O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) apresenta, nesta segunda (5), o resultado inédito de duas pesquisas sobre a exposição de mulheres, em especial dos ramos agrícola e industrial, a fatores cancerígenos no local de trabalho.
Hoje, 80% dos casos de câncer são relacionados a fatores ambientais, incluindo o ambiente ocupacional. As concentrações de substâncias cancerígenas, em geral, são maiores nos locais de trabalho que nos demais. No Brasil, estima-se que 2,2% dos casos de câncer femininos sejam atribuídos à exposição no ambiente de trabalho.
Estimam-se, para 2014, sem considerar os casos de câncer de pele não-melanoma, 395 mil casos novos de câncer, sendo 204 mil para o sexo masculino e 190 mil para sexo feminino. Se 2,2% dos casos são atribuíveis à exposição ocupacional, serão, aproximadamente, 4.040 casos de câncer em 2014 derivados de situações ocupacionais (excluindo-se os infantis).
Uma questão significativa para esse quadro foi a atuação das mulheres em postos de trabalho antes ocupados, majoritariamente, por homens. Outras situações de risco incluem mulheres que trabalham como mecânicas, na indústria e na construção civil (pedreiras, ajudantes).
Profissões
Na pesquisa sobre agricultura, serão revelados dados sobre as condições de vida, saúde e trabalho da população rural do sul do País, incluindo questões como tabagismo, álcool, exposição solar, uso de agrotóxicos e intoxicação pelo contato com as folhas verdes do tabaco em mulheres.
Já no estudo sobre a atuação feminina em postos de gasolina também serão apresentadas as condições de trabalho de frentistas, que sofrem exposição a cancerígenos químicos por causa da atividade.
Conforme os resultados, os principais agentes cancerígenos, nesses casos, estão relacionados a resíduos e substâncias químicas industriais, à exposição à radiação e a fluídos sintéticos industriais, ao contato com agrotóxicos nas lavouras e a substâncias contidas em produtos como tintas de cabelos e outros produtos químicos.
Estimativa
No final de novembro de 2013, o mesmo instituto divulgou uma pesquisa de que, ao todo, estão relacionados 19 tipos de câncer mais incidentes, sendo 14 na população masculina e 17 na feminina.
Divulgada a cada dois anos, a estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão pública na área da oncologia, orientando a execução de ações de prevenção, detecção precoce e oferta de tratamento. Excetuando-se pele não melanoma, a ocorrência é de 394.450 novos casos, sendo 52% em homens e 48% entre as mulheres.
Regionalmente para os indícios femininos, o câncer de mama,por exemplo, é o que possui maior incidência no Sudeste (71 casos para 100 mil), empatando com as estatísticas do Sul neste mesmo tipo de câncer. A idade é o principal fator de risco e o número de casos aumenta de forma acelerada após os 50 anos.
O número de casos novos para cada tipo de câncer foi calculado com base nas taxas de mortalidade dos estados e capitais brasileiras (Sistema de Informação Sobre Mortalidade – SIM). As taxas de incidência foram obtidas nas 23 cidades onde existem Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma projeção de 27 milhões de novos casos de câncer para o ano de 2030 em todo o mundo e 17 milhões de mortes pela doença. Os países em desenvolvimento serão os mais afetados, entre eles o Brasil.
Válidas também para o ano de 2015, as estimativas não podem ser comparadas com anos anteriores, pois não têm como referência a mesma metodologia nem as mesmas bases de dados, tendo em vista que ocorreram melhorias tanto na quantidade, quanto na qualidade das séries históricas de incidência e mortalidade.