Conectar casas, serviços, vizinhos, gerações.

É transformar tecnologia em ternura.

Se começarmos a tecer essa rede agora, quando chegar a nossa vez de envelhecer, ela estará pronta para nos receber com o que mais importa: a confiança de que viver mais será também viver melhor.

 

Alessandro Cardoso Lopes é arquiteto, mestre em Direito Ambiental e especialista em BIM. Pesquisador em Cidades Criativas e Inteligentes

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