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Opiniões

15 DE FEVEREIRO DE 2015

Mobilizar contra o crime

Por: Humberto Challoub

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A repetição sistemática de episódios protagonizados pela violência urbana, uma rotina cotidiana que afeta a maior parte das cidades brasileiras, tem demonstrado, de forma inequívoca e cruel, a incapacidade das autoridades públicas em contrapor o atual domínio exercido pela criminalidade, que cada vez mais tem ampliado o domínio em comunidades pobres nas periferias de centros urbanos. Favorecidos por décadas de negligência dos poderes constituídos, os criminosos, especialmente os que atuam no tráfico de drogas, encontraram nas favelas campo fértil para prosperar e criar métodos sofisticados de enfrentamento às incursões policiais. Utilizando armamentos com tecnologia militar de última geração, contrabandeados com facilidade de vários países fornecedores, o crime organizado desenvolveu estratégias comparadas às praticadas nas praças de guerra, vitimando inocentes e condenando às famílias ao cotidiano de medo e submissão.

As causas para a expansão da criminalidade já são por demais conhecidas. O crescimento do consumo de drogas, financiado pelos segmentos sociais abastados; a ausência de políticas sociais para atender as demandas das populações menos favorecidas; o despreraro das forças policiais, depreciadas pela corrupção; a observância de legislações penais ultrapassadas; e a degeneração do sistema carcerário são apenas algumas das variáveis que tornaram o problema da violência urbana complexo e de difícil solução em curto e médio prazos.

Dessa forma, não é possível mais aceitar que uma questão de tamanha relevância seja tratada apenas em âmbito local, especialmente agora em que o País tornara-se mais evidente aos olhos do mundo por estar na iminência de abrigar os Jogos Olímpicos de 2016. Nesse sentido, faz-se necessário o implemento de uma política nacional de combate às quadrilhas, uma vez que os muitos equívocos cometidos no passado atestam a incompetência das gestões estaduais e municipais no enfrentamento da violência, visto que até agora as medidas adotadas revelaram-se paliativas e de pouco efeito coercitivo.

A sociedade brasileira mais do que nunca quer a paz, a recuperação dos valores morais e de convívio harmonioso, traço cultural que sempre identificou e notabilizou o Brasil entre o conjunto das nações. Por isso, é necessário que o Governo Federal exerça a liderança na execução de um plano prioritário de mobilização, a partir da integração dos diversos segmentos envolvidos na questão, de forma a produzir políticas eficazes e perenes de combate à criminalidade. Mais do que assegurar a paz às comunidades, coibir a expansão do crime representa a imposição do desejo de se preservar o estado de direito e a garantia de liberdade e cidadania às atuais e futuras gerações.

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