Bordões como “este jogo é teste para cardíaco…”ou“haja coração…” estão sempre presentes em partidas de futebol emocionantes. E agora, em plena Copa do Mundo, essas frases têm mais chance de aparecer nas transmissões esportivas.
Sem dúvida, o futebol mexe com as emoções de muitas pessoas, o que reflete diretamente no organismo, sobretudo no coração. Em situação de estresse é comum a pressão arterial ficar elevada, a frequência cardíaca aumentar e hormônios como a adrenalina serem lançados na corrente sanguínea. Mas em indivíduos hipertensos que possuam doenças cardiovasculares essas manifestações se exacerbam e podem levar ao infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
O cardiologista William da Costa explica que apesar de existir a possibilidade de um evento dessa natureza acontecer com qualquer um, as pessoas inseridas no ‘grupo de risco’ (ver quadro) têm mais propensão às doenças vasculares, portanto são mais suscetíveis aos efeitos da condição estresse.
Somando o pico da pressão arterial que acontece por conta de estímulos gerados pelas emoções com um nível de hipertensão (de indivíduos que já possuem pressão alta regular), o cenário para doenças cardiovasculares fica cada vez mais provável.
Sintomas do infarto
O infarto no miocárdio, popularmente conhecido como ataque no coração, se dá por uma obstrução aguda e súbita dos vasos e artérias coronárias (órgãos que carregam o sangue para todas as partes do corpo). A interrupção desse fornecimento limita a circulação de oxigênio no coração que consequentemente fica sem energia e entra em desequilíbrio.
“ Os sintomas variam de acordo com a dimensão da área atingida, podem ser discretos se for em um ramo (ver quadro), mas pode levar à morte se o entupimento for na origem da coronária. Em uma árvore se você quebrar um galho não tem tanto problema, agora se o tronco for cortado, aí ela cai”, esclarece.
A principal manifestação de um ataque no coração é uma dor opressiva, às vezes com sensação de estrangulamento na região torácica, podendo irradiar-se para o braço direito ou esquerdo, pescoço e costas.
No entanto, o cardiologista ressalta é que extremamente comum um infarto acontecer sem sintoma algum, principalmente em idosos e diabéticos. “Também há o problema de pessoas que acabam confundindo as dores. As de mais idade tendem a achar que o sofrimento vêm de problemas de coluna e reumatológicos, quando na verdade trata-se de um ataque no coração”.
Infarto precoce
Existe uma discussão sobre a questão de que infarto em pessoas mais jovens tem mais chance de levar à morte. O especialista fala que, de fato, há fundamento nessa afirmação porque nessa faixa etária a rede colateral de artérias ainda não foi desenvolvida. “Conforme vamos ficando mais velhos, o organismo envia cada vez mais estímulos para suprir algumas necessidades que não estão sendo cumpridas normalmente. Se uma das artérias coronárias está doente, a outra começa a abrir mais vasos ramificados para compensar as deficiências, diminuindo o impacto do infarto até certo ponto”.
William esclarece que indivíduos acima dos 40 anos continuam sendo os que têm mais chance de sofrer um ataque do coração. Isso não impede, porém, às pessoas que são mais jovens, mas que se inserem nos fatores de risco (hereditariedade, tabagismo, hipertensão) a terem complicações cardiovasculares.