A confirmação, pelo IBGE, da contínua redução das taxas de produção industrial brasileira, com quedas acentuadas em 12 dos 15 estados pesquisados – na comparação com resultados apurados no ano passado -, revela a fragilidade do setor diante das variáveis econômicas enfretadas pelo País, da mesma forma em que suscita questionamentos sobre as políticas de desenvolvimento definidas para o futuro nacional. É possível perceber que os efeitos maléficos desse recuo já começam a ser sentidos em vários segmentos comerciais e ameaçam arrefecer o ritmo de crescimento da economia interna para os próximos anos, contrariando assim as previsões – e pretensões – de expansão da produção nacional de bens e serviços.
Apesar dos avanços conseguidos pelo Brasil em direção a ampliação e fortalecimento do mercado interno, o setor produtivo nacional, especialmente o de manufaturados, ainda está suscetível às intempéries externas. Exemplo disso é a sensível retração de vendas de veículos ocorrida este ano, acentuada pela diminuição das exportações para a Argentina, que enfrenta grave crise financeira. Uma clara demonstração de que se, por um lado, a inserção nos comércios globalizados podem trazer dividendos expressivos, por outro ela expõe ao risco de suscetibilidade as dificuldades originadas de fora para dentro, como a que ocorre neste momento.
É certo também considerar que os resultados negativos da indústria nacional, que resultam em grande repercussão na mídia, acentuam a desconfiança sobre a real capacidade brasileira de participar do seleto grupo de nações detentoras de elevados níveis de produtividade e eficiente desempenho tecnológico, fatores essenciais para garantir fatias generosas do comércio mundial a partir da oferta de produtos de qualidade a valores competitivos.
Nesse sentido, mais do que nunca, revela-se urgente a necessidade de implementação de diretrizes claras e duradouras para o setor industrial, a fim de direcionar investimentos de médio e longo prazos para elevação da competitividade dos produtos made in brazil. Igualmente relevante o empenho de todos os segmentos interessados nas iniciativas voltadas à melhoria da qualificação da mão de obra nacional, com o aprimoramento das políticas educacionais dirigidas à pesquisa de novas tecnologias e profissionalização.
Da mesma forma, o momento torna-se propício para a retomada das discussões visando a realização de ampla reforma do sistema tributário nacional, que há muito é reclamada pelos setores produtivos. Sobrecarregados por elevados impostos, por um modelo trabalhista arcaico e pela burocracia fiscal, as empresas que atuam em território brasileiro têm reduzidas as chances de crescimento e de concorrência nos mercados externos, diminuindo assim as possibilidades de assegurar e ampliar vagas no mercado de trabalho.
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